31.3.15

pergunta para elas

Alguém me consegue explicar porque é que, na sua maioria, as mulheres acabam por se deixar influenciar pelas opiniões, desejos ou vontades das amigas, mesmo que sejam diferentes da sua opinião, desejo ou vontade?

se é para aderir à moda das corridas, que seja em condições

Em Agosto de 2013 escrevi este texto dedicado à corrida. Já passaram quase dois anos desde que foi escrito mas continua bastante actual pois a febre das corridas (running, para quem preferir) aumentou com cada vez mais adeptos. Ver muitas pessoas a correr é algo que me alegra. É sinal de que as pessoas estão cada vez mais atentas à saúde. E isso é bom para todos. Porém, observar as pessoas que correm é algo que ainda me entristece, no sentido que muitas pessoas não estão minimamente preparadas para o que fazem. Infelizmente, muitas pessoas correm apenas e só porque correr está na moda. É uma realidade que não pode ser negada. Correm porque o(a) famoso(a) corre, porque o(a) blogger corre ou até porque o(a) vizinho(a) do lado e os(as) colegas do trabalho também correm. E se estas pessoas correm dez ou mais quilómetros, eu também tenho de correr. Mesmo que não pratique desporto há mais de dez anos. Como tal, vou ao roupeiro, pego numa roupa qualquer, nuns ténis velhos que estão ali de lado e toca a correr dez quilómetros que é para poder dizer aos outros que também corro dez quilómetros.

Aconselhar alguém a realizar uma avaliação física é o primeiro passo. Mais vale prevenir e saber se está tudo bem do que remediar uma qualquer lesão ou problema que se podia ter evitado. Depois disto, uma das coisas que considero fundamentais para quem corre é o calçado. Já vi pessoas a correr de sandálias e com ténis que não são indicados para desporto. Nesse sentido, e ao contrário do que fiz no texto antigo, vou partilhar alguns ténis que foram escolhidos como os melhores deste ano, de acordo com o site The Active Times. Convém salientar que listas de ténis são como as dos anti-vírus, ou sejam ficam desactualizadas depressa com o aparecimento de novidades. Porém, com ou sem novidades, qualquer uma destas escolhas é boa.

Antes de escolher os ténis, convém saber o tipo de passada. Isto é fundamental para que se compre um modelo que vá durar mais tempo e, mais importante, seja indicado ao atleta. Existem os pronadores (são aqueles que gastam mais sola do lado exterior do pé), os supinadores (lado de dentro) e os neutros (gastam a sola por igual). Existem lojas que disponibilizam um teste mas também podem ter uma ideia olhando para a sola do calçado que têm em casa. Assim percebem onde gastam mais sola. Sabendo isto pode investir-se nuns ténis mais caros escolhendo o modelo adequado e não aquele que tem as cores mais bonitas e que fica melhor nas fotografias.

Adidas adizero Adios Boost 2.0

Uma das escolhas dos maratonistas. Um modelo leve com tecnologia boost no amortecimento, que garante suporte e conforto ao mesmo tempo que oferece o máximo retorno e energia a cada passada.

Nike Lunar Eclipse 5

A qualidade do amortecimento da passada e as características de estabilidade são um cartão de visita. A plataforma Dynamic Support oferece um suporte extra sem peso adicional.

Asics Gel-Nimbus 17

Modelo bastante popular. É mais leve do que as versões anteriores e tem o sistema de retropé e antepé Gel aumenta o conforto global o que resulta numa corrida mais suave do que nunca.

Salomon S-Lab Fellcross 3

Considero um dos melhores modelos do ano para trail e a reputação da marca no que aos desportos ao ar livre diz respeito fala por si. É uma espécie de segunda pele nos pés daqueles que gostam de corridas em terrenos mais extremos.

Merrell All Out Charge

Outra boa escolha para os trail runners que gostam de se sentir seguros na corrida. Foi pensado tendo em conta a durabilidade e o amortecimento garante protecção contra o impacto.

New Balance Borocay

O destaque é o amortecimento suave e consistente atavés daquilo que a marca descreve como “a ciência a levar a suavidade a um nível nunca visto”. Ideal para corredores que querem uma passada suave e orientada.

Mizuno Wave Rider 18

As actualizações deste clássico passam por um melhoramento da zona dos dedos dos pés o que garante uma maior suavidade, uma maior durabilidade na sola que absorve melhor o choque garantindo uma maior protecção no impacto.

Este modelos destacam-se por um preço mais elevado. O que numa primeira análise pode soar a caro. Mas, quando se tem em conta o bem que fazem ao corpo, não apenas aos pés, e o dinheiro que poupam em eventuais tratamentos acabam por ser modelos baratos. Mesmo assim, quem não quer gastar (ou não pode) tanto dinheiro num destes modelos, poderá optar por um da própria marca das lojas de desporto. As marcas já disponibilizam modelos próprios com tecnologias semelhantes a estas com preços mais convidativos. O que aconselho é que comparem as características desses modelos ou que peçam ajuda aos funcionários de modo a perceber qual a melhor escolha.

Quanto à roupa, julgo que não seja necessário um aconselhamento mais prolongado. Nos dias que correm, qualquer loja tem roupa boa a bons preços. No meu caso, posso dizer que as tshirts que mais uso neste momento foram compradas no Lidl e provavelmente são as mais baratas que tenho. De resto, calções uso sempre (pelo menos na maioria das vezes) calções de futebol. Por fim, esqueçam lá isso de correr dez quilómetros hoje quando não correm há dez anos. Não digo que não consigam mas a pressa será sempre inimiga da perfeição. Nada tenho contra modas, mas aquelas que colocam em risco o corpo e a saúde devem ser separadas das demais. Espero que as dicas sejam úteis.

qual o número limite de pessoas com quem podemos ter sexo?

Quem é que define o número de pessoas com quem se pode ter sexo sem que seja considerado exagerado? Sinceramente, acho que isso depende de cada pessoa. Não são da opinião que ter sexo com duas, dez ou vinte pessoas influencie aquilo que a pessoa é. A única coisa que dispenso são pessoas que partilham publicamente os detalhes íntimos das suas relações sexuais. Aquelas pessoas que se gabam de fazer isto e aquilo na cama enquanto estão na máquina de café do local de trabalho com estranhos como audiência.

Mas, voltando ao número de pessoas com quem já se teve sexo. Ao longo dos tempos têm sido efectuados diversos inquéritos para tentar descobrir o número a partir do qual já se teve relações sexuais com pessoas a mais. De acordo com dados do psicólogo Norman R. Brown, da Universidade de Michigan, as mulheres têm, em média 8,6 parceiros sexuais durante a vida e os homens 31,9.

Por sua vez, segundo um inquérito levado a cabo pelo site de encontros eHarmony (apenas no Reino Unido) as mulheres assumem uma média de sete parceiros sexuais enquanto os homens assumem uma dezena. Ambos os dados são diferentes dos do Instituto Kinsey que referem que os homens (entre os 30 e 44 anos) têm entre seis e oito parceiras sexuais e as mulheres somente quatro. Por fim, a Sociedade Europeia de Ginecologia quis saber o mesmo. Foram inquiridas perto de dez mil mulheres, entre os 16 e 45 anos, e o resultado foi uma média de dez parceiros sexuais para a mulher europeia.

Quando o tema é este e quando observo uma média de 31,9 parceiras sexuais para os homens recordo-me do filme American Pie e da cena em que uma rapariga explica a outra que os homens inflacionam o número de mulheres com quem dormiram. Depois, estas listas têm sempre uma leitura diferente consoante o sexo. O tal homem das 31,9 parceiras será sempre um sedutor irresistível enquanto a mulher de dez parceiros será quase sempre uma puta. É ainda a imagem reinante.

Pessoalmente, não me importa o número de homens com quem uma mulher já dormiu. Não me importa a sua bagagem sexual (e não só) porque tomos carregamos uma. Não avalio a personalidade de uma mulher pela quantidade de relações sexuais que já teve. Como referi ao início só dispenso que partilhem publicamente, melhor, que se gabem dos detalhes que acontecem na sua cama com a mesma facilidade (e para a mesma audiência) com que falam da camisola nova comprada nos saldos. Acho que certos aspectos do sexo são como Las Vegas, onde o que lá acontece, fica para quem lá esteve.

porque ninguém brinca/goza com os piores

É caso para dizer que só acontece aos melhores. Cristiano Ronaldo foi alvo de brincadeira (ou gozo para quem preferir) por parte do canal humorístico brasileiro desimpedidos. O que fizeram foi pegar em tiques do jogador, leia-se gestos característicos seus dentro e fora do campo, e associar os mesmos à vida real. Ou seja, como seria Cristiano Ronaldo se fosse “apenas” mais um cidadão no meio de tantos outros. A resposta está aqui:


Chorei a rir com o vídeo. E acredito que até o próprio Cristiano Ronaldo achará piada ao que foi feito. É humor que não tem como objectivo principal gozar com alguém. São gestos característicos que faz com frequência e que ficam muito bem noutros casos (adoro a entrada no metro e o gesto para os carros na passadeira). E a verdade é que ninguém brinca/goza com os piores. É algo que acontece apenas aos melhores, como é o caso de Cristiano Ronaldo. E mesmo aqueles que pensam que têm piada mas que apenas tentam descredibilizar alguém com aquilo que consideram humor ou sátira só o fazem em relação aos melhores e aqueles que consideram superiores a si. Mas isso é tema para outro texto.

blogger morto à facada (e vão dois)

Mundo estranho este onde ainda existem pessoas que são mortas apenas porque têm uma opinião diferente. E porque partilham essa mesma opinião num blogue, por exemplo. Washigur Rahman, de 27 anos, foi brutalmente esfaqueado até à morte perto da sua casa, em Dacca, no Bangladesh, apenas e só porque era contra o fundamentalismo religioso. Esta morte acontece um mês depois de também ter sido assassinado, à catanada, o blogger norte-americano Avijit Roy, que era um dos mentores de um site dedicado ao ateísmo. O que vale é que somos todos charlie. Isto desde que os outros tenham a mesma opinião do que nós.

30.3.15

encaixa baby encaixa

Até Sexta-feira passada ainda não tinha ouvido falar da mais recente música (e vídeo) de Ana Malhoa que tem o nome Encaixa baby Encaixa. Ouvi falar da música no programa Fora do 5, de Pedro Fernandes, Luís Filipe Borges e António Raminhos, na Antena 3 (um dos melhores programas que existem na rádio neste horário). Não só fiquei a saber que existia esta música/vídeo como descobri que a artista é acusada de estar nua no mesmo. Para começar, e para quem não sabe do que falo, aqui fica o vídeo.


Antes de ir ao que foi dito no programa, em que Ana Malhoa era convidada, faço um breve apanhado das opiniões que tenho lido/ouvido sobre este vídeo. Indo directo ao assunto, a maior parte das acusações dizem respeito à classe, ou falta dela, deste vídeo. Ana Malhoa é acusada, na generalidade, de mau gosto. Depois, há quem critique o visual da cantora. Há quem diga que a música da introdução e a própria introdução são dignas de um filme porno. Há também quem não goste do local que parece um bar de alterne. Depois, existem aqueles que criticam a própria música, a letra, a frase de introdução da música e o registo de Ana Malhoa enquanto artista. Estas são as críticas que tenho lido/ouvido.

Agora, passo ao programa. Jorge, marido de Ana Malhoa, também estava no programa. Quando o vídeo e a alegada nudez de Ana Malhoa foram assunto, Jorge foi buscar outros exemplos. Explicou que, quando outras artistas como Beyoncé ou Shakira fazem algo do género – aparecer com menos roupa ou em danças sensuais – são destacadas pela sua vertente artística. Por sua vez, e esta é a opinião de Jorge, Ana Malhoa pode estar tapada até ao pescoço que estará sempre nua. Misturar a perspectiva das críticas com a defendida pelo marido de Ana Malhoa chega para levantar diversas questões.

Começando pela comparação entre os vídeos de Shakira e Beyoncé com este. As realidade são distintas. O universo é diferente. As artistas são diferentes. E os vídeos são diferentes. Isto ninguém pode negar. Mas, pegando na ideia de Jorge, vamos transportar Shakira e Beyoncé e qualquer uma das suas músicas para este cenário. Ou seja, o vídeo seria o mesmo de Ana Malhoa. A roupa seria igual, tal como o guião. Só mudava a protagonista e música. A opinião final seria a mesma? Agora, e mais uma vez num cenário hipotético, vamos transportar Ana Malho para este vídeo (Telephone) onde estaria no lugar de Lady Gaga ao lado de Beyoncé. Mais uma vez, só muda a protagonista e a música até podia ser Encaixa baby Encaixa. A opinião final seria a mesma? Estes dois cenários hipotéticos servem para tentar perceber se o estatuto de uma artista ajudam a moldar a nossa percepção de sensualidade e sobretudo de classe ou ausência dessa mesma classe.

Agora, esquecendo as palavras de Jorge e pegando apenas nas críticas. Está em causa a imagem que a maioria das pessoas tem em relação a Ana Malhoa? É mesmo falta de classe e de gosto? É o vídeo que é mau do princípio ao fim? É a música que faz com que tudo seja mau? É um estilo de que não se gosta e isso influencia o resto? Ou simplesmente é tudo mau? Ou aquilo que as pessoas defendem como mau impede que se veja algo positivo?

Por fim, neste tipo de vídeos ou mesmo em relação a artistas que recorrem à sensualidade, o que define a linha que separa o bom do mau gosto e a classe da ausência da mesma?

para comer, vestir ou ambos?

Muitas pessoas olham para a cadeia McDonald´s como a principal responsável pela obesidade de algumas pessoas. Quando ouço algumas críticas neste sentido fico com a ideia que obrigam as pessoas a ir lá comer um hambúrguer. Mas esse não é o tema deste texto. Se o McDonald´s fosse dividido em equipas, criadas com base nos seus hambúrgueres, eu faria parte da equipa McBacon. Mas uma grande parte (a maioria, acredito) faria parte da equipa Big Mac, aquele que será o hambúrguer mais popular da cadeira de fast food.

Mais do que desejar que se devore um dos seus hambúrgueres, o McDonald´s da Suécia decidiu pegar na imagem do icónico Big Mac e transformar o mesmo numa colecção de roupa e não só que pode ser adquirida online aqui. As criações são diversificadas e podem agradar aos mais diferentes públicos. Partilho aqui o que existe até ao momento, apesar de nem todos os artigos estarem disponíveis para compra. As receitas revertem para a Ronald McDonald House Charities.









Destas imagens destaco a da roupa para exercício físico pois é aquela que as pessoas mais comentam. Os comentários dividem-se entre a surpresa e o espanto de ter um hambúrguer estampado em roupa de desporto. Como se as pessoas que comem hambúrgueres estivessem impedidas de praticar desporto/ser saudáveis e aquelas que os comem tivessem obrigatoriamente que ser sedentárias. Fica a questão: uma boa ideia? 

andreas lubitz

O trágico acidente do voo 4U 9525 é um daqueles caso em que quanto mais sei, menos quero saber. Inicialmente acreditei que seria “apenas” mais um dia trágico para a história da aviação. Seria “somente” mais um acidente que infelizmente acabava com a vida de 150 pessoas. Na altura do acidente acabei por nada escrever sobre o mesmo para perceber o que poderia ter motivado este desfecho. Uma avaria? Era nisso que acreditava estando longe de imaginar que, na realidade, tinha sido obra de um homem que desejava este desfecho.

