28.1.22

é caro? então é bom

Conheço muitas pessoas (acredito que todos conhecemos) que olham para o preço de algo como sendo sinónimo de qualidade. Pode ser comida, vinho, roupa ou outra coisa qualquer. Se é caro, tem de ser bom. Algo com que não concordo. Porque não acho que o valor, do que quer que seja, signifique que estamos perante algo de qualidade superior.

E isto digo eu, que bebo vinhos com um preço inferior a dois euros. Que tenho t-shirts que custaram menos de cinco euros. Calças que custaram menos de vinte. E que adoro ir a tascas em que com meia dúzia de tostões faço uma bela refeição. O que não invalida que também não goste do delicioso arroz de lagosta e gambas do Solar dos Presuntos, para dar apenas um exemplo. Só que se olhasse apenas para o preço não faria nada do que comecei por referir. Porque iria achar imediatamente que era tudo sem qualidade.

Pegando no exemplo dos restaurantes. Já paguei caro e saí do restaurante a achar que tinha sido barato. Pela qualidade da comida e pelo atendimento. Como já paguei um pouco menos e senti-me “roubado”. Porque a comida não tinha qualidade e porque lidei com funcionários que não são o melhor espelho da casa. E aplico este modo de pensar praticamente a tudo. Só que, infelizmente, vivemos tempos em que outros valores se destacam.

Vivemos numa era de muita ostentação. De pessoas que não estão preocupadas com a qualidade, mas com o valor e a fama de algo. E que nem sequer estão preocupadas em divertirem-se com o que quer que seja. Ou sentirem-se bem com o que quer que seja. Aquilo que importa é mostrar aos outros. Que se tem, que se vai, que se come e que se bebe do mais caro que existe. E olha-se para isto como sinónimo de qualidade que mete inveja a todos aqueles que não podem gastar dinheiro naquelas coisas. Só que, cegas por este modo de pensar, muitas pessoas nem se apercebem de que os outros também poderiam gastar dinheiro nessas coisas. Simplesmente optam por outras coisas que garantem melhores momentos do que muitas coisas que... apenas são caras.

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