3.8.20

acarditar ou não em jorge jesus

Ponto prévio. Nunca dei por mim a desejar o regresso de Jorge Jesus ao Benfica. A saída não foi a mais simpática (de parte a parte) e o Benfica seguiu o seu clube com sucesso (nacional) sem o treinador que (assumo) revolucionou o futebol do clube que amo. E a primeira volta da última época fez com que não sentisse mesmo saudades nenhumas de Jorge Jesus, que estava a brilhar no Flamengo. Até que a primeira volta fantástica se transforma numa das piores segundas voltas de sempre.

Pouco tempo foi preciso para perceber que Jorge Jesus estaria de volta ao Benfica. Por diversos factores. Poderia ser a última hipótese de regressar a Portugal (algo que nunca escondeu desejar). E digo isto porque o Benfica (o único clube que lhe abriria as portas a um regresso) poderia apostar num treinador que teria sucesso e isso acabaria por fechar as portas ao treinador português. E porque, verdade seja dita, é o melhor treinador que o Benfica consegue seduzir neste momento. Sendo que isto não é uma crítica ao Benfica, mas ao futebol português.

Diz-se que o Benfica fez uma proposta a Pochettino. O ordenado era de 5 milhões de euros limpos por época. E o treinador argentino (que não é propriamente o melhor do mundo) terá dito não. Se formos olhar para o futebol português, não existe hipótese de atrair grandes treinadores estrangeiros. Temos um produto muito fraco para oferecer. A única forma de alguém querer vir para cá é para ganhar troféus e enriquecer o currículo. Mas tirando os jogos europeus, acabam esquecidos pela Europa do futebol. E como ninguém quer mudar isto, iremos continuar a ter um produto fraco (achando que é brilhante).

Voltando a Jorge Jesus. Quando o regresso passou a ser uma certeza, defendi que o momento de apresentação seria fulcral. Vieira lida com a maior contestação de sempre e os benfiquistas não esquecem as palavras de Jorge Jesus no conturbado adeus ao Benfica. Assumo que esperava mais de LFV, que usou alguns chavões como fazer os portugueses (alusão aos milhões de benfiquistas) felizes e o desejo de ganhar na Europa. Com Jorge Jesus tudo foi diferente. Para um homem que não tem no discurso a sua melhor arma, foi um mestre das palavras.

Jorge Jesus arrumou com todas as polémicas. Assumiu ser conhecido no Mundo por causa do Benfica (e Flamengo) e não teve receio de dizer que só o Benfica o faria regressar a Portugal. Diz que não é de um clube. Usou as letras todas para dizer que vem ganhar menos e que até só queria um ano de contrato. Mesmo na conversa com os jornalistas esteve muito bem. Agora, só falta ver o que aí vem. Ou seja, os jogos e os resultados. Retenho o "vamos jogar o triplo" e "vamos arrasar". E guardo isto porque não tenho memória curta e o Benfica fez uma grande primeira volta. Quero o triplo disto e não dos miseráveis jogos de final de época. Não sei se os benfiquistas "acarditam" em Jorge Jesus, mas o treinador mostrou estar preparado para os conquistar. E verdade seja dita, boas exibições e troféus fazem com que o passado deixe de ser importante.

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