Neste momento já não existem dúvidas. Andreas Lubitz, o co-piloto do airbus fez o avião cair. E não o fez num acto de loucura. Foi algo estudado detalhadamente. Os dados mais recentes revelam que o jovem alemão fez os possíveis para ficar sozinho no cockpit do avião, insistindo para que o piloto fosse à casa-de-banho. E que no momento de discutir a aterragem com o piloto disse coisas como “esperemos” e “logo se vê”. Além disso, a sua respiração manteve-se calma até ao momento da queda nos Alpes. Isto chega para provar que sabia o que queria e sabia o que fazia.

Depois, existem dados que levantam diversas questões. Como é que alguém que teve uma grave depressão e alegadamente tinha graves problemas psiquiátricos conseguiu superar os testes físicos e psicológicos, efectuados em 2013? Como é que Andreas Lubitz enganou e iludiu a companhia aérea para que trabalhava, escondendo a baixa médica e a indicação de que não estava apto para trabalhar. Depois existem dúvidas em relação à própria segurança do avião.

Depois do 11 de Setembro, os cockpits passaram a ser abertos apenas por dentro. O que faz sentido, até porque existe um código de segurança que permite abrir a porta pelo exterior. Mas que pode ser anulado por quem esteja dentro do cockpit, algo que Andreas Lubitz terá feito, de acordo com as autoridades francesas. Posto isto, qual é a solução? Viver com medo? Deixar de andar de avião? Passar a ter um polícia/segurança dentro do cockpit? Esperar que esse polícia/segurança também não tenha um plano maquiavélico?

Também já me tentei colocar no papel dos pais de Andreas Lubitz. Não consigo imaginar o que sentem. Mas acredito que percebam que não conheciam o filho. Devem questionar onde falharam na sua educação. Devem questionar se lhe faltou amor. Acredito também que se sintam, de certo modo, responsáveis pela morte das 150 pessoas. Tal como não consigo imaginar o que sentem os familiares e amigos das vítimas que não devem parar de procurar resposta para a pergunta: porquê? Resposta essa que nunca chega.

Agora, discute-se a segurança dentro do avião. Passa a ser proibido que esteja apenas uma pessoa dentro do cockpit, uma medida já pensada e que agora será colocada em prática. Depois existe outra questão que tem de ser debatida e que diz respeito ao sigilo médico. Em casos como este, o médico deve calar-se ou alertar a companhia aérea por acreditar que possa existir risco para a vida de outras pessoas? São muitas questões, muitas dúvidas mas existe uma certeza: o medo não pode vencer nem dominar a vida das pessoas.

sentir-me vivo e orgulho em ser fénix

Neste texto partilhei o convite que me foi feito para fazer parte de uma equipa de futsal. Pois bem, Sábado foi dia do primeiro jogo ao serviço do novo clube. Na Sexta o treino prolongou-se para lá das 23 horas e pouco tempo depois, às nove da manhã, era a hora da concentração no local do jogo. Não escondo que estava ansioso com o momento do apito inicial e curioso em descobrir como é que o corpo ia reagir à exigência física de um jogo de futsal, que nada se compara com o trabalho que faço no ginásio. O treino que faço de segunda a sexta é excelente e ajuda-me a estar em forma mas aquilo que o corpo “sofre” durante o jogo é completamente diferente.

O último treino correu mal, muito mal. Isto do ponto de vista do jogo de equipa. As jogadas estavam a sair mal. Os golos não apareciam. Ao contrário dos que se acumulavam na nossa baliza. As rotinas de jogo pareciam não existir. Cada um de nós parecia estar perdido no campo, sem saber o que fazer. No balneário, e na brincadeira, dissemos que perder por uma diferença de 17 golos seria uma vitória para nós. Isto porque temos pela frente clubes com uma dinâmica de jogo completamente diferente da nossa.

Até que o jogo começa. Entramos bem no jogo. Atacamos. Temos jogadas perigosas. Defendemos bem. Jogo controlado e equilibrado. O equipa adversária chega pela primeira vez com perigo à nossa baliza e faz golo. Mantemos a organização. Continuamos a fazer o nosso jogo. Tudo corre bem (menos o resultado) até que um novo erro nosso oferece mais um golo à equipa adversária. Chega o intervalo com uma desvantagem de dois golos. Discurso motivador. Temos motivos para estar orgulhosos. Temos pela frente uma equipa muito forte na teoria. Estamos a perder por dois golos. Mas a figura da equipa não envergonha ninguém.

A bola começa a rolar novamente. O jogo parece igual. Equilibrado. Até que surge um golo para nós. Minutos depois, novo golo. A vantagem está anulada. Minutos depois, novo golo para nós. A reviravolta estava feita. O jogo continuava equilibrado. Até que um novo erro nosso (e alguma sorte da equipa adversária) resulta num golo que coloca o marcador em 3-3. O tempo continua a avançar e este parece ser o resultado final. Até que num lance de bola parada fazemos o 3-4. Um lance ensaiado durante toda a semana que deu os seus frutos. Pouco tempo depois o apito final. E aqueles que pensavam que podiam perder por muitos acabaram por ganhar.

Isto pode parecer algo que não merece qualquer referência. Mas, para mim, é um exemplo de superação de um grupo de pessoas que fazem do conjunto das suas fraquezas uma força que serve, pelo menos, para dar luta aqueles que são reconhecidos como mais fortes. E quem pratica qualquer desporto já terá sentido um momento de superação destes. Que pode ser pessoal ou colectivo, dependendo da modalidade praticada. Aqui não há profissionais. São pessoas que trabalham e que ainda vão treinar ao final da noite. São pessoas que trocam horários no trabalho de modo a estar no jogo antes de mais um longo e duro dia de trabalho. E tudo isto dá muito mais sabor à vitória.

Pessoalmente, senti-me vivo. Não sabia se ia jogar de início e quanto tempo ia jogar. Acabei por jogar o tempo todo. Marquei um golo, ofereci outro e tive participação em mais um. Ainda tirei dois golos em cima da linha. O jogo foi Sábado de manhã e ainda tenho dores. Mas o tempo de jogo supera qualquer dor muscular. Hoje já treinei no ginásio. Logo tenho treino de futsal. E Quarta há mais um jogo. E tudo isto faz com que me sinta vivo. E é por coisas como estas que aconselho todas as pessoas a praticar desporto, seja ele qual for.

Porque independentemente da grandeza de um clube o símbolo no peito será sempre mais importante do que o nome nas costas: Clube Desportivo Fénix.

27.3.15

animais. quem conhece a nova tendência?


Já tinha visto pessoas com diferentes animais de estimação. Já tinha visto pessoas que os têm apenas e só para ostentação. Mas nunca tinha visto ninguém como Iulia Albu, uma designer romena (caso não esteja enganado). Será uma nova tendência?

pornografia de mulheres para mulheres

Sexo é tema tabu para muitas pessoas. A pornografia idem. Os sites pornográficos têm um número de visualizações gigantesco e a indústria dos filmes para adultos gera milhões mas aparentemente ninguém gosta de pornografia. Ou dito de outra maneira, ninguém assume gostar de pornografia. E ninguém vê pornografia. O número de pessoas que assume que vê é ainda reduzido e quase sempre catalogado de tarado sexual. No que tocas às mulheres, pior ainda. Até porque existe o mito de que as mulheres não gostam de pornografia. Que não passa disso mesmo, de um mito. E as que assumem ver são filhas do demo e umas badalhocas.

Uma verdade que ninguém pode negar é que, na sua generalidade, os filmes pornográficos são feitos para satisfazer o homem. São feitos a pensar no homem como consumidor final. Mas isto está a mudar. Ou já mudou! E o mérito é de Erika Lust, uma aluna de ciências políticas e sociais que passou a realizadora de filmes para adultos. “A mulher num filme porno é um objecto, satisfaz todas as fantasias masculinas e no fim sorri para a câmara com a maquilhagem desfeita e as mamas de plástico a cintilar. Eles são musculados, têm pilas maiores que o Burj Khalifa e são tão interessantes como um bloco de cimento. É preciso uma revolução”, defende a realizadora de 37 anos.

A crítica de Erika vai mais longe, considerando que os filmes pornográficos são chauvinistas e machistas. A realizadora defende ainda que os filmes não retratam a sexualidade real e que as actrizes escolhidas nem sempre correspondem às mulheres reais. Resumindo, a crítica central assenta na ideia que os filmes transmitem, ou seja, de que existe a subserviência da mulher que está ali apenas e só para servir sexualmente o homem. A realidade é assim?

Como tal, Erika Lust decidiu quebrar as regras da indústria pornográfica fazendo filmes que podem ser considerados de mulheres para mulheres. E enganem-se aqueles que pensam que isto significa filmes apenas com mulheres. São filmes que se destacam pelo bom gosto protagonizados por pessoas tão “reais” como qualquer uma que passe por aqui e leia este texto. Ignoram-se os clichés tradicionais dos filmes. Dá-se protagonismo ao erotismo e aos fetiches. Isto associado a histórias reais pois os filmes são feitos a partir de fantasiais reais do seu público.

Mãe de duas meninas, Erika Lust deseja que as suas filhas cresçam a lidar com a sexualidade sem a misoginia e chauvinismo presentes na generalidade da indústria pornográfica. Para quem estiver interessado, partilho o link para o seu site, onde são disponibilizados os seus filmes que são considerados como um lado bastante real da sexualidade. Erika Lust tinha a ambição de mudar a pornografia e parece que o conseguiu com diversas mulheres a assumirem que passaram a gostar de pornografia por sua causa. Por fim, enganem-se os homens que pensam que são filmes apenas para elas.

filmes que as pessoas devem ver antes de morrer #6

Nunca tinha ouvido falar de Gary Webb até ver Matem o Mensageiro, filme que conta a sua história. Gary Webb era um jornalista do modesto jornal San Jose Mercury News. De forma casual, até porque foi usado por uma mulher com um objectivo específico, descobre uma história que faz com que investigue a origem de uma das maiores, senão mesmo a maior, epidemia de crack que assolou as ruas dos Estados Unidos da América. Isto nos anos 90. A sua investigação leva à descoberta do envolvimento da CIA, durante o mandato de Ronald Reagan, no contrabando de cocaína para os EUA com o lucro a ser canalizado para o armamento dos rebeldes na Nicarágua de modo a fazer cair o Governo socialista.

Antes da publicação da história, Gary Webb é pressionado por agentes da CIA para não publicar a história. O jornalista não se assusta e a sua investigação é manchete do modesto jornal. A notícia atinge uma proporção nacional e faz tremer o país levanto à revolta da população que passa a respeitar o jornalista (sobretudo a comunidade negra). A partir daqui existe uma verdadeira caça ao homem com Gary Webb a ser descredibilizado por tudo e todos. A sua história é transformada numa mentira e o próprio jornal decide publicar uma espécie de desmentido em relação ao trabalho de Gary Webb. O jornalista acaba por se demitir e nunca mais consegue trabalhar na área. Chega ainda a ganhar um Pulitzer, o prémio que qualquer jornalista ambiciona receber por outro trabalho que não este. Poucos anos mais tarde, Gary Webb é encontrado morto no seu apartamento. Supostamente suicidou-se com dois tiros na cabeça.

O filme é baseado na história verídica de Gary Webb e deste caso. Para muitos este filme não passa de uma mentira, tal como o artigo de Gary Webb. Para outros, é a mais pura das verdades, até porque levou a um comportamento estranho da CIA e uma demissão também ela estranha. Até hoje, muitos questionam o suposto suicídio do jornalista. Uma das pessoas com quem mais falava revelou que falou com Gary Webb dias antes da sua morte e que este confessou que se sentia vigiado por pessoas do Governo que rondavam a sua casa e também mexiam no seu carro. Gary Webb foi abandonado por todos. E nunca teve o apoio dos jornalistas. Aliás, as grandes publicações fizeram tudo para o descredibilizar e ainda hoje não acreditam no seu trabalho.

Este é daqueles filmes que dá que pensar. Acho que é daqueles filmes que todas as pessoas devem ver antes de morrer porque coloca o dedo na ferida. Deixa a vontade de descobrir mais detalhes sobre o que se passou, de modo a perceber se estamos perante dados verídicos ou se estamos perante uma invenção de um jornalista. Por isto e muito mais, Matem o Mensageiro é um filme obrigatório. Já me esquecia. Jeremy Renner é quem tem a missão de fazer de Gary Webb. E está brilhante no papel.

26.3.15

ainda sobre o caso simba

Neste texto dei a minha opinião sobre o caso Simba, o cão que foi abatido a tiro. Naquelas linhas partilhei a minha opinião enquanto pessoa que teve um cão ao longo de 14 anos e que sempre o tratou como um membro da família. Revelei ainda a minha revolta contra a ideia de que não se deve perder muito tempo com isto porque é apenas um cão e não mais do que isso. Até ao momento o texto teve perto de três mil visualizações e gerou largas dezenas de comentários num debate que considero educado.

Ao longo do debate o tema acabou por fugir do seu tema central. A discussão acabou por ser: tratar um animal como humano é certo ou errado? Quando a questão não é essa. Faço parte, com muito orgulho, do grupo de pessoas que olham para um animal, neste caso um cão, e conseguem ver mais do que uma bola de pêlo que ladra. Isto não significa que não compreenda que existem pessoas para quem um cão não passa de um animal inferior. Cada qual olha para um animal como quer. Até porque, se existem pessoas que consideram que outro género ou raça são inferiores, quanto mais um animal. São opiniões e modos de encarar a vida mas a discussão não é essa.

O ponto importante, e que não pode variar entre quem gosta ou odeia animais é que existe uma lei que protege os animais de maus-tratos. É isso que está em causa. O facto de uma pessoa não gostar de cães não significa que se olhe para uma lei como algo menos importante apenas porque essa lei diz respeito a um animal de que não se gosta. Porque as pessoas também não podem ignorar as leis de que não gostam. Leis essas que dizem respeito a pessoas. E porque as pessoas, pelo menos na sua maioria, não resolvem problemas com tiros de caçadeira.

Outro ponto que me faz alguma confusão é olhar para esta situação como algo menor. Quem somos nós para defender que o assassínio de um cão, que a nós não nos diz nada mas que para uma família significa o mundo, é algo menor?Desde quando é que as infracções são vistas como menores ou menos importantes de acordo com as nossas preferências pessoais? Isto aplica-se aos animais? Aplica-se aos males que não nos tocam de perto? Ou será que temos de criar uma tabela de prioridades? Por exemplo, partem-me o vidro do carro. Mas existe uma pessoa, que não conheço e que mora a milhares de quilómetros de mim, a quem partiram os vidros todos da casa. O meu caso deixa de ser importante porque existe outro que envolve mais vidros partidos?

Existe uma lei que foi infringida. Como tal é necessário apurar responsabilidades. Não se vai fechar os olhos apenas porque o triste protagonista desta história é um cão. Porque existe uma lei que defende esse cão. E felizmente, existem pessoas que fazem tudo para que exista justiça em relação a essa lei. E isto aplica-se ao Simba como a todos os outros Simbas que são vítimas. E este desejo de justiça devia ser transversal às pessoas que adoram ou detestam animais. Porque a grande questão deste triste acontecimento é a justiça. E infelizmente muitas pessoas fecham os olhos a essa realidade.

Isto das causas menores (que é algo estranho para mim) está presente em todo o lado. Tudo pode ser visto como uma causa menor. Porque a grande maioria das injustiças diz respeito a grupos que, por norma, fogem daquilo que alguém, algures, definiu como padrão normal. E mesmo os crimes são cometidos por minorias. Felizmente, o número de criminosos é menor do que aqueles que cumprem a lei. Fechar os olhos porque é apenas um cão é algo que considero errado. E, volto a dizer, não se trata de amar ou odiar um animal. Trata-se de justiça.

quando a vida anda para trás

Gosto de olhar para a vida como um rio que corre o seu curso natural. Em condições normais (ou ideais) gosto de acreditar que a maior parte das pessoas tem oportunidade de brincar enquanto criança. De estudar. De evoluir ao longo da etapa de estudos. De frequentar um curso académico. De conseguir um primeiro emprego. E outro melhor do que o primeiro. E mais um melhor do que os anteriores. E por aí fora. Que encontra alguém que ame verdadeiramente. Que se junte a essa pessoa. Que as duas vidas passem a uma. E que dessa junção resulte uma família, independentemente do conceito de família de cada pessoa.

Tenho a noção de que esta não é uma realidade universal. Existem etapas que são negadas a muitas pessoas. E existem etapas que são ignoradas ou dispensadas por outras pessoas. Mesmo assim, e tendo em conta essas variantes, continuo a gostar de ver a vida como um rio que corre o seu curso natural. Isto no sentido de que gosto de ver a vida como uma evolução. Ou seja, os degraus que são pisados hoje estão num patamar mais elevado do que aqueles que foram pisados há um ano.

Esta evolução não impede que existam momentos em que a vida anda para trás. E este andar para trás diz respeito aqueles momentos por que todas as pessoas (pelo menos a sua maioria) passam. São aqueles momentos mais complicados que exigem escolhas ponderadas que estão associadas ao nível de vida. “Já não posso almoçar todos os dias fora. Almoço uma vez por semana e assim canalizo o dinheiro dos almoços para outras coisas”, é um exemplo. “Já não tomo o pequeno-almoço fora todos os dias e assim pouco x dinheiro por mês”, é outro exemplo. São aquelas medidas em que se pensa quando existe uma necessidade de poupança. Quando é necessário cortar em algo de modo a que o dinheiro se estenda para outras coisas mais importantes. Isto sempre de acordo com as prioridades de cada um.

Tomar este tipo de decisões é ver a vida andar para trás. É sentir a necessidade de travar algo. De regressar a um patamar inferior aquele em que se vive. Se assim não fosse, não se mudava. Mantinha-se o estilo de vida sem qualquer alteração. Mas uma coisa é fazer isto com dinheiro. É ter dinheiro no bolso, menos do que se tinha, e tomar a decisão sensata de fazer render ao máximo o dinheiro que se tem. Isto é dar um passo atrás mas sem perder o tal sentido de evolução natural de que falei. Outra coisa completamente diferente é ter os bolsos vazios. E arranjar forma de fazer esse vazio transformar-se em dinheiro.

Hoje falou-se disto ao almoço. Como se consegue? Não se consegue. Não se vive, sobrevive-se. Não se faz planos para um futuro que vá além de uma semana ou um mês. Acredita-se que o amanhã será melhor. Procura-se o maior número de refúgios possíveis para mente, desde família a amigos. Procura-se o refúgio numa gargalhada de modo a evitar uma lágrima. Não se pensa. Evita-se pensar. Não se fazem contas, contam-se piadas. E isto tudo numa espécie de loop interminável.

pecados mortais da maquilhagem feminina

Enquanto homem considero que um dos maiores turn off passa pela maquilhagem das mulheres. Com isto não estou a dizer que sou contra mulheres que se maquilham. Sou adepto da beleza natural e das marcas características de uma mulher mas também aprecio uma mulher bem maquilhada. Também gosto de mulheres que se sabem tirar o melhor partido dos cosméticos sem que isso signifique ganhar um ar artificial. O que é completamente diferente de aparentar que decorreu uma orgia de cosméticos na cara de alguém.

Nos dias que correm, acho que é fácil uma mulher aprender o essencial para estar bem maquilhada. As lojas têm profissionais que supostamente sabem dar as indiciações correctas. Essas mesmas lojas costumam ter profissionais de determinadas marcas que até costumam maquilhar as pessoas de forma gratuita. Além disso, o acesso à informação está facilitado. Por isso, acredito que uma mulher só não aprende a maquilhar-se caso não queira por achar que já sabe tudo. Nesse sentido, partilho aqueles que podem ser considerados os pecados mortais da maquilhagem.

Não prepara a pele
Um dos mais básicos e provavelmente dos mais ignorados. Preparar a pele para a maquilhagem não significa aplicar base ou pó. Trata-se de lavar o rosto e aplicar, por exemplo, um creme hidratante. Uma pele seca nunca terá o melhor dos aspectos maquilhada porque a pele ressequida irá alterar o aspecto final.

Protagonismo exagerado do blush
Vamos imaginar que o blush é um actor de um filme. Se assim fosse, nunca seria o protagonista. O blush não passa de um actor secundário. Por isso, cuidado com o protagonismo dado ao mesmo pois nunca irá ganhar um Oscar.

Base ou pó que devem ser de outra pessoa
Base e o pó compacto servem apenas e só para disfarçar imperfeições. Nesse sentido, é bom escolher um tom o mais próximo possível do tom natural da pele. Escolher o tom errado destaca o rosto do resto do corpo de forma errada. Deve ser aplicada a quantidade estritamente necessária. Base a mais acaba por realçar aquilo que se tenta disfarçar.

Excesso de rímel
Excesso de rímel resulta sempre na acumulação do produto nos cantos dos olhos. Nada como retirar o excesso com um cotonete quando se acaba de maquilhar.

Informação a mais
Há quem goste de destacar os lábios. Há quem goste de destacar os olhos. Há quem goste de destacar as bochechas. E há quem goste de destacar tudo ao mesmo tempo. Por exemplo, quem gosta de destacar os olhos, deve apostar em cores suaves nos lábios e vice-versa.

Dormir com maquilhagem
Por maior que seja o cansaço no final do dia deve remover-se a maquilhagem antes de ir dormir. Pelo simples facto de que a pele transpira, acumula impurezas, óleo e poluição ao longo do dia. Limpar a cara é o mais indicado para não asfixiar a pele e evitar problemas como acne e outras infecções. Convém escolher o desmaquilhante mais adequado aos produtos que se utiliza.

sonhos que ressuscitam e ironia do destino

Já lá vão alguns anos, não muitos, desde que fiz o meu último jogo de futebol oficial. Na altura jogava no Grupo Desportivo União Azóia (saudades), da zona de Sesimbra. Quando efectuei o último jogo acreditei que ia pendurar as chuteiras. E a sensação foi diferente da que já tinha experimentado quando disse o mesmo na altura em que jogava no Beira-Mar de Almada. Naquela altura tinha dito o mesmo mas sabia que não estava verdadeiramente a sentir as palavras.

A última decisão foi mais ponderada. Entendi que tinha chegado a minha hora, apesar de gostar muito de futebol. Estava saturado de algumas situações e começava a achar que estava a perder tempo. Sendo assim, preferi ocupar o tempo com outras coisa. Até que surgiu um novo convite. Para um projecto semelhante a esse. Que entendi não aceitar. Por continuar a achar que ia perder tempo. Depois disto estive longos meses sem jogar futebol, nem sequer com os amigos.

Até que num destes dias o telefone tocou. “Bruno, queres fazer parte de uma equipa de futsal?”, perguntou-me o meu cunhado do outro lado. Quis dizer que sim mas preferi dizer que ia pensar no assunto. Acabei por aceitar ir a um treino para conhecer o projecto. Fui bem recebido e fui logo consumido pela vontade de jogar futebol. Mesmo assim não me comprometi a ficar. Até porque até ao momento de sair de casa estava indeciso entre ir ou não treinar.

O tempo foi passando e ontem fui convidado a ser inscrito na equipa. Aceitei. E Sábado tem lugar o primeiro jogo. Curiosamente, e por ironia do destino, o jogo está marcado para um campo de má memória para mim. A última vez que pisei aquele campo saí de lá com o lábio rasgado e no hospital levei mais de dez pontos na boca. Por mais anos que viva não me irei esquecer da sensação da agulha a raspar nos dentes, isto mesmo com anestesia. Felizmente, esta é a única memória que guardo desse acontecimento pois não tenho qualquer marca física que torne impossível esquecer.

Tudo isto que escrevi até agora pode soar a banalidade para a maior parte das pessoas. É bem provável que a realidade seja essa. Para mim, e para quem me conhece bem, sabe o que isto representa para mim. Pois trata-se de um desafio pessoal. Um teste às minhas capacidades. Um processo de conquista que começa do zero e que me leva a conquistar o meu espaço junto de outras pessoas e de um grupo que já se conhece pessoalmente e desportivamente. Que chegue a manhã de Sábado para a bola começar a rolar novamente de forma oficial. Primeiro objectivo, matar o monstro que o campo representa para mim. O resto... logo se vê!

agora escrevo eu #34

Neste texto, no passado fim-de-semana, brinquei ao dizer que era a “única” pessoa que não tinha estado na meia maratona de Lisboa. Nos comentários desse post expliquei que entendo que correr está na moda e que muitas pessoas ignoram a preparação necessária para uma prova destas. Correm porque é giro correr, porque todos correm e para partilhar imagens nas redes sociais. Um dia depois, recebi um email de um amigo que já foi atleta federado e que também correu a meia maratona de Lisboa. Como existem modas que podem ser perigosas, aconselho a leitura deste texto/relato de alguém que já levou a corrida muito a sério. Obrigado pelo texto.

“Li o texto que escreveste no blogue sobre a corrida e gostaria de partilhar a minha experiência enquanto foi atleta federado, isto caso não te importes.

Ao ler o teu texto, falas sobre algo muito importante e que muita gente desconhece, os seus limites, correr porque está na moda não é correcto, fazer uma meia maratona sem se treinar e sem se ter um acompanhamento correcto é ainda pior. Passo a falar da minha experiência pessoal enquanto atleta, em treinava todos os dias cerca de hora e meia a duas horas, sempre acompanhado por uma equipa constituída por médico e um treinador especializado em corrida.

Começando pela parte médica, ia fazer exames ao centro de medicina desportiva de 6 em 6 meses, e era ainda acompanhado pelo medico do clube que, nos controlava regularmente quer fosse através de análises de sangue quer fosse através de electrocardiograma normal ou de esforço, em que nos eram receitados alguns produtos para tomarmos, para nos ajudar a ter um equilíbrio fisiológico, no meu caso quase sempre era receitado duas vezes por ano magnesona para ajudar na recuperação muscular, e nas cãibras quais eu sofria muito.

A nível do treino era acompanhado por um treinador especializado, o qual me estipulava um plano de treino adequado aos meus objectivos. Treinava arduamente para esticar um pouco mais os meus limites, habituar o meu corpo a um grande esforço e a uma rápida recuperação, podia passar horas a falar sobre este tema, mas não o vou fazer.

No início desta minha aventura, não conhecia os meus limites, e por algumas vezes os ultrapassei caindo em lesões e fases de provas em que tive que abandonar e ser assistido pelos médicos, depois comecei a treinar com aquele que me ensinou muito sobre este desporto e que através de alguns testes físicos, definiu o meu limite e com um planeamento do treino me levou atingir novos limites, para os quais tive de trabalhar muito e ter muita calma, para os atingir.

Ao fim de alguns anos fiz a minha primeira meia maratona da ponte 25 Abril, com o tempo de 1 hora 16 minutos.

Com isto apenas quero dizer que quem pretende fazer corrida como desporto deve conhecer-se primeiro, fazer exames para ver se não existem problemas que impeçam a prática desportiva, e se possível procurar uma pessoa especializada para ajudar a melhorar e correr melhor, pois correr também tem técnica, não basta só sair de casa com uns ténis xpto e somos logo bons.”

25.3.15

a ex que se compara com a actual

Nunca compreendi a necessidade, que se não é isso parece, que algumas pessoas têm em descobrir quem é a pessoa que agora está ao lado de alguém com quem já mantiveram uma relação amorosa. Pessoas que não descansam enquanto não descobrem quem é a outra ou o outro que ocupa um lugar que foi seu. E que precisam desse momento para efectuar uma comparação. “Ela é mais magra do que eu”, lamentam. “Tem umas mamas maiores do que as minhas”, é outro dos lamentos. “É mais nova do que eu”, é provavelmente o lamento/comparação mais popular.

Depois, existe o outro lado da comparação. O da alegria ou contentamento. “Ela é gorda”, congratulam-se. “As minha mamas são maiores”, dizem entre sorrisos mais ou menos maquiavélicos. “Tem idade para ser mãe dele”, rejubilam. E o mesmo se passa com eles. “O gajo é só músculos”, disparam. “Tem um ar apaneleirado”, acusam. “É gordo e careca”, dizem com alegria. “Parece pai dela”, destacam com um sorriso nos lábios.

Apesar de ter dado exemplos de ambos os sexos, considero que, de forma geral, este é um comportamento mais visto nas mulheres. E a culpa não é apenas de quem tem este tipo de atitudes mas também das pessoas que rodeiam essas mulheres. Quando conversam e quando uma mulher diz que o ex já tem outra, começam as perguntas. “É gira?”, “É mais magra?” ou “É mais nova?”, são apenas alguns dos exemplos do que ouvem e que acaba por motivar as desnecessárias comparações.

Por outro lado, e mais uma vez é apenas a minha ideia, acho que estas conversas são menos comuns entre homens. Não existem muitas conversas sobre quem é o homem que agora está com a ex de alguém. E, por mais que o homem sinta a necessidade de fazer essa comparação, é um processo solitário. É algo que o homem faz sozinho enquanto, junto dos amigos, finge não estar minimamente interessado na pessoa que agora está com a sua ex.

Em qualquer dos casos acho que este necessidade de comparação é tão dispensável como aquela que algumas pessoas tendem a fazer com os actuais companheiros, dizendo que o(a) ex era assim e assado. Parece que existe a necessidade de encontrar todas as desculpas e mais algumas para justificar algo. Parece que não conseguem descansar ou seguir em frente enquanto não encontrarem alguém que imaginem ou vejam como piores e inferiores. Simplesmente é um ou uma ex e não mais do que isso.  Tão simples com isso.

não recomendado a quem vê a sexualização da mulher em todo o lado

Tal como o post, este vídeo não é recomendado a pessoas que ficam ofendidas com a presença de mulheres em lingerie em anúncios, neste caso daquele que garantem ser o hambúrguer mais picante do mercado. Também não é recomendado a quem não gosta de hambúrgueres. Nem a pessoas friorentas. Nem a quem “detesta” a Sara Sampaio. E muito menos a quem fica fulo com um cenário que junte tudo isto.


A “nossa” Sara Sampaio foi escolhida para protagonizar o novo anúncio da Carl´s JR & Hardee´s, uma cadeia norte americana de fast food que, no que toca à publicidade, é conhecida por contratar mulheres bonitas (Heidi Klum, Kate Upton e Kim Kardashian são apenas alguns exemplos) para os seus anúncios que se destacam pela vertente sexy. Too Hot To Handle, protagonizado por Sara Sampaio, serve para apresentar El Diablo, o novo hambúrguer da casa e tem estreia marcada, nos canais norte-americanos, para a próxima segunda-feira.

Coisas várias sobre este anúncio:

- Acho que não vale a pena debater a sexualização da mulher porque a marca assume que os seus anúncios têm de ter um lado sexy.

- Acho que está muito bem feito.

- Sinto orgulho por ser uma portuguesa a estrela da campanha.

- Acho piada que Sara Sampaio seja protagonista de algo que adora comer, como já revelou publicamente e que serve para provar que as manequins também comem destas coisas.

- A Sara Sampaio é um mulherão.

