19.6.19

santos populares para a vida

Este ano, e pela primeiras vez em casal, fui aos Santos Populares de Lisboa. Só lá tinha ido uma vez, com amigos, e não fiquei encantado. A confusão era tanta, que acabei por me vir embora. Desta vez, decidi ir no fim-de-semana seguinte ao feriado. Escolhemos ir para Alfama. Até porque é um bairro que me diz muito. Sendo da margem sul, também cresci em Alfama. Foi lá que os meus pais trabalharam durante muitos anos, e habituei-me, desde pequeno, a percorrer aquelas ruas e a lidar com aquelas pessoas.

Por isso, foi com agrado que conseguimos mesa num espaço no Largo de São Miguel. Melhor não podia ser. Podia agora falar da qualidade das sardinhas, do preço e por aí fora. Mas o destaque é outro. Depois de nos sentarmos, ficaram ao nosso lado quatro senhoras muito simpáticas. Que tinham idade para ser minhas avós. Olhava para elas e imaginava que eram amigas de uma vida e que ainda hoje se juntam para ir aos Santos.

E isso tem tanto de bom como de raro. Porque hoje as pessoas já não se juntam tanto. Fiquei ali deliciado a observar as senhoras. Como quem acabámos por meter conversa. Depois de irmos embora, foram de uma simpatia pouco comum. A desejar felicidades para a vida e que tudo nos corresse bem.

Vivemos tempos em que tudo é feito a correr. Em muitas ocasiões arranjamos desculpas para não estar com amigos. Fica sempre para amanhã, para o dia seguinte e por aí fora. Mas podem ter a certeza de que isto é o melhor que levamos desta vida. Família e amigos. E momentos como aqueles que aