31.3.13

ups! (boa páscoa)


Pensei escrever "Boa Páscoa" com amêndoas de chocolate. A minha ideia era fotografar essa frase e colocar a imagem no blogue. Contudo, só sobrou esta amêndoa de chocolate. Insuficiente para aquilo que pretendia mas suficiente para vos deixar os meus votos de uma Páscoa Feliz junto das vossas famílias.

30.3.13

tu irritas-me

Esta altura do ano dá cabo de mim. Ontem, estava um dia feio de inverno com chuva e temperaturas pouco simpáticas. Hoje está um belo dia de primavera a roçar o verão em que só me apetece ir para a praia.

Estas oscilações de tempo fazem sempre com que fique constipado, ranhoso e sem vontade de fazer nada, o estado em que me encontro agora. Mas, desta vez não posso ceder aos prazeres do sofá pois estou a meio de uma luta com tampos de sanita e ainda há muito para fazer.

Espero que o calor e Sol tenham vindo para ficar. Acho que agradecemos todos, sobretudo a minha mobília.

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29.3.13

solução para quem abusa dos doces na páscoa

Nesta Páscoa podem abusar dos doces. Amêndoas tradicionais. De chocolate ou torradas. Ovos pequenos, médios, grandes ou gigantes de chocolate. Coelhos de chocolate. Outros chocolates. Ou mesmo outros doces. Vale tudo. Comam com prazer pois tenho a solução para o excesso de calorias nesta época.

Até domingo comem tudo. A partir de segunda encontram-se comigo. E ajudam-me a carregar caixas, mobílias e até participam na luta com os tampos de sanita. Aposto que esquecem logo os doces que comeram.

Aproveito para desejar uma feliz e doce Páscoa para vocês e para as vossas famílias e amigos.

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28.3.13

luta com tampos de sanita


Aqui falei-vos do admirável mundo dos tampos de sanita. Da aparente, mas apenas aparente simplicidade em adquirir um qualquer modelo deste artigo. E quando pensava que as coisas ficavam resolvidas após a escolha... deparei-me com uma nova aventura. A montagem do respectivo. Algo igualmente aparentemente simples.

Primeiro obstáculo. Abrir a embalagem e deparar-me com dois conjuntos de cinco peças. Até aí tudo bem. Não fosse o facto de, no desenho das instruções de montagem constarem dois conjuntos de quatro peças. Ou seja, passei a ter duas peças fantasma cuja utilização é um mistério por desvendar. Mesmo com peças a mais, decidi tentar montar o tampo de sanita.

Coloco o objecto no lugar. Sigo as instruções e começo a enroscar as peças. Segundo obstáculo. As peças enroscam até ao infinito sem prender o tampo à sanita. Dediquei largos minutos a analisar as peças. Olhei novamente para o esquema de montagem. Reparei que estava a fazer tudo bem. Como não funcionava, não tive outra opção senão voltar à loja onde comprei o artigo.

Vou ter com um empregado. Explico a situação. Digo que tenho peças a mais e que aquilo não funciona. Entrego as mesmas ao funcionário que teve aquela reacção que normalmente têm. Ou seja, olhou para mim como se a culpa fosse minha. Como se eu não soubesse montar aquilo. Quando percebeu que havia ali qualquer coisa errada disse apenas isto: “Está aqui uma coisa bonita.”

Fomos os dois ter com outro empregado. Que percebia do assunto. Lá me explicou que aquelas peças são feitas a pensar em sanitários com buracos muito largos onde a peça (que enroscava como se não houvesse amanhã) encaixa e aperta à medida que enrosca. Nessa altura, pensei: “era porreiro que o artigo tivesse essa explicação na caixa.” Solução: comprar um saco de roscas de outro material.

Lição desta etapa da mudança de casa: nunca mais subestimar o valor de um tampo de sanita.

não saber ouvir e medo de opinar


Por norma, gosto de ter uma segunda opinião sobre algo que vou fazer. Não é um sinal de insegurança mas considero importante ouvir o ponto de vista de alguém distante da posição em que me encontro. Poderá não mudar aquilo que vou fazer mas gosto de ouvir diferentes perspectivas. Porém, quando quero um ponto de vista sobre algo que me pode estar a escapar recorro sempre às mesmas pessoas. Ou seja, aquelas que vão ser sinceras comigo. As que me dizem que estou ridículo com um determinado penteado. As que me dizem que estou prestes a fazer um mau investimento financeiro ou ainda que estou a ser burro por vender ou dar algo que me faz falta.

Mas a verdade é que existem poucas pessoas a quem posso perguntar este tipo de coisas. Infelizmente, muita gente pensa que não é amiga se discordar de algo. Acham que ser amigo é elogiar tudo. É dizer que o penteado está fantástico quando não está. É dizer que a roupa foi feita a pensar em nós quando na realidade parece que vestimos um saco de batatas. Existe um receio de opinar. Mas a verdade é que a sinceridade nunca fez mal a ninguém. Seja numa relação de amizade. Numa relação a dois ou mesmo numa profissão.

Infelizmente, as pessoas preferem elogiar pela frente e dizer cobras e lagartos pelas costas. Admito que talvez seja o caminho mais fácil. É viver numa recta sem qualquer emoção. Mas isso não é para mim. Prefiro levar com o mau humor de um amigo durante uns dias porque fui sincero e disse que errou do que mentir só para ele sorrir e dizer-me “obrigado, era mesmo isso que queria ouvir.” Prefiro que digam que sou um cabrão do que fazer parte da família dos sorrisos falsos e elogios envenenados. É verdade que ao ser assim deixo de viver na recta da aparente harmonia. Mas, isso seria uma grande seca. É verdade que deixo de ter menos pessoas próximas de mim. Mas ficam aquelas que realmente importam.

E mal de mim se me chatear com alguém que disse que estou mal vestido ou que pareço sei lá o quê com o penteado xpto. Porque, se opinar é bom, saber ouvir também é. Ter o discernimento para perceber aquilo que nos dizem. A mensagem que nos tentam transmitir. Depois, cabe a cada um de nós perceber o que é uma crítica recheada de inveja que tem como único objectivo denegrir algo e aquela que é dita para fazer de nós uma pessoa melhor. Saber falar e saber ouvir é um dos maiores sinais de inteligência que podemos dar a alguém.

ninguém sabe usar perfume


No texto anterior questionei a forma como usam perfume. Houve respostas para todos os gostos. E li aquilo que esperava ler. Afinal, as pessoas que conheço recorrem às vossas técnicas para se perfumarem. Quanto a mim, borrifo o pescoço e parte do tronco antes de me vestir. Porém, parece que estou errado...

Aliás, estamos todos errados. Ninguém sabe usar perfume. De acordo com Halle Berry, que tem investido nesta área, a forma correcta de aplicar o perfume é entre as coxas. (Sim, eu também reagi dessa forma). Ao aplicar o perfume nas coxas, o calor corporal vai fazer com que o aroma suba ao longo do corpo durante o dia.

Confesso que nunca me perfumei desta forma. Nem sei se o irei fazer ou se prefiro continuar a perfumar-me como sempre fiz. Mas confesso que fiquei curioso. Será que resulta?  

onde é que o metem?

Quero saber como é que vocês usam o perfume. Quero que me digam se o borrifam no pescoço, no rosto ou na roupa. Ou será que o metem no pulso e depois esfregam no pescoço? Ou será que o usam de outra forma qualquer? Contem tudo!

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27.3.13

verdade ou mito #9


Há quem defenda que numa relação que dura há vários anos o sexo deixa de ser importante, passando a ser um factor secundário. Há até quem ache normal que o desejo seja menos intenso com o avançar da idade, tal como o sexo deixar de ser importante a partir de uma certa idade. Isto será verdade? Ou será um mito pois na realidade o sexo é sempre fundamental numa relação, independentemente da duração da mesma e da idade do casal?

ser vaidosa. qualidade, defeito ou obrigação?


Valorizo muito mais o conteúdo do que o embrulho de uma pessoa. Mas isto não significa que uma pessoa deva desleixar-se em relação à sua aparência apenas porque considera ter um conteúdo brilhante. Tal como isto não significa que deva existir uma escravidão em relação à imagem que passamos de nós mesmos. Posto isto, para mim, uma pessoa ser vaidosa não é uma qualidade. Nem um defeito. É somente uma obrigação que deve fazer parte das nossas vidas sem que a sua presença seja notada.

Existe uma linha muito ténue que separa aqueles que são vaidosos daqueles que são presunçosos. E muitas pessoas associam o ser vaidoso aquelas pessoas que se pavoneiam por onde andam como se fossem quem melhor se veste ou a pessoa mais desejada do mundo. Sou contra quem faz isso. Mas sou a favor de quem se cuida. E isto aplica-se também aos homens. Não é exclusivo do sexo feminino.