- Gostava de provar o hambúrguer porque adoro hambúrgueres, bacon e picante.

um biquíni que vai acabar no meu corpinho

Alvoroço na redacção com as minhas colegas concentradas numa encomenda de biquínis. A loja é no Brasil e fazendo uma única encomenda divide-se o valor dos portes de envio por todas as pessoas. Sendo, neste momento, o único homem presente na redacção, perguntaram-me se queria escolher um para a minha mulher. Algo que me pareceu uma excelente ideia.

Eu: “Escolhe um”, disse-lhe, através de email, enviando o link da loja de biquínis.

Ela: “Não vale a pena”, responde-me.

Eu: “Então?”, reajo.

Ela: “Pode não vestir bem”, explica-me.

Eu: “Escolhe e cala-te”, brinco.

Eu: “Pelo preço [ficam a cerca de 17 euros] nem que fique para a piscina ou então uso eu”, acrescento.

Ela: “ahahahahaha. Então escolhe e surpreende-me”, escreve.

Eu: “Combinado”, concluo.

Por isso, se neste Verão se cruzarem com um homem de biquíni na praia digam olá. Provavelmente serei eu caso este processo não tenha um final feliz.

katia, a gorda ou uma no cravo e outra na ferradura

As pessoas nunca estão satisfeitas com nada. Então se o tema da conversa disser respeito a mulheres, corpos e beleza, ainda pior. Recentemente surgiu uma polémica porque em França querem banir algumas manequins das passerelles porque são magras demais. Este é um lado da moeda. A magreza. Mulheres magras são facilmente apelidadas de anorécticas. Não passam de um monte de ossos. 

Quando o tema são mulheres magras, defende-se outro peso. “As mulheres “gordinhas” é que são verdadeiras”, defendem. Mulheres com curvas é que são verdadeiras. Essas mulheres é que representam verdadeiramente as mulheres. As outras, as magras, não têm piada nenhuma, é uma opinião muito partilhada. Ou seja, mulheres magras fora daqui e mulheres “gordinhas” ou com curvas ao poder! Questiona-se até porque é que estas mulheres não têm o mesmo destaque das magras.

Até que as mulheres que muitos consideram normais (um conceito que me custa perceber pois acho que uma mulher magra é tão normal como uma com o peso que muitos consideram adequado ou mesmo com excesso de peso. São todas mulheres e todas normais) têm o seu “tempo de antena”, como aconteceu com Katia Aveiro, a primeira concorrente expulsa da mais recente edição de Dança com as Estrelas, programa da TVI, uma mulher que se sente bem (e isso é que importa) com aquilo que é. E aquilo que é parece-me muito bem.

Ao que parece, uma mulher com o peso e tamanho de Katia Aveiro não pode dançar. Katia foi “atacada” nas redes sociais com muitas pessoas a considerarem que uma mulher com mais de sessenta quilos não pode dançar. Só no seu blogue recebeu mais de trinta comentários a sugerir que perdesse peso quando assume que se sente elegante tal como é.

É por isso que defendo que é uma no cravo e outra na ferradura. Por um lado, as manequins são umas anorécticas que não servem para nada. Não passam de um monte de ossos. Por outro lado, as mulheres com mais de sessenta quilos não podem dançar. Será que só as mulheres com 55 quilos é que estão aptas para fazer tudo?

17 coisas que nos deixam stressados (surpreendidos?)

Afinal quais são as coisas que nos deixam stressados? Se tenho uma vida tão boa e sem problemas, porque motivo estou com stress? Um grupo de especialistas elaborou uma lista para o site Health e as respostas conseguem ser surpreendentes. Não é necessário que corra tudo mal para existir stress. Está muito engando quem acredita que o stress tem origem apenas no dinheiro, no trânsito matinal para o trabalho e em outras coisas negativas. Existem muitas outras fontes de stress. Eu descobri várias.

1 - A cara metade
A relação pode ser amorosa e repleta de felicidade. Isto não invalida a existência de coisas que afectam os nervos um do outro. Por exemplo, o início da partilha de uma casa está relacionado com hábitos e ocupação de espaços. A forma como se aperta o tudo da pasta dos dentes (no meio ou na ponta) é suficiente para causar stress. Mais tarde surgem outras questões como a educação dos filhos e as finanças. De acordo com os especialistas, a solução está no equilíbrio. Na quantidade de tempo que o casal passa junto – nem muito nem pouco – e também na comunicação, entre outras coisas.

2 - Pequenas coisas do quotidiano
Ouve-se com frequência que não se deve dar importância às pequenas coisas mas às vezes são elas que têm o maior impacto no nosso humor. Os telefonemas intermináveis de quem quer vender algo, os empregados de mau feitio e até os minutos à procura de lugar para estacionar. De acordo com os especialistas estas coisas mexem com medos inconscientes. É necessário perceber que se está a fazer o melhor que se pode em cada uma dessas situações que são aborrecidas.

3 - O stress dos outros
O stress é contagiante, provou um estudo alemão do ano passado. Observar pessoas stressadas é o suficiente para aumentar o stress. Quando existe preocupação com algo que aconteceu a alguém de quem se gosta também aumenta o stress. E por norma pensa-se mais nessas coisas quando se está a chegar a casa.

4 - Redes sociais
As redes sociais podem ser a única maneira de manter contacto com amigos com quem não se está regularmente mas também faz com que as pessoas se apercebam do stress presente na vida dos amigos. O que pode trazer maior stress vida das pessoas.

5 - Distracção
Uma distracção pode ser boa quando afasta a mente de uma situação stressante ou de uma escolha difícil. Mas tem o reverso da medalha. Quando isso acontece as pessoas distraem-se ao ponto de não aproveitar aquilo que as rodeia. Este tipo de distracções são uma receita de stress. O stress tende a desaparecer quando as pessoas se focam no presente, dizem os especialistas. Ficar focado no ambiente envolvente quando se caminha ou conduz é uma boa opção.

6 - Infância
Acontecimentos traumáticos que aconteceram na infância podem afectar o stress na vida adulta. Testes provam que esse acontecimentos podem alterar a parte do cérebro que processa o stress e emoções. A educação dada pelos pais também pode ter impacto.

7 - Chá e chocolate
As pessoas mais stressadas costumam ouvir que é melhor não beber café e é certo que a cafeína piora o stress. Mas beber diversas chávenas de chá ou comer uma tablete de chocolate negro não é a melhor opção. Pelo simples facto de que podem conter a quantidade de cafeína presente no café.

8 - Expectativas pessoais
Quando as coisas não correm como planeado as pessoas tendem a ficar zangadas e agem de forma defensiva. O que pode levar a uma vitimização pessoal. Isto não significa que as pessoas não devam ser ambiciosas nos seus objectivos. O importante é não ignorar o realismo desses objectivos.

9 - Reacção ao stress
Se a reacção ao stress é trabalhar horas a fio, ignorar os treinos físicos e refugiar-se na junk food, tudo está mal. Assim piora-se a situação. Treino físico e comida saudável ajudam a combater o stress.

10 - Multitasking
Por mais que a pessoa acredite ser super eficiente em diversas tarefas desempenhadas em simultâneo, o mais provável é que não seja. E isso só diminui a produtividade ao mesmo tempo que aumenta o stress. Nada melhor do que estar focado numa tarefa de cada vez. 

11 - Jogo da nossa equipa
Ver um jogo equilibrado da equipa favorita da modalidade preferida pode provocar stress, mesmo em caso de vitória. O corpo não distingue o stress mau do bom, motivado pela excitação de um jogo importante. Assistir aos jogos mexe com o sistema nervoso aumentado a adrenalina e diminuindo o sangue bombeado para o coração. Ingerir álcool também não ajuda. Não se pode controlar o jogo mas é possível limitar os efeitos no corpo.

12 - Gadgets
Quer seja em uso profissional ou pessoal, a tecnologia pode ter um papel importante na saúde mental. Usar computadores perto da hora de ir para a cama pode provocar problemas no sono. Passar muito tempo nas redes sociais pode fazer a vida real parece stressante.

