6.10.20

afinal, quem é que poupa dinheiro com o teletrabalho?

 Estou em teletrabalho há largos meses. Há mais de seis. E este texto não é um lamento em relação a esse cenário. Porque, verdade seja dita, prefiro estar a trabalhar no conforto do meu lar do que estar a fazer 80 quilómetros diários de carro. Sem esquecer, e aquilo que é mais importante, que posso estar perto da minha filha. Mesmo tendo em conta que não lhe posso dedicar toda a atenção durante o horário de expediente.

Apesar disto, já dei por mim a pensar na realidade do teletrabalho. Afinal, quem é que poupa dinheiro com este cenário? Os trabalhadores? Os patrões? Ambos? Já vi algumas reportagens sobre este tema. Todas elas centradas no trabalhador. Numa delas, uma pessoa dizia, por exemplo, que estava a poupar dinheiro porque não almoçava fora diariamente. Pensei: será que não come em casa as refeições que deixou de fazer fora?

Vou pegar no meu exemplo. Como referi, faço 80 quilómetros por dia. Esta é uma poupança para mim. O carro tem menos desgaste e não passo tempo no trânsito. Podia incluir o valor do combustível, mas é algo que não se aplica no meu caso. Mas mesmo tendo isso em conta, esta é a verdadeira poupança para mim. A partir daqui é um misto de cenários.

Por exemplo, gasto muito mais electricidade, água e gás. A minha profissão obriga-me a ter a televisão ligada durante o trabalho. Tenho o meu computador sempre ligado. Quando, em condições normais, tanto eu como a minha mulher estávamos a sair de casa entre as 7/8 da manhã e chegávamos ao final da dia. Durante essas horas, a casa não tinha qualquer despesa.

Também passei a comprar mais comida para ter em casa. Mesmo levando marmita quatro dias por semana para o trabalho, dou por mim a gastar mais dinheiro no supermercado do que normal. Poupo também os 8 euros semanais que me custava o único almoço que fazia fora. E os cêntimos do café que bebia (quatro vezes por semana) no Pingo Doce, com desconto do cartão cliente.

É certo que tenho algumas poupanças, mas não tantas como às vezes parecem querer mostrar. Por outro lado, dos patrões não se fala. E aquilo que eu gasto em electricidade, água e desgaste de computador, é o que eles poupam. Multiplicando por um número grande de trabalhadores. E disto ainda não vi ninguém falar. Volto a dizer, isto não é uma crítica a ninguém. É apenas uma constatação de factos.

1 comentário:

  1. De certa forma concordo contigo, mas não inteiramente...
    Referiste que não consideras o combustivel, mas se tivesses que o considerar qual seria o impacto orçamental? Eu estou em situação semelhante, faço cerca de 80 kms diários e entre combustivel e portagens gasto mensalmente cerca de 200€. também estive 3.5 meses em teletrabalho e durante esse periodo o meu carro fez cerca de 800kms, e em situação normal faria cerca de 10.000, também ai tenho poupança. O meu computador é da empresa, e por isso esse custo não tinha, mas sim, as faturas de eletricidade e agua dispararam, da mesma forma que as compras para casa aumentaram muito.
    Da parte da empresa houve uma redução de custos muito grande em eletricidade, água e sei que a empresa onde trabalho suspendeu as avenças de estacionamento dos trabalhadores (o que lhes gerou uma poupança significativa).
    No contexto atual sei de empresas que inclusivé optaram por manter o teletrabalho, e terminaram contratos de arrendamento de escritórios (sei de pelo menos 2 que ocupam vários pisos nas torres do colombo), por isso ai claramente há poupança.
    Em jeito de resumo, eu já não estou em teletrabalho, mas ainda que a manutenção do teletrabalho me saísse um pouco mais cara, se tivesse essa opção, para mim seria considerada, porque a qualidade de vida que ganhei e o tempo que poupei (em deslocações e tempos mortos no transito) para além de nos permitir almoçar em família diariamente, e aproveitar melhor os finais de tarde seria claramente positiva.

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