Acho que todos nos devemos preocupar com o penteado. Com a roupa que escolhemos. Com aquilo que calçamos. Com os cremes para o rosto e corpo. Com o nosso corpo. E também com os gestos que nos caracterizam. E, para fazer isto não é preciso seguir tendências. Não é necessário usar aquilo que nos tentam impingir. É possível fazer tudo isto mantendo um estilo próprio. Tal como não é preciso ser obcecado com a imagem ou gastar milhares de euros para estar bem.

Ter a preocupação de ir a uma entrevista de emprego com uma camisola que não cheire a Feira Popular (que cheire a fritos ou comida) ou ter o cuidado de ir com a barba arranjada (dentro do estilo que se usa) será ser presunçoso? Uma mulher que passe horas no cabeleireiro, esteticista e manicure antes de uma entrevista de emprego será presunçosa? Acho que não.

E estes exemplos que referi será que podem ser vistos como pessoas obcecadas com a imagem? Também acho que não. Será então que são indivíduos que valorizam mais o embrulho do que o conteúdo? Defendo que não. Para mim, são vaidosos conscientes da realidade e da importância de não ser desleixado com aquilo que é o nosso cartão de visita perante a sociedade onde estamos inseridos.

apenas vergonha #5


Aqueles momentos que me embaraçam e que criam em mim a vontade de me esconder não são apenas provenientes de trocas de mensagens de telemóvel ou de conversas através de emails. No meu local de trabalho também já vivi alguns momentos caricatos. Este é o mais recente e aconteceu depois de alguns minutos em que estive ocupado com o telefone da minha secretária.

“Oi, tudo bem? Há um problema com o meu telefone. Não consigo desbloquear o telefone e fazer chamadas”, relatei à pessoa responsável por esta área.

“Estás a marcar bem o código de desbloqueio?”, perguntou-me.

“Sim. E não funciona”, disse, seguro de mim.

“Ok! Desliga o telefone e retira-lhe o cabo para ele reiniciar. Depois diz-me se funciona. Isso costuma resolver o problema”, explicou-me.

Fiz aquilo que tinha de fazer. E quando experimentei o telefone deparei-me com o mesmo problema. Voltei a ligar à pessoa.

“Fiz tudo o que disseste e ainda não dá”, voltei a lamentar.

“Vou procurar um telefone novo para ti”, disse-me.

No dia seguinte aparece a pessoa com o referido (e desejado por mim) telefone novo. Trocou pelo que tinha e disse para experimentar.

“Estranho! Este também não dá”, referi com espanto.

“Não? Desbloqueia lá o telefone”, disse-me.

Foi o que fiz, mesmo em frente à pessoa.

“Vês? Não dá sinal”

“Não estás a esquecer-te dos dígitos iniciais antes desse código”

“Ups! Estou...”

Passei dois dias a pedir um telefone a uma pessoa garantindo à mesma que o meu não funcionava. Na realidade, estava tudo bem. Apenas estava esquecido de alguns dígitos de desbloqueio do mesmo. Fartei-me de pedir desculpas à pessoa. O que vale é que se trata de alguém simpático que provavelmente não me chamou nomes quando abandonou a sala.

E é isto. Apenas vergonha.

o famoso cruzar de pernas


Centrem o vosso olhar nesta fotografia durante alguns segundos. Depois, digam-me tudo aquilo que vos vem à cabeça. Em primeiro lugar, o nome da pessoa. Também podem falar sobre a situação. Sobre aquilo que acham que representa para as mulheres. E tudo mais que queiram acrescentar.


palavra do dia


Ontem, a Pippa Coco dedicou-me algumas palavras no seu blogue. Fez aquilo que considera ser uma leitura sobre mim. Considerei um gesto bastante simpático que agradeci. Na sua descrição, a Pippa brincou com uma situação específica que me fez rir muito. “Consegue falar sobre tudo. E quando digo tudo, quero dizer que já pensei se ele não pegará no Dicionário, todos os dias, atirará o dedo à sorte para uma palavra e se não escreverá quatro parágrafos sobre essa palavra”, escreveu.

Esta brincadeira acabou por se transformar num desafio. Ontem, e de acordo com o priberam, a palavra do dia era almarear. E o desafio era escrever um texto à volta desta palavra. Primeiro, confesso que é uma palavra que não costumo usar. Nem sei se já a teria ouvido. Porém, tem algo bom. Tem uma ligação ao Algarve, zona de onde parte da minha família tem origem. Parte de mim é de Loulé. E por lá, almarear é enjoar.

Como tal, posso dizer que não gosto de almareados. Aquelas pessoas que passam a vida com cara de almareado. Nunca mostram o sorriso a ninguém. Vivem a bordo de uma embarcação que enfrenta ondas gigantes, o que faz com que a sua vida seja um enjoo contínuo. Prefiro o oposto. Pessoas de sorriso fácil, mas sincero.

Mas tenho de fazer um mea culpa. Pois também tenho momentos em que sou almareado. E isso acontece quando lido com pessoas falsas que vendem banha da cobra. Que se vendem como exemplos perfeitos de algo. Essas pessoas não merecem nada mais do que o meu almarear.

Por fim, desafio que se preze tem de ser partilhado. Por isso, quero saber o que vos faz almarear? E, se quiserem, escolham palavras fora do comum que gostassem de ver transformadas num texto.

26.3.13

masturbação


Se há tema onde não devem existir tabus é no sexo. Porém, em pleno século XXI as conversas sobre esse tema cujo nome não deve ser pronunciado continuam a ser tidas numa espécie de becos escuros frequentados por marginais. Ou então são tidas por tarados. Dizer pila, vagina (ou outros termos mais populares e menos educados aos olhos de algumas pessoas) faz corar automaticamente que ouve estas palavras. Perguntar a alguém, cara a cara, a sua posição sexual preferida ou se essa pessoa se masturba é visto como coisa do demo. E quem ouve a pergunta foge a correr como se estivesse a afastar-de de uma iminente e devastadora explosão.

Dentro do tema sexo, a masturbação é uma espécie de sala onde ninguém entra ousar. “Masturbação? O que é isso?” Além disso, todas as pessoas juram a pés juntos que nunca se masturbaram. Ou então, a maior parte das mulheres opta por dizer que é algo que os homens fazem para se satisfazerem sexualmente quando não têm companheira. E que é algo que uma senhora não faz. Só se for uma rameira é que se pode masturbar, defende muita gente. Parecem exemplos de 1923 mas é a realidade dos nossos dias.

Além disso, existem pessoas que abominam aqueles que se masturbam. Sobretudo quando se tratam de pessoas comprometidas. Que defendem ser uma falta de respeito perante a(o) companheira(o). Do meu ponto de vista, falar de masturbação deveria ser tão natural como abordar o primeiro beijo. Como recordar a primeira noite de sexo ou aquela vez em que a loucura e desejo acabou no banco de trás do carro num qualquer parque de estacionamento pouco movimentado. Porque afinal, é quase tudo sexo. Muitos podem pensar que não. Mas é!

Não sou formado em sexo mas não vejo a masturbação como algo demoníaco. Não acho que um homem/mulher que viva um relacionamento sexual bastante activo falte ao respeito à/ao companheira/companheiro quando se masturba. Como não acho que isso signifique que não deseja a(o) parceira(o). Não acho que um homem/mulher deva procurar ajuda clínica porque gosta de se masturbar. Tal como não acho que a masturbação seja uma traição a alguém. Quem conhece melhor o seu corpo? Quem sabe aquilo que lhe dá mais prazer? A própria pessoa. Nenhum homem conhecerá melhor o corpo de uma mulher e vice-versa. Viver esse prazer sozinho deverá ser mal encarado pelas pessoas porquê?

Enquanto este e outros temas forem vistos como um tabu que não deve ser quebrado vão continuar a existir pessoas que vivem rodeadas de dúvidas absurdas sobre sexo. E o pior não vão ser as dúvidas mas o medo de questionar alguém e revelar aquilo que pensa. Pois isto fará com que se viva a pensar que os cegos podem passar a cegueira através das relações sexuais ou que quando um homem ejacula numa piscina as mulheres que estiverem por perto podem ficar grávidas. Não estou a brincar. Ainda existem pessoas que acreditam no que acabei de escrever.  

quem sai aos seus


Sempre ouvi dizer que sou igual ao meu pai. Quem conhece os meus pais diz que sou a cara chapada do meu pai. Quem me conhece, e mais tarde conhece a minha família acaba por destacar isso mesmo. Quem vê fotos antigas do meu pai, diz que somos iguais. Por exemplo, a minha sobrinha consegue dizer que vê o tio em fotos antigas do avô. Mas, as nossas semelhanças não se ficam pelo aspecto físico.

Quem lida de perto comigo e com o meu pai, diz que somos iguais em tudo. Por exemplo, sempre estudei de véspera para os testes escolares. Algo que o meu pai sempre fez. Adoro trabalhos manuais. O meu pai também, apesar de ter muito mais talento do que eu para as coisas que nos propomos fazer. Mas há mais... Eu acho que o meu pai é teimoso. As pessoas acham que sou teimoso como o meu pai. Antes de ir almoçar passo sempre pela casa de banho, algo que sempre vi o meu pai fazer ao longo da vida.