13 - Vida saudável
Mesmo as pessoas mais saudáveis preocupam-se com o seu corpo, dietas e treinos. Pessoas que levam a vida saudável ao extremo podem ser vítimas de efeitos secundários. Por exemplo, pessoas que adoptam dietas com poucos hidratos de carbono podem sentir-se mais cansadas e stressadas.

14 - Tarefas domésticas
As tarefas domésticas ajudam a acalmar ou têm o efeito contrário? Se a pessoa sente que faz muito mais do que o outro irá sentir uma espécie de tortura. Dividir tarefas de forma justa e equilibrada é o melhor.

15 - Incerteza
Qualquer incerteza que esteja sempre presente no pensamento irá motivar ansiedade e stress. Saber que algo pode mudar a qualquer minuto torna impossível relaxar e aproveitar o que quer que seja.

16 - Animal de estimação
Por mais que se ame o animal de estimação é inegável que acresce uma dose de responsabilidade à vida do dono. Se o prato do stress já estiver cheio, a energia necessária para lidar com um animal de estimação vai ser um problema.

17 - Educação
Ter uma licenciatura aumenta a probabilidade de ter um emprego com um ordenado mais justo. Se por um lado diminui a ansiedade ligada ao dinheiro, aumenta o stress devido à pressão relacionada com o cargo e mesmo entre a vida profissional e familiar.

Agora que a lista está partilhada, existe por aí alguma surpresa em relação a estes dados ou a lista não tem nada de novo?

24.3.15

um produto de higiene cada vez mais procurado em portugal

Quando era puto tive pelo menos uma otite de que não me esqueço, tais eram as dores que sentia no ouvido, e que ainda hoje me leva a ter dúvidas sobre se a dor de ouvidos bate a dor de dentes. Além disso recordo-me de ir com os meus pais diversas vezes ao Hospital Dona Estefânia efectuar lavagens aos ouvidos. As dores e as lavagens aos ouvidos não deixaram nenhum trauma. Mas fizeram dos cotonetes amigos inseparáveis.

Faço parte do grupo de pessoas que “religiosamente” limpa os ouvidos diariamente com um cotonete. Até tenho uma caixa que juntamente com os outros produtos de higiene diária está no saco que levo para o ginásio. Ao longo dos tempos já ouvi de tudo um pouco. Devemos limpar os ouvidos com cotonetes. Não devemos limpar. Mas não nego que me incomoda a ideia de ter os ouvidos com cera suficiente para fazer uma ou duas estátuas para um museu da especialidade (algo que se vê com alguma frequência).

E sempre me vi como uma minoria. Já fui alvo de algumas brincadeiras por ter uma caixa de cotonetes comigo. Já assisti a brincadeiras em relação a outras pessoas que também não abdicam dos cotonetes. E isto fez com que me visse como membro de uma minoria. Sempre imaginei a "equipa do cotonete" como um pequeno grupo de amigos que se contam pelos dedos das mãos. Até hoje, quando li uma notícia do Sol.

Em primeiro lugar, fiquei a saber que existe apenas uma fábrica (do grupo Hidrofer) de cotonetes em Portugal e que está situada em Famalicão. Descobri também que esta unidade fabril produz 12500 unidade por minuto. E foi com surpresa que descobri que a fábrica foi obrigada a reduzir as exportações de modo a responder à crescente procura nacional. O que faz do cotonete um dos produtos de higiene mais procurados do momento em Portugal.

Parece que a equipa cotonete já não é tão pequena como a imaginava. Está por aí alguém que sempre fez parte desta equipa? Ou são membros recentes desta nova vaga de adeptos? Ou são ainda membros da equipa que não usa cotonetes?

os excessos das viagens de finalistas

Estamos na altura do ano em que os excessos costumam ser notícia. E as notícias costumam ter origem em Espanha, local onde se aglomeram os jovens estudantes portugueses que ali gozam alguns dias de loucura e de excessos que nem sempre têm um final feliz. Ano após ano vou lendo notícias que mostram que pouca coisa mudou em relação à altura em que estudava no secundário. Aliás, acredito que a ter mudado tenha sido o aumento do consumo de álcool e uma maior variedade de drogas às quais se tem um acesso mais facilitado nos dias que correm.

Na minha altura, a moda era Lloret de Mar. Foi para lá que foi a minha escola. Pelo menos boa parte dos alunos. Fui um dos que fiquei por cá e já irei explicar qual foi a minha opção. Ao contrário de boa parte dos alunos, nunca tive grandes desejos em relação à famosa viagem de finalistas. A começar, pelas histórias que ouvia. Ano após ano a Polícia encontrava droga nos autocarros. Nas semanas anteriores à viagem debatia-se a melhor forma de esconder droga nas malas de modo a que os cães (que sabiam que iam encontrar) não dessem por nada. E este tipo de coisas nunca me cativou.

Depois, as histórias eram iguais ano após ano. Eram as praxes que envolviam, por exemplo, shots de álcool puro. E eram as constantes histórias de excessos já em Espanha. Por exemplo, no ano da minha viagem aconteceram coisas como mobiliário dos quartos que viajava dos mesmos até à piscina numa rápida viagem feita a partir da varanda. Ou festas de espuma com recurso aos extintores. Alarmes de incêndio sempre a disparar tal era o fumo nos quartos. E até buracos que eram feitos de quarto para quarto. Ou seja, portas que isso de ir ao corredor é cansativo. Estes são alguns relatos do que aconteceu no ano em que optei por não ir. No ano em que fui finalista.

Defendo que um dos grandes problemas é que a maior parte dos adolescentes não sabe o que é liberdade com responsabilidade. É algo que não existe. Muitos nunca saem quando estão cá. Não bebem sequer um copo quando estão com os amigos. Outros não fumam ganzas nem tabaco. E o sexo é algo que muitos também desconhecem. Até que se apanham com uma total liberdade que, quanto muito, é controlada através de chamadas telefónicas que facilmente se ignoram. E parte dos jovens não sabe o que fazer com essa liberdade. E se o do lado bebe uma cerveja, ele tem de beber duas. Se parte uma cadeira, ele parte duas. Se fuma uma ganza, ele fuma duas. E por aí fora numa espécie de disputa sem fim. Exsite uma sede de viver tudo naqueles dias em que os pais são uma miragem distante que nada controla.

Ao estilo dos famosos filmes Amercian Pie, fazem-se pactos. “Vamos todos fazer isto e aquilo nas férias...”, dizem. Depois, muitos não conseguem dizer não aos desafios dos outros, daqueles que os desencaminham. E entra-se num efeito bola de neve de excessos que acaba com jovens bêbados caídos nas ruas, com miúdos e miúdas a arrependerem-se do que fizeram na noite anterior. E em alguns casos com marcas que ficam para sempre. A ausência de responsabilidade associada à liberdade é a linha que separa uns dias divertidos na companhia de amigos de uma série de lamentos.

Como referi, não fui um dos que foi a Lloret de Mar. Em vez disso, fui apenas com a minha turma para o arquipélago dos Açores. Se não me engano estivemos lá uma semana. Connosco foram os professores de que gostávamos e que fizemos questão de convidar. Estivemos em diversas ilhas e não faltou nenhum ingrediente daqueles que pautam as viagens para Espanha. É claro que também existiram excessos mas nunca ao ponto do descontrolo total. Esses excessos acabavam por ser motivo de brincadeira entre todos pois era um ambiente restrito a mais ou menos vinte alunos. E se fosse hoje, voltava a preferir esta viagem à ida para Lloret de Mar.

E este é o conselho que dou a quem tem pela frente uma viagem de finalistas. Optem por uma coisa mais restrita. Não se deixem levar pelos outros nem acabem a fazer coisas que provavelmente nem querem fazer. O preço acaba por ser quase igual, até porque nos dias que correm é muito mais barato viajar do que na minha altura. Optem por viajar com os amigos e num destino que desejem. A viagem será melhor e muito mais divertida.