2.9.19

ângelo rodrigues e jarda

Cruzei-me algumas vezes, profissionalmente falando, com Ângelo Rodrigues. Recordo-me de o entrevistar numa ocasião em que trocou de roupa no seu carro num parque de estacionamento de Lisboa. Retenho a imagem de um rapaz simpático e muito bom conversador. Mas o objectivo deste texto não é falar directamente do Ângelo. Nem defender ou acusar o actor do que quer que seja. Acima de tudo, lamento, independentemente de ter culpa ou não, que esteja a passar pelo que está a passar.

Pensei se deveria escrever este texto. E decidi fazê-lo em sinal de alerta. Ou seja, não estou aqui para acusar nem defender ninguém. Acrescento ainda que aquilo que sei sobre toda esta polémica é o que leio e vejo na televisão. Sendo que não acredito em tudo. Ainda assim, vou partir do princípio que existem muitas pessoas que recorrem a substâncias ilegais. E que a infecção do actor foi provocada por injecções de testosterona, aquilo que vulgarmente é conhecido por jarda em conversa de ginásio.

Antes de avançar mais no tema, recordo ainda as palavras do médico que me operou quando rasguei o tendão de Aquiles. “Nunca tome nada dessas coisas dos ginásios que isso enfraquece os tendões”, disse-me antes de me dar alta. Respondi que nunca tinha tomado, que não o fazia e que podia garantir que nunca iria fazer. Porque é assim que sou. Se gostaria de ter o corpo mais musculado? Um pouco. Se tenho inveja dos corpos masculinos mais musculados do que o meu? Nenhuma! O meu corpo será aquilo que conseguir “fazer” dele tendo por base duas coisas: alimentação saudável e treino físico. Irei até onde estes dois factores me deixarem ir.

Posto isto, e não tendo certeza nenhuma sobre o que aconteceu com Ângelo Rodrigues, que esta situação sirva de alerta para todas as pessoas que recorrem à famosa jarda. É certo que neste momento todos dizem que não o fazem. Que têm corpos 100% naturais. Mas só acredita nisto quem quer. E quem frequenta ginásios e lida com pessoas que trabalham na área, sabe certamente reconhecer alguns detalhes. Aliás, recordo-me de ler recentemente um profissional (estrangeiro) da área que referia que as pessoas tendem a idolatrar corpos que seguem nas redes sociais e que são quase todos construídos à base de substâncias ilegais.

E a verdade é que, infelizmente, este é apenas mais um caso em que o nome de uma figura pública é associada a algo que corre mal nestes moldes. Uma rápida pesquisa na Internet leva-nos a notícias de pessoas que estiveram às portas da morte por causa de algo igual (ou semelhante) ao uso de substâncias ilegais. E é por isso que aproveito o mediatismo deste caso para deixar um alerta.

Não se deixem levar por todos os corpos que veem nas redes sociais, de todos os gurus do desporto que prometem mudar as vossas vidas com um exercício que só necessita não sei do quê. Não metam na cabeça que têm de ter um corpo igual ao de fulano quando não o conhecem e desconhecem por completo quais os seus hábitos alimentares e de treino. Basicamente, não sejam escravos da imagem física. Preocupem-se com a saúde e só depois com a estética. Não deixem que a beleza física vos cegue ao ponto de arriscarem muito por tão pouco.

Ainda assim, se acharem que a jarda é que é a solução... informem-se muito bem sobre o que estão a fazer. Sobre com quem vão fazer. Leiam o máximo de informação possível sobre efeitos e riscos. E, assim o espero, talvez percam a vontade de arriscar muito por tão pouco. E recordem-se que todas as pessoas que tiveram complicações também pensaram que sabiam o que estavam a fazer e que o azar só bate à porta dos outros.

2 comentários:

  1. Aplaudo o seu texto! Não tenho seguido o caso e nem sei bem como é que o rapaz arranjou a infecção, mas agora percebi melhor. Espero que o actor recupere e possa falar do que sucedeu, e se coincidir com o que diz aqui, tanto seria melhor. Não vale a pena arriscar a vida por algo assim.

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