Num dia destes estava em casa dos meus pais à conversa com o meu pai. Estava encostado à parede. E dei por mim a fazer algo que faço com frequência. Cruzei a perna e meti uma mão no bolso. Quando olho para o meu pai, estava de perna cruzada e com uma mão no bolso. Acho que é caso para dizer quem sai aos seus não degenera. Quando me dizem que sou igual ao meu pai, fico inchado de tanto orgulho. Nada melhor do que sermos comparados às pessoas que mais admiramos no mundo.

prefiro andar molhado


Pode estar a cair a maior chuvada da história que saio de casa sem chapéu de chuva. Posso ter que correr um quilómetro debaixo da chuva para chegar ao carro que não uso chapéu. Prefiro andar molhado. Quase que posso dizer que sou alérgico a chapéus de chuva. Mas esta minha embirração tem uma razão de ser.

Quando era mais novo andava sempre com chapéu. Era bem mandado e se a minha mãe dizia para levar chapéu porque estava a chover, eu levava. Até um dia... Da casa dos meus pais à escola secundária que frequentei é cerca de um quilómetro, sempre a subir. Percurso que fazia quase sempre a pé. Num dia de chuva e vento, lá fui eu com o meu chapéu preto. Metade do percurso foi marcado pela luta para manter o respectivo aberto ao mesmo tempo que me protegia da chuva. Missão deveras complicada.

Até que, o chapéu partiu-se ao meio. Fiz a outra metade do percurso à chuva com o objecto inutilizado na mão. Cheguei à escola ensopado e com o chapéu partido. Desde então dispenso o uso de chapéu de chuva. Prefiro ficar um pouco (ou muito) molhado em vez de carregar um objecto que, na maior parte dos casos, impede apenas que molhe a cabeça.

Esta minha decisão também está relacionada com o facto de adorar chuva (excepto quando conduzo). Foram muitos anos a jogar à chuva e isso faz com que mantenha uma relação especial com ela. E quem já esteve de manga curta e calções com temperaturas perto dos zero graus a jogar debaixo de água sem ter a possibilidade de mudar de roupa ao intervalo sabe o que quero dizer. 

é preciso vocação e jeito

Há quem escolha um curso tendo por base a saída profissional do mesmo. Há quem apoie a sua escolha na preferência dos pais. E há ainda quem opte pelo mesmo curso dos amigos ou quem tente alcançar um sonho antigo.

Não critico os diferentes tipos de escolha. Cada qual sabe de si. Mas, do meu ponto de vista, a opção deve ter por base unicamente a vocação e o jeito da pessoa para uma área específica. É certo que pode existir receio por se tratar de um mercado profissional saturado. Mas, há alguma área que não esteja saturada neste momento?

Enquanto as escolhas continuarem a ter por base outros factores que não a vocação e o jeito vão continuar a existir veterinários que odeiam animais. Pediatras que não têm paciência para crianças. Médicos que detestam pessoas doentes e professores que desconhecem o significado de pedagogia. E estes são apenas alguns exemplos.

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25.3.13

aparentemente simples. mas só aparentemente


Almocei à pressa para me dedicar às compras para o apartamento novo. A tarefa era comprar dois tampos de sanita e algumas lâmpadas em menos de uma hora. Algo aparentemente simples. Mas é mesmo só aparentemente. Pois comprar um tampo de sanita é tão complexo como comprar um fato para um evento xpto. A pessoa entra na loja. Dirige-se aos acessórios de water closet e depara-se com um corredor parcialmente dominado por tampos de sanita...

Existem os quadrados. Os ovais. E aqueles mais ou menos ovais do que os outros. Depois existem os brancos. Os pretos. Os amarelados. Os estampados. E aqueles que parecem aquários com peixinhos lá dentro. Como se isto não bastasse, alguns são feitos de plástico. Outros são feitos de mdf e forrados com uma folha não sei do quê. Depois existem aqueles que precisam de auxílio para fazer aquilo que as mulheres acusam os homens de não fazer. Ou seja, para baixar e voltar ao lugar de origem. E existem aqueles que são largados e que, sozinhos, vão ao lugar com suavidade.

A isto juntam-se as medidas. Da tampa. Do assento. Da largura do buraco. Da distância entre parafusos e mais não sei o quê. E assim, como quem não quer a coisa, a pessoa olha para o relógio e já passaram quase (ou mais de) trinta minutos e ainda está a analisar tampos de sanita. Nessa altura, surge uma dúvida: o que é feito da simplicidade?

Questão à qual respondo sozinho num monólogo protagonizado ao lado dos tampos de sanita. Digo que deviam ser distinguidos entre quadrados e ovais, com medidas universais para cada um dos modelos. E mais nada! Depois, lembro-me de que se assim fosse, começava a refilar, afirmando que não existia grande diversidade na escolha. Bem-vindos ao complicado mundo dos tampos de sanita.  

será impressão minha?


Será impressão minha ou boa parte dos portugueses já está a gozar a Páscoa longe do local de trabalho? Acusem-se. A trabalhar ou a devorar amêndoas de chocolate? Eu faço parte dos que vão trabalhar até quinta-feira.

incentivo


Uma das minhas maiores lacunas é a ausência de hábitos de leitura. Sei que pode parecer esquisito tendo em conta que sou jornalista. Mas é um facto. Consigo devorar jornais (sobretudo desportivos), sites, blogues e revistas de diversas áreas. Porém, falta-me aquilo que é mais importante. O vício de devorar um livro. Gosto de ler mas sou capaz de demorar uma eternidade para acabar uma obra. É algo que lamento porque gostava de ser daquelas pessoas que conseguem ler um livro em pouco tempo, atirando-se logo a outro e por aí fora.

Por ser assim, e por achar que há muitas pessoas como eu, acho importante não passar ao lado de incentivos à leitura. A Rainha do meu Castelo e a Cynthia lançaram-me o desafio de aconselhar um livro que mereça ser lido. Como o desafio chegou em dose dupla, decidi aconselhar dois livros. E escolhi duas obras do mesmo autor: Luis Sepúlveda.



História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar e O velho que lia romances de amor são dois livros que tiveram, em tempos, o poder de me prender às palavras. Não descansei enquanto não acabei de os ler. Esta missão será bastante fácil para quem tem hábitos de leitura enraizados pois são obras de fácil leitura. Acho que estes dois exemplos são óptimos para quem pretende ganhar hábitos de leitura. Defendo que podem ser o empurrão necessário para quem deseja ler com frequência.

É certo que nos dias que correm, há muitas outras coisas onde gastar dinheiro. A maior parte das pessoas pode precisar desse dinheiro para outros bens. Foi também por isso que escolhi estes dois livros pois são ambos baratos, com valores que rondam os dez euros cada. Mas, entre família ou amigos podem/devem ser criados grupos de leitura e podem ser trocadas obras. É económico e muito mais divertido.

Além disso, ler é muito mais útil do que se pode pensar. Quanto mais se lê, mais aumenta a capacidade argumentativa de uma pessoa. O vocabulário fica mais diversificado e o próprio cérebro funciona muito melhor. Por fim, acho que é fundamental criar hábitos de leitura nos mais novos. Porque, com o avançar da idade, essa missão complica-se.

greatest hits of my life


Quando toda a gente acompanhava e falava de Lost, a série passava-me ao lado. Até ao momento em que me atrevi a ver o primeiro episódio. Fiquei automaticamente preso e devorei cerca de quatro temporadas em pouco tempo. Chegava a ver mais de um dvd de seguida. E sabia sempre a pouco. Lost passou a ser uma das minhas séries de eleição e uma das preferidas que vi em toda a minha vida.

As seis temporadas estão recheadas de momentos para todos os gostos. Existem aqueles de cortar a respiração. Alguns assustadores. Outros que nos deixam a pensar nas coisas e ainda os que nos deixam com uma lágrima nos olhos. Recentemente, vi uma entrevista de Matthew Fox (Jack Shephard) e recordei a série. Ao lembrar-me da série, pensei num dos meus momentos preferidos. A altura em que Charlie Pace escreve numa folha de papel os “greatest hits” da sua vida. Por outras palavras, os momentos mais importantes que viveu.

Ao pensar nisso, lembrei-me dos “greatest hits” dos meus 31 anos de vida. E achei por bem partilhar esses momentos aqui no blogue. Além disso, lanço-vos o desafio de partilharem a vossa lista, se assim entenderem. Quanto a vocês não sei mas para mim foi um dos melhores (senão mesmo o melhor) exercícios de memória que fiz.

#10 Ter feito rádio num programa de final de tarde de uma rádio nacional.

#9 Ter sido eleito o melhor em campo, por um jornal desportivo nacional, num jogo contra o Sporting.

#8 Concluir a licenciatura em Comunicação Social sem nunca ter chumbado um ano e ter recebido o diploma na companhia das pessoas mais importantes da minha vida.

#7 Ter ouvido, felizmente por diversas vezes, “é a melhor entrevista que alguma vez me fizeram”. É o reconhecimento de um trabalho bem feito e isso é o melhor que posso ouvir na minha profissão.

#6 Ter tido a companhia dos meus pais em todos os campos onde joguei futebol. E ocasionalmente a companhia de outros familiares.

#5 Todos os dias em que digo com orgulho o nome dos meus pais que lutaram para que seja o homem que sou hoje.

#4 O dia em que o meu pai me ensinou a andar de bicicleta.

#3 Ter feito a minha mãe deixar de fumar quando andava na escola primária.

#2 Ter conhecido e conquistado a mulher da minha vida que ainda hoje está a meu lado.

#1 Ser tio e olhar e pegar na minha sobrinha pela primeira vez.

24.3.13

não podem ser quatro?

O fim-de-semana devia ter quatro dias! Dois é pouco. Sobretudo quando se acorda pouco depois das sete nos dois dias. E quando se carrega caixas e dedica-se boa parte do tempo à mudança de casa.

Caminho a passos largos para mais uma semana de trabalho e estou muito mais cansado do que estava na sexta-feira à noite. Aliás, esta é a história dos meus fins-de-semana. Com ou sem mudança.

Será que o fim-de-semana não pode passar a ser de quatro dias?

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23.3.13

porque eu (acho que) mereço

Eram 7:15 da manhã quando o despertador tocou. Banho. Pequeno-almoço tomado e uma viagem até Setúbal ao encontro de José Mourinho. Trabalho feito e um rápido regresso a casa. Almoço ignorado. Calções e camisola vestidos. Ténis calçados e mais uma etapa superada na mudança de casa. Sacos, caixas e outras coisas carregadas até agora.

Segue-se um duche rápido. Uma visita à casa nova. Medidas tiradas. Visita ao Ikea. Depois uma visita a um familiar próximo e, por fim - e porque hoje posso dizer que eu mereço - um jantar com vista para o rio.

Viva o "descanso" do fim-de-semana!

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façam uma declaração de amor


Esta semana estava sentado a escrever mais um texto para a publicação onde trabalho quando a redacção foi invadida por dois palhaços. Não daqueles que abomino mas dos que aprendi a amar quando era puto e ia ao circo. Minto! Que me perdoem os outros mas estes têm mais valor para mim. Eram dois (um casal) profissionais da Operação Nariz Vermelho. Para quem não sabe, são estes doutores palhaços que animam muitas crianças hospitalizadas a lutar pela vida. São eles que conseguem fazer sorrir quem mal tem força para lutar.

Entraram na redacção e começaram a cantar e dançar. “Façam uma declaração de amor”, diziam. Parece que ouço a música neste momento. Brincaram com a redacção como se fossemos um grupo de crianças. E foi isso que senti. Imaginei os tempos em que ia ao circo na altura do Natal. Entre as brincadeiras e cantorias entregaram-me um cartão. Mais tarde, recebi um email onde se lê “este ano deixe que seja a declaração de IRS a preenchê-lo a si.”

Os portugueses podem doar 0,5 do seus IRS – sem qualquer encargo ou perda de benefício fiscal. Para isso basta preencher o anexo H, da declaração de IRS, e na opção “Instituições Particulares de Solidariedade ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública”, no quadro 9, colocar o número 506 133 729. Este gesto, que demora breves segundos, pode parecer insignificante mas é vital para que estes Doutores Palhaços continuem a alegrar as crianças hospitalizadas nos serviços pediátricos dos doze hospitais portugueses que visitam.

Se há pessoas cujo trabalho mexe comigo é aquele levado a cabo pelos profissionais da Operação Nariz Vermelho. Por isso, “este ano deixe que seja a declaração de IRS a preenchê-lo a si.” E se não for com esta instituição, que seja com outra. Volto a recordar, a doação é sem qualquer encargo ou perda de benefício fiscal.

22.3.13

o timing do amo-te


“Amo-te”, é provavelmente a expressão que assusta, incomoda, aborrece e chateia mais pessoas. Porque é dita cedo demais. Porque é dita tarde demais. Porque é dita a toda a hora. Porque nunca é dita. Porque é sentida. Porque não é sentida. Porque é fingida. Porque é ensaiada. Porque é banalizada, retirando o real valor de algo tão forte.

Muitas vezes ouço pessoas dizerem-se chocadas porque alguém lhes disse amo-te quando se conhecem há pouco tempo. Afirmam logo que é impossível amar num curto espaço de tempo. Será mesmo assim? Acho que não. Porque duvidamos dos sentimentos dos outros? Não serão essas pessoas aquelas que melhor sabem aquilo que sentem? No meu caso, sei quando amo. Sei quando gosto e sei quando não sei aquilo que sinto. E não preciso de um certo período de tempo para dizer a alguém “amo-te.” Basta que o sinta. E ninguém me conhece melhor do que eu. Por isso, ninguém me pode dizer que aquilo que sinto não é amor e que estou enganado.

Além disso, acho possível amar num curtíssimo espaço de tempo. Tal como acho possível amar alguém com quem não se tem uma relação que não passe pelo contacto visual ou pouco mais do que isso. Por exemplo, dois funcionários de uma multinacional que trabalham num grande edifício e que se cruzam poucas vezes. Tal como acho possível passar uma vida ao lado de uma pessoa sem a amar. Por mais que se tente amar essa pessoa.

Se acho que a expressão “amo-te” foi banalizada? Acho que sim. Mas defendo que quem a usa como usa a expressão “tenho fome” sabe que o diz sem sentir. Sabe que ao dizer algo mágico adquire uma espécie de cartão de acesso à cama de alguém. E esse tipo de “amo-te” é aquele que desaparece pela manhã ou passados alguns minutos no banco de trás de um carro. Trata-se de um “amo-te” aldrabão dito por pessoas mentirosas que brincam com sentimentos.

Aceito que digam que este tipo de pessoas e esta banalização de algo que só devia ser dito com sentimento faz com que muitas pessoas não acreditem naquele “amo-te” que está carregado de emoção e verdade apesar de ser dito naquele período de tempo em que muitas pessoas só aceitam ouvir “gosto de ti”, “gosto de te conhecer” ou “vamos ver o que é isto que sinto.”

É certo que o justo pagará sempre pelo pecador. Infelizmente, é uma das regras da vida nos dias que correm. Mas isso não invalida que ainda existam pessoas sinceras que sabem que não estão a dizer algo belo cedo demais. E a verdade é que o timing para dizer “amo-te” nunca será escolhido por quem ouve. Apenas por quem o diz.

segredo


Sou daquelas pessoas para quem um segredo é isso mesmo. Algo que não deve ser contado a mais ninguém. Aquilo que ouço, dito neste formato, é automaticamente esquecido por mim. E a única importância que tem corresponde aos segundos necessários para a revelação do mesmo. De forma resumida, é assim que lido com as palavras que não podem ser proferidas a mais ninguém.

E, muito sinceramente, não me custa guardar um segredo. Não sou daquelas pessoas que não descansam enquanto não contam o tal segredo a dezenas de pessoas. Aliás, conheço pessoas que conseguem contar o mesmo segredo a cerca de cinco pessoas, dizendo a todas: “não contes a ninguém senão vão saber que fui eu que contei.” Este cenário faz com que muitas pessoas duvidem da possibilidade de manter um segredo nos dias que correm.

Quanto a mim, acho possível conter um segredo. E sou daquelas pessoas que têm algumas dúvidas quando se diz que nos dias de hoje tudo se sabe. Defendo que só se sabe aquilo que queremos que os outros saibam. E David Bowie é um bom exemplo disto. Alguém sabia que o artista estava a gravar um álbum? Ouvi numa reportagem que, numa fase inicial o artista conversou com os músicos individualmente. Como tal, estes não sabiam com quem iam trabalhar. Posteriormente, foi pedido a todos os intervenientes do disco que não usassem as redes sociais para revelar o mínimo detalhe. Isso foi cumprido. E o álbum foi mantido em segredo. Simples!

Para mim, o complicado é encontrar pessoas que respeitem o limite de um segredo. Vivemos numa época em que as pessoas têm prazer em dar com a língua nos dentes. Sobretudo, se isso provocar uma enorme confusão. E quando o desejo é apenas este... não há segredo que aguente.

apenas vergonha #4


Começo a chegar à conclusão de que sou um íman que atrai vergonhas. Consigo viver todo o tipo de cenas embaraçosas em todos os cenários. Nem a minha mulher escapa às minhas vergonhas. O que relato agora passou-se numa conversa por email.

“Tenho um convite para a Portugal Restaurant Week. Há algum restaurante onde queiras ir?”, perguntei.

“Gosto da ementa deste. O que achas?”, respondeu-me.

Lá analisei a respectiva ementa, da qual gostei bastante.

“Gosto. Parece-me bem. Como se chama o restaurante para fazer a reserva”, disse.

“Mensagem”, recebi de volta.

Dediquei uns minutos a analisar o telemóvel. E reparei que não tinha mensagem nenhuma no mesmo. Esperei mais um pouco. E nada...

“Não tenho mensagem nenhuma no telemóvel...”, escrevi.

“Mensagem é o nome do restaurante...”, foi o que li no email de resposta.

E é isto. Apenas vergonha.

até podia pensar que queres algo comigo mas...

Se há coisa de que gosto (herdei do meu pai) é ler o jornal no café. Mas, durante a semana, quer seja em casa ou no café habitual, tomo o pequeno-almoço a correr para evitar o trânsito matinal. Como tal não compro jornal. Algo que faço religiosamente ao fim-de-semana.

Porém, o café onde vou tem um exemplar de A Bola e outro do Correio da Manhã. Se o desportivo estiver disponível, dou uma vista de olhos. Caso contrário, sigo caminho. O engraçado nisto é que uma senhora já reparou nos meus hábitos de leitura.

E guarda-me o jornal. Quando chego ao café vejo-a sorrir para mim. Até podia pensar que queria qualquer coisa comigo, não fosse a senhora ter idade para ser quase minha avó.

Quero acreditar que a senhora engraça comigo e vê em mim uma espécie de neto. Mas acho que a realidade é outra. Acho que me guarda o jornal para o retirar a um homem que julga ser dono do mesmo. Seja como for, agradeço o seu gesto que me faz começar o dia a sorrir.

Enviado do meu iPhone

21.3.13

a minha relação com os filmes de terror


A relação que mantenho com filmes de terror não tem uma definição exacta. Pelo menos para mim não tem. A maior parte da minha vida foi passada longe dos filmes de terror. Por exemplo, quando era puto e estava em casa com sarampo ou varicela vi um filme que era sobre uma minhoca gigante que andava debaixo da terra e matava toda a gente. Posso confessar que nessa noite dormi com os braços bem presos ao corpo com medo que a minhoca aparecesse durante a noite, vinda do andar de baixo.

Os anos foram passando e lá me cruzava com alguns filmes que não me metiam medo nenhum. Dois exemplos: Chucky e os Gremlins (que chegavam a assustar alguns amigos meus). Depois, havia outros que me deixavam com pesadelos. No topo da lista estava Pesadelo em Elm Street (hoje não me assusta minimamente). Havia ainda o Predador que conseguia meter-me medo ao mesmo tempo que me cativava. É por coisas destas que não consigo descrever a minha relação com os filmes de terror.

Na adolescência, vivi uma fase em que só queria ver filmes de terror. Andava destemido e ia ao clube de vídeo em busca de longas metragens assustadoras. Mas, depressa me fartei. Vi o Ring e “borrei-me” todo quando a miúda saiu da televisão. Vi o primeiro Saw e tremi quando o morto, que afinal não estava morto, se levantou. Desde então que sinto uma atracção por filmes de terror mas acabo sempre por mudar de canal quando a coisa aperta e é bem feito. Chego a sentir-me como um rapazito que ainda não distingue a ficção cinematográfica da realidade. Acho que tenho que dar mérito a quem faz os filmes pois na minha vida não sou pessoa para me assustar com facilidade.

O que é certo é que não consigo explicar as reacções que os filmes de terror provocam em mim, sobretudo se estiver sozinho em casa e com o apartamento às escuras. Na segunda-feira deixei-me dormir a ver um filme assim para o assustador. A meio da noite, acordei assustado enquanto tinha um pesadelo relacionado com o filme. Como já tenho 31 anos, acho que isto é algo que nunca mudará em mim. E que não controlo.

PS - Mas deixo uma certeza. Hei-de ver o Hostel!

agora escrevo eu #8


Recebi este texto e deliciei-me com cada uma das palavras. Um sentimento que tem sido comum aos diversos que tenho recebido para esta rubrica. O avançar do texto fez-me criar o cenário na minha mente. Imaginava que tudo isto estava realmente a acontecer. Se a pessoa em questão, que preferiu o anonimato, não me dissesse que se trata de pura ficção, teria acreditado ser algo real pois estas linhas estão carregadas de emoção. Este texto é apenas mais um exemplo de que há por aí muitas pessoas com talento para a escrita. Obrigado a quem já enviou textos e a quem continua a enviar. Não me canso de vos ler.

“Depois de tantos anos, ganhei coragem, e voltei à "nossa" praia! O mar tem o mesmo tom azul turquesa de antigamente... O balançar das ondas, está hoje mais suave, como se adivinhasse a minha tristeza e não me quisesse incomodar... As folhas das palmeiras, dançam ao ritmo da brisa... As gaivotas voam em círculos e gritam...

Os meus pés, um a um, enterram-se na areia macia, que guarda as mais belas recordações de nós... Até a velha cabana, permanece intacta, como se os anos não tivessem passado, e o tempo fosse pura ilusão... Aproximo-me lentamente, e por breves segundos, tenho a sensação, que me aguardas, sentado, no baloiço da varanda, como sempre fazias!

Penso tanto em ti... Em nós... No sorriso, que guardavas só para mim...(nunca te vi sorrir assim para ninguém!) Olho para o baloiço, ele tal como eu, sentiu o peso do tempo, e está partido. Assim como o meu coração... Sento-me no degrau da cabana, e fecho os olhos... Trago-te de volta, em pensamento!

O teu olhar maroto, brincando com o meu corpo ainda de menina! Consigo ouvir o som da tua gargalhada, quando o mar era mais forte que eu, e me derrubava. Sinto o toque suave dos teus dedos na minha face, desviando os meus cabelos rebeldes! Sinto o calor do teu corpo, que me aquecia, depois de um banho de mar. Inspiro, encho os pulmões de ar, na esperança de sentir o teu perfume... o teu cheiro!... Mas só a essência salgada, enche a minha alma... Abro os olhos e fixo o mar... Devia odiá-lo, por te ter levado, mas não consigo... Hoje a atracção que sinto é forte demais, algo me empurra até ele...

E, pela primeira vez, desde aquele dia, eu deixo ele molhar-me, a água está morna, e envolve-me com tanta doçura, que tenho a certeza que são os teus braços que me apertam, sinto-me calma e segura, e por breves instantes deixo meu corpo à deriva, boiando... Enquanto eu olho o céu, onde as primeiras estrelas começam a brilhar, reparo no brilho especial de uma delas...

As lágrimas que se soltam dos meus olhos, misturam-se com a água salgada do mar, numa comunhão perfeita... Agora eu sei que estás bem... A estrela brilha agora com mais intensidade, e vejo nela o brilho cintilante dos teus olhos...

Um dia... Eu prometo! Trago aqui, o nosso filho! Quem sabe agora, vou ter coragem de lhe contar a nossa história! E dizer-lhe que ele é fruto de um sublime amor de verão, e filho da mais linda e brilhante estrela do universo.”

especialmente para vocês


Hoje celebra-se o Dia Mundial da Poesia. Não quero deixar passar esta data sem lhe dar algum destaque. Como tal, dediquei algum do meu tempo a brincar com palavras. Minutos depois, estava concluído este poema, feito especialmente para vocês, a razão da existência deste blogue. Espero que gostem desta pequena brincadeira.

criei o blogue num certo dia
sem saber ao que ia
e passado quase um ano
continuo igual aquele dia

já conheci muitas pessoas
com histórias de encantar
e isso é uma mais valia
que espero nunca terminar

obrigado a quem aqui passa
sempre com algo a dizer
tenho aprendido bastante
e sempre com muito prazer

já deu para rir
e também para chorar
por isso vos agradeço
aquilo que não param de me ensinar

também me cruzei com gente má
daquela que vale a pena conhecer
é que assim ficamos a saber
como nunca deveremos ser

este é o meu singelo contributo
para o dia mundial da poesia
sei que não tem piada nenhuma
fica a promessa de tentar fazer melhor noutro dia

Agora, é a vossa vez de dar um maior destaque a este dia. Através de um comentário ou de um email (homemsemblogue@gmail.com) enviem-me duas quadras da vossa autoria. Palavras que vos liguem ao blogue. Irei premiar o mais criativo. Desafio lançado!

vergonha do que fui

Ontem, revelei aqui algo que quase ninguém conhece a meu respeito. Tomei essa decisão porque quem passa por aqui dá muito de si. Achei justo retribuir o gesto. Podia simplesmente ter revelado outra coisa qualquer. Mas achei por bem contar um detalhe praticamente desconhecido.

Ao fazer essa revelação estava consciente de que muitas pessoas podiam automaticamente catalogar-me com algo com que não se identificam. Sabia que podiam até ficar desiludidas. E isso é algo que não controlo. Mas aquilo que controlo é aquilo que sou. E posso dizer que não tenho vergonha de dizer que quando tinha pouco mais de vinte anos concorri ao Big Brother.

Tal como não tenho vergonha de dizer que andei a limpar máquinas de ar condicionado bem depois disso. Tal como não me envergonha dizer que num passado recente andei a abastecer máquinas de vending com café, chá e comida. E que o fazia em sítios onde as pessoas andavam todas bem vestidas. Tal como não coro de vergonha por dizer que tinha de lavar o chão das lojas de roupa onde trabalhei.

Mais! Não sinto um pingo de vergonha por ter varrido a rua quando trabalhava numa loja de materiais de construção. Ou de ter carregado sacos de cimento. Nem de ter carregado dezenas de baldes de tinta quando trabalhei numa loja de tintas. E também digo com orgulho que cheguei a descarregar camiões quando trabalhei no aeroporto de Lisboa.

Se há quem sinta vergonha de um passado destes? Talvez! Mas eu não. Tenho orgulho em tudo aquilo que fiz. Todas estas experiências foram muito úteis para a minha vida profissional e pessoal.

Aceito que existam pessoas que me possam associar apenas a uma destas coisas. Mas isso é um erro. Porque sou a soma de tudo o que vivi. De tudo aquilo que fiz e de tudo aquilo que não me envergonha.

No meu bairro sempre ouvi dizer que "vergonha é roubar e ser apanhado." E isso nunca me aconteceu. Por isso sinto uma total ausência de vergonha daquilo que fiz.

Enviado do meu iPhone

20.3.13

serei eternamente um puto


Há momentos em que percebo que serei eternamente um puto. Assim que passo por algo que dê para brincar, apetece-me brincar. Sou aquele gajo que quando passa num corredor de brinquedos carrega nos botões que dizem para testar. Sou aquele gajo que faz sons com tudo o que dê para brincar nas mais variadas lojas onde entro. Sou aquele gajo que corre em casa com a sobrinha e que participa em todos os seus jogos, seja onde for. Para mim a vida é uma constante brincadeira que levo a sério. Dito de outra forma. Passo a vida a brincar mas não brinco com a vida.

E hoje vivi outro momento que me fez aperceber que serei eternamente um puto. No local onde costumo ir almoçar foi instalado um circuito de mini golfe. Assim que os meus olhos se cruzaram com tudo aquilo, só me preocupava em encontrar o local onde eram disponibilizados tacos e bolas para jogar. Enquanto observava o circuito ouvi uma conversa de um homem mais velho do que eu que me fez sorrir.

“Quero jogar”, dizia ao homem que estava consigo. “Amanhã passo aqui a manhã toda pois o chefe não está cá”, acrescentou. Além de ter ficado feliz por perceber que há mais pessoas como eu fiquei com o desejo de me voltar para ele e dizer: “A que horas vens? Baldo-me ao trabalho e fazemos um torneio.” Porém, limitei-me a sorrir pois não faz parte dos meus planos faltar ao trabalho, como provavelmente aquele homem não irá passar a manhã a jogar. Porém, acho que voltarei lá com a minha sobrinha para fazer o circuito de ponta a ponta.

Não sou pessoa para me gabar disto ou daquilo. Nunca fui e nem lido bem com elogios. Todavia, orgulho-me de ser assim. Espero nunca perder este puto que há em mim e que ajuda a tornar dias cinzentos em cenários idílicos. Nem sequer me importa que isso possa fazer com que pensem que sou infantil ou imaturo. Pois o que mais importa é que sou feliz assim.    

algo que poucas pessoas sabem sobre mim


Ao longo dos últimos dias voltou a falar-se imenso sobre o Big Brother. O reality show mais afamado do nosso país está de volta. Só que não será na sua versão normal. Será mais uma edição apenas com famosos. Se bem que o conceito de famoso pode ser bastante discutido. Contudo, não é esse o motivo deste texto. O que me leva a escrever sobre o reality show é a revelação de um segredo que quase ninguém sabe sobre mim. E o segredo é que fui finalista de um casting para participar numa das edições do Big Brother.

Há muitos anos, há mais de uma década, decidi inscrever-me no concurso. Tomei essa atitude porque ainda se vivia a febre da primeira edição do programa. Além disso, parte de mim sentia-se tentado a viver a experiência de estar fechado numa casa, num ambiente controlado. Também achava possível participar sem necessitar de recorrer à estupidez ou nudez como forma de destaque. Tudo isto fez-me inscrever. Sem que o esperasse, mesmo sabendo que o sorteio era aleatório, recebi o questionário para participar. Respondi a todas as questões – de todo o tipo que possam imaginar – e fui chamado para uma entrevista. Correu bem. Mas, dias depois surgia a notícia de que o programa não ia avançar. Em vez disso, seria realizada a primeira edição com famosos.

Passados uns tempos abriram novamente as inscrições para a mesma edição do concurso. Voltei a inscrever-me. Voltei a receber o questionário. Voltei a responder o mesmo. Voltei a ser chamado para uma entrevista. E avancei. Até ao casting final. É certo que não entrei. E não fiquei triste por isso. Não lamentei o facto nem sequer pensei no que me teria acontecido se tivesse sido escolhido. Mas aprendi bastante com esta experiência. Por norma, ouço concorrentes dizerem que todas as pessoas mentem no casting para se destacar. Não sei se a maior parte das pessoas mente. Sei que não menti. Aliás, acredito que foi isso mesmo que impediu a minha entrada.

“És feliz?”, foi a última pergunta que me fizeram no casting. Esta veio no seguimento de não ter escondido que namorava. Facilmente podia ter feito de coitadinho. Podia ter dito que namorava mas que não lhe ligava nenhuma e que era uma coisa passageira. Mas não o fiz. Porque não sou essa pessoa. E porque sabia que não era passageiro. É certo que na altura namorava há pouco tempo mas ainda hoje partilho a minha vida com essa pessoa. Porém, senti que ao revelar a minha felicidade passei a ser uma carta fora do baralho e que não me enquadrava naquilo que procuravam.

Para a história fica uma agradável experiência pessoal. Ser entrevistado por três pessoas que disparam perguntas a uma velocidade alucinante é algo que não se esquece. Pessoas que falam umas por cima das outras. E isto tudo com a pressão de diversas câmaras de filmar e respectivos operadores de câmara. Na altura, dos três, foquei-me na pessoa que senti gostar mais de mim. Apesar de responder a tudo, centrei as minhas palavras nessa pessoa. E correu bem. Acho eu!

Na altura, revelei o que se estava a passar a alguns amigos e isso permitiu-me perceber quem era realmente meu amigo. Ensinou-me constatar o medo que sentiam em perder um amigo que nas suas mentes passaria a ser mais um “famoso” ex-concorrente que vivia das presenças em discotecas e que se esqueceria dos verdadeiros amigos. Como em quase tudo na vida, faço um balanço positivo daquilo que vivi. Foi a única vez em que me inscrevi em algo do género. Se hoje faria o mesmo? Provavelmente não.

o que dizemos vs o que somos


No final do último jogo do Benfica, Jorge Jesus deu como exemplo três situações de algo de que não me recordo agora. Depois disto, referiu-se aos mesmos exemplos como “ambos.” Um erro crasso. Disso, ninguém duvida. Desde então, e como é hábito quando se fala deste senhor – talvez gere tanta controvérsia por ser treinador de futebol – é apelidado de “burro”, “bronco”, “parvalhão” e por aí fora. Mas será que é mesmo assim? Será que falar mal faz dele (ou de outra pessoa qualquer) um burro?

Pessoalmente, considero Jorge Jesus um homem com uma inteligência muito acima da média. Mais, na profissão que escolheu é mesmo um dos melhores. Se me perguntarem se prefiro um treinador que vista bem, que seja elegante e que as mulheres apreciem, como era o caso de Quique Flores, mas que nada ganha, tenho de dizer que prefiro o tal “burro” que mete a equipa a jogar futebol e que conquista troféus. Mesmo que não saiba falar e que pinte o cabelo com cores que pessoalmente acho ridículas. Dou este exemplo no futebol como daria noutra área qualquer. Nos dias que correm acho que se valoriza mais o pacote do que o valor do conteúdo. E a verdade é que o valor não se mede pela forma correcta como se articulam ideias.

Por isso, considero que não podemos catalogar uma pessoa de burra apenas porque não sabe falar. Há quem leia livros atrás de livros. Neste caso, Jorge Jesus tem diversos televisores na sala para ver o maior número de jogos de futebol em simultâneo. Há quem saiba as últimas tendências da moda. Jorge Jesus sabe que há um puto de 12 anos na América do Sul que vai ser craque e que deve ser comprado agora para ser valorizado. Há quem fale de um modo que soa a poesia. Jorge Jesus abre a boca e diz ambos os três. Agora, de todos estes, quem é o mais inteligente? Não sei. Mas não me limito a catalogar alguém apenas pelas palavras.

Porém, faço uma grande crítica ao treinador e a todas as pessoas que estão num patamar equivalente. Sendo pago com milhões de euros por ano, deveria ter o brio pessoal de corrigir as suas lacunas. Para dar um exemplo, devia perceber que não fica bem lamber-se na televisão antes de falar. Devia investir em aulas que lhe permitissem falar melhor em público. Nem que seja pelo simples facto de ser um dos rostos mais visíveis de uma das maiores marcas portuguesas. E isto aplica-se a Jorge Jesus, como se aplica aos políticos que não sabem falar em inglês e que fazem figuras patéticas a tentar mostrar que sabem aquilo que realmente não sabem. Tal como se aplica a todos os chefes e gestores deste país que sendo pagos a peso de ouro deveriam ter a consciência de melhor a imagem e postura correcta. É certo que o que importa não é o pacote mas valorizar aquilo que somos depende apenas de nós.

Porém, acho que muitas pessoas não corrigem por acharem que são uma espécie de perfeição. Não custa assumir os erros e a necessidade de corrigir algo fazemos de forma errada. Isso não é um sinal de fraqueza mas de grandeza.

desafio: vamos jogar ao quarto escuro

Quando era puto adorava jogar ao quarto escuro. Divertia-me naquele ambiente onde a visão de nada nos valia. Onde a diversão passava pelos sons, pelo receio de dar um passo em falso e até pelo toque. E foi disto que me lembrei quando a Mamã dePeep-Toe e a Mente Flutuante me lançaram um desafio que, para mim, assemelha-se ao quarto escuro. E já sabem o que sinto em relação a desafios...

O desafio consiste em comentarem este post de forma anónima. No vosso comentário devem constar coisas que nunca disseram sobre mim, sobre o blogue ou sobre outro assunto qualquer. Vamos a isto?

19.3.13

verdade ou mito #8


Uma das coisas que nunca percebi nos filmes é o facto das mulheres (normalmente são elas) cobrirem o corpo com o lençol após uma noite de amor/sexo. É certo que se trata de um filme. E o facto do corpo sem escondido prende-se simplesmente com o valor do cachet, que não inclui nudez. Porém, naquelas alturas penso sempre se haverá quem o faça na vida real. Será que as pessoas escondem o corpo nu depois de uma noite de amor/sexo? Verdade ou mito?

porquê? como é possível?


Para a generalidade das pessoas, hoje é um dia feliz. Celebra-se o amor que se sente pelo pai. Apesar de ser adepto de que essa demonstração deve ser diária, hoje é um dia – também comercial como qualquer data do género – em que os sentimentos estão mais à flor da pele. Ao longo das últimas horas tenho-me deparado com as mais variadas demonstrações de carinho em relação aos pais sendo que todas as pessoas juram ter o melhor pai do mundo.

Depois, existe uma minoria (ainda bem que assim é) que vive da saudade neste dia. Aproveitam o passar das horas para recordar aquilo que de melhor aconteceu junto de uma pessoa que infelizmente já não está neste mundo. Acredito que algumas destas pessoas tenham o desejo de avançar o relógio pois é impossível não sentir saudades de quem já partiu enquanto meio mundo declara, entre sorrisos, o seu amor ao pai.

Existe ainda outra minoria que subdivido em dois grupos. Refiro-me aos filhos que não ligam nenhuma aos pais e também aos progenitores que há muito esqueceram ter posto um (ou mais) filho no mundo. Como sinto um grande amor pelo meu pai, custa-me imenso pensar neste triste cenário real. Conheço casos de pais que não ligam nenhuma aos filhos. Conheço casos de filhos que só querem saber dos pais para lhes pedirem dinheiro. E conheço ainda casos de pais que roubam os descendentes e que os usam para irregularidades que acabam por prejudicar as suas vidas.

E quando penso nestes casos, só me ocorre perguntar porquê? Como é possível? Já me custa compreender o conceito de maldade entre duas pessoas sem qualquer ligação familiar. Agora, não consigo mesmo perceber o que leva um pai a ignorar ou causar mal a um filho e vice-versa. Como é possível que alguém viole sexualmente quem pôs neste mundo? Como é que alguém diz a um familiar chegado: “tu está morto para mim!” É certo que existe maldade e certamente existiram muitos motivos para tal. Mas como é que uma relação entre pai/filho chega a este ponto? Como é que não se resolvem as coisas na hora? Por mais que tente, é algo que nunca irei perceber.

Se já me chateei com o meu pai? Sim, diversas vezes. Se ele já se aborreceu seriamente comigo? Também. Mas isso é esquecido pouco tempo depois. Porque é o meu pai. Porque o amo. E porque seria incapaz de desejar o seu mal. Aliás, seria incapaz de lhe fazer mal. Espero que o este dia sirva para muitos pais/filhos pensarem nos erros que cometeram. E que tenham coragem de simplesmente pedir desculpa e dizer gosto de ti. Porque nunca é tarde demais para pedir desculpa e tentar emendar o mal que se fez.

recebi 599 prendas


Não sou pai. Como tal, não contava receber nenhuma prenda hoje. Porém, acordei e constatei que tinha sido presenteado por quem passa por aqui, neste espaço tão meu como vosso. Chegámos aos 599 seguidores quando ainda não temos sequer um ano de vida. Obrigado pela vossa companhia!

É verdade que é apenas um número. É igualmente certo que o rumo do blogue seria o mesmo se ali, naquele quadrado pequeno, estivessem apenas cinco seguidores. Porém, mentia se dissesse que não fico orgulhoso e até um pouco vaidoso com o crescimento que vocês proporcionam a este espaço.

Do meu ponto de vista, um maior número de pessoas permite analisar um vasto número de pontos de vista sobre o mesmo assunto. Permite debater o tema de que se fala no momento. Faz com que seja possível aprender e retirar certas ilações que podem ser bastante úteis nas nossa vidas. E é um facto que isso é muito melhor com um número maior de pessoas.

Obrigado por darem vida a este espaço, tão meu quanto vosso!


hoje é dia de matar o pai

Hoje celebra-se o Dia do Pai. Como tal, vou directo ao assunto. Hoje, é dia de matar o pai! E quem tem a responsabilidade de cometer o crime? A mulher. Ou os filhos. Ou todos juntos. Mas, não entendam isto literalmente…

O que se passa é que ouvi a música “assim você mata o papai.” Como boa parte das músicas brasileiras, esta também fica no ouvido. Também se entranha em nós. Torna-se impossível fugir dela. E é o que se passa comigo neste momento. Consigo ouvir esta música diversas vezes ao dia. E fico sempre com vontade de “tirar o pé do chão” e dançar ao som deste pagode. Como tal, a solução foi adaptar o tema ao dia, até porque o “papai” está no título.

Se existe um pai é porque, à partida, existe uma mãe. Num cenário ideal, ambos se dão bem e fazem tudo pela educação, futuro e felicidade dos filhos. Como tal, acho que seria simpático que todos participassem no dia do pai de forma diferente, celebrando o amor. Nesta música diz-se “Ela é maravilhosa, tem um sorriso maroto. O que será que ela tá querendo? Vou chamar pra dançar. Vem cá mulher, vem cá, dançar, comigo agarradinho, vem cá que você vai gostar! Ah, vai! Isso, assim, vem pra mim. Que delicia, tá gostoso demais. Isso não vai prestar. Beija minha boca. Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai. Ai, ai! Ai ai! Que boca gostosa eu quero mais. Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai. Ai, ai! Ai ai! Você tá cheirosa demais.” Não é preciso dizer que o papel referido nesta parte da letra é da responsabilidade das mães.

Por isso, desafio as mães a mimarem os pais. A agradecerem tudo aquilo que têm vivido e aquilo que ainda sonham alcançar ao lado dos pais. E que o façam entre uns passos de dança e ao som desta música ou de outra que seja da vossa preferência. E não excluam (numa fase inicial) os filhos desta festa. As meninas que percam a vergonha de dançar com os pais e os rapazes que não tenham receio de revelar aquilo que sentem porque isso não os torna mais frágeis ou menos homens. Pelo contrário.

Se a noite o proporcionar, que os pais continuem os festejos a dois e que aproveitem para dançar em homenagem ao amor que ainda sentem passados ___ anos (é favor preencher com a respectiva data).


Quanto a mim, não é segredo para ninguém que será uma data muito especial, por tudo aquilo que o meu pai passou num passado recente. Usando o meu exemplo, não se preocupem com prendas materiais. Em vez disso, digam aos vossos pais aquilo que realmente sentem. Digam as palavras que querem dizer mas têm tido vergonha ou que acham que podem ser ditas noutro dia. Digam tudo. Não guardem para amanhã. Porque o amanhã pode ser tarde demais. E nenhuma prenda supera um sentimento verdadeiro e uma demonstração de amor que pode passar por uma aparente dança a dois ou em família.

Isto é o que vou fazer. Vou dar destaque ao que sinto pelo meu pai. Quanto à dança. Até poderia dizer que não vou dançar com o meu pai. Mas assim que o jantar começa… torna-se imprevisível o seu fim. E essa é uma das magias dos jantares de família.

18.3.13

ah e tal, está a chegar o verão


Ao longo dos últimos tempos só tenho ouvido pessoas falarem dos seus corpos e do Verão. “Ah e tal, está a chegar o Verão. Tenho de ficar em forma para a praia”, é a frase que mais ouço. Aliás, estas palavras são típicas desta altura do ano há muito, muito, muito tempo.

Infelizmente, as pessoas continuam a pensar (ou acreditar) que se forem para o ginásio em Março estão na sua melhor forma na altura de ir para a praia, quando o calor chegar. É certo que podem perder alguns quilos. Porém, enganem-se aqueles que pensam que estes dias chegam para ficar em forma. E para trabalhar o corpo da forma que idealizaram. Porque a realidade, é que isso não acontece.

Todavia, se as pessoas se mentalizarem que um cuidado constante do corpo faz com que estejam em forma e saudáveis no Verão (e na Primavera, Outono e Inverno) evitam o stress que vivem nestes dias que antecedem a época balnear. Se perceberem que se forem ao ginásio ou praticarem desporto ao ar livre ou mesmo em casa durante todo o ano já não precisam de ir para a praia vestidos, com vergonha de mostrarem o corpo, enquanto dizem que não estão em forma para se despir.

A isto junta-se a alimentação. Quanto mais depressa perceberem que deve ser cuidada ao longo do ano e não apenas poucos meses antes do Verão, mais rapidamente constatam que se irritam menos vezes antes da chegada do calor. E assim deixam de gritar para a balança, até porque ela não tem culpa nenhuma. Só nos dá resposta aquilo que (não) queremos saber.

Na teoria, aquilo que acabei de escrever é a forma correcta de pensar no corpo e sobretudo na saúde. Porém, acho que ainda vão ser precisos muitos anos para mudar a mentalidade reinante de que dois ou três meses de ginásio curam tudo e fazem de nós as pessoas mais saudáveis do mundo.

o bigode


O bigode faz parte da minha vida. É algo que me acompanha desde o dia em que nasci, já lá vão 31 anos. Com isto não quero dizer que vim ao mundo com uma farta penugem por cima do lábio. Também não quero dizer que passei a usar bigode quando a barba me nasceu. Nada disso. O bigode faz parte da minha vida simplesmente porque o meu pai sempre usou bigode.

E tal como o meu pai, milhões de outros homens da sua geração usaram ou ainda usam bigode. Diria que é quase uma imagem de marca daqueles homens que viveram muitas outras modas sem nunca abdicar do seu bigode. Diria que mais do que pelos faciais, é um estilo de vida.

Porém, nos dias que correm, não sei bem o que representa o bigode. Será que fica bem num jovem de vinte anos? Será que aos trinta também vai bem? Todavia, aos meus olhos, o bigode não se esgota nos pelos que os homens usam no rosto. Existe um universo para lá disso. Existem t-shirts com bigodes. Com imagens manipuladas de pessoas que passam a ter bigode. Existem acessórios para o lar, para os bebés e também para elas com todos os tipos de bigodes. Ou seja, do meu ponto de vista, o bigode é algo intemporal que não se esgota.

Estarei certo? Digam de vossa justiça. Qual a vossa relação com a figura - em todos os seus sentidos - do bigode? Contem-me tudo. Não me escondam nada.

modo vulcão ligado


Há alturas em que comparo o meu cérebro com um pequeno vulcão. Parte do seu tempo é passado em descanso. Neste período verifica-se uma actividade normal. A sua concentração vai para as tarefas diárias normais. Tal como o seu lado criativo. Que está focado nos assuntos do costume, entre eles o blogue.

Depois, tenho momentos em que não controlo o meu cérebro. Que tal como um vulcão, entra em ebulição. E é assim que estou neste momento. Só que em vez de lava, são ideias que estão a ser cuspidas do meu cérebro, sem qualquer controlo da minha parte.

E uma simples fotografia é a culpada do estado em que estou. Bastou olhar para a imagem para imaginar um negócio em torno de um simples objecto que constava nessa fotografia e que até então desconhecia. Já me passaram pela cabeça dezenas de ideias sendo que ocupei as últimas horas a tentar dar vida a parte delas.

Como nestes momentos não consigo controlar o meu cérebro, vou dar-lhe a maior das liberdades, permitindo-lhe que trabalhe à sua vontade. Vou cumprir aquilo que me ordenar até porque costuma ser bom conselheiro. E também não o tento controlar pois sei que acabará por fazer uma selecção natural que me permitirá saber se o sonho morre ali ou se é uma ideia com pernas para andar. Vamos ver…

vou ter uma stripper na família

Tem apenas cinco anos mas já revela uma vocação profissional. Algumas conversas que tenho com a minha sobrinha fazem-me acreditar que estará a ponderar seguir uma carreira de stripper profissional.

"Queres ir a qual parque? Ao da casa do tio ou ao outro maior?", perguntei.

"O da tua casa tem varão?", respondeu.

"O da casa do tio não tem varão. O outro é que tem", disse-lhe.

"Então quero ir ao outro", afirmou sem hesitar.

E lá fomos nós para o parque que tem varão.

17.3.13

agora percebo

Há mais de quatro anos aluguei a minha primeira (e até agora única) casa. Tratou-se de um apartamento novo que foi estreado por mim. Na altura prometi à dona da imobiliária, que mediou o aluguer, que deixaria o apartamento igual - se algum dia o abandonasse - ao que estava no dia em que lá entrei.

"Não diga isso", disse-me com alguma dureza. "A casa não vai ficar igual", acrescentou. É certo que há um desgaste normal no apartamento. Isso é óbvio. Mas posso garantir, agora que estou prestes a abandonar a casa onde tenho vivido nos últimos anos, que deixo o apartamento em excelentes condições.

Porém, percebo agora o discurso que a mulher da imobiliária teve comigo. Numa altura em que já tenho as chaves do apartamento para onde vou morar percebi o que me quis dizer. E percebi porque as pessoas deixaram buracos nas paredes, coisas partidas e outras que precisam de uma gigantesca limpeza.

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16.3.13

queres casar comigo?

Gosto de pedidos de casamento fora do comum. Inesperados. Daqueles capazes de provocar um turbilhão de sentimentos na pessoa que ouve a pergunta quando menos espera.

Leonardo, ex-jogador e actual director desportivo do Paris Saint Germain, aproveitou o sorteio da Liga dos Campeões para pedir em casamento a namorada, a jornalista Anna Billò, que estava a conduzir, em directo, uma emissão sobre o evento num estudio da Sky.

Pelo sorriso, deu para ver que a jornalista ficou sem jeito e feliz com o inesperado pedido. Porém, respondeu: "Falamos em casa, agora não." Felizmente, segundos depois acabou por dizer "sim."

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15.3.13

odeio este senhor (mas não vivo sem ele)


Em tempos disse que queria deixar de comer pizza às sextas-feiras. Por norma, é o dia em que saio mais tarde do trabalho. Por isso, gosto de comprar pizza, tal como gosto de come-la sentado no chão da sala, encostado ao sofá enquanto vejo televisão. É uma espécie de ritual que dá início ao fim-de-semana e que aconselho. Mas, tentei contrariar isto. Apesar de não fazer este tipo de refeições no resto da semana, queria começar a comer pizza menos vezes.

E tudo corria bem. Até ao momento que alguém contou esta minha vontade ao sr. Telepizza. Presumo que alguém lhe tenha contado porque comecei a receber mensagens deste senhor a dizer que posso ir buscar três pizzas e pagar apenas uma. E que se for necessário ainda me oferece uma bebida de litro ou pães de alho ou gelados.

Perguntarem-me isto é o equivalente a questionarem o meu interesse em saber a chave vencedora do euromilhões. Por isso, odeio-te sr. Telepizza. Não gosto mesmo nada de ti. És um malvado e nunca mais te quero ver na vida. Agora, que já enganei a minha consciência, podes pôr as três pizzas no forno que vou a caminho. Até já!   

não sei se sou bruto mas vale a pena


Não gosto de intermediários. Não do conceito em si mas daqueles que complicam. Pessoalmente, prefiro tratar de tudo directamente com a pessoa realmente interessada. Não sou pessoa para perder tempo com rodriguinhos que não me levam a lado nenhum. Quem só me fazem perder tempo.

Porém, sou aquilo a que se chama um tipo porreiro. Ou seja, presto atenção ao que me têm para dizer. Mesmo que tope à partida que o único objectivo dessas pessoas é dar-me música. Contudo, tenho os meus limites. Um deles é que o intermediário queira fazer de mim uma bola de pingue-pongue que anda de um lado para o outro. Que queira fazer de mim o intermediário.

Quando me deparo com este cenário tomo uma atitude que para muitas pessoas é ser bruto. Ou seja, sou frontal. Não ultrapasso a barreira da boa-educação. Não desço de nível mas digo o que tenho a dizer. Realço o meu ponto de vista. Curiosamente, assim que o faço, tudo se resolve. Rápido e simples.

Porém, quando só me deixam seguir este caminho fico sempre a pensar se terei sido aquilo a que as pessoas chamam de bruto. Como desconheço esse conceito, não sei se sou ou não. Sei que digo a verdade. Sei que reforço o meu ponto de vista e explico o que me está a incomodar por não ter sido aquilo que foi previamente combinado. Se isto é ser bruto. Então sou dos piores. Mas com orgulho, porque vale a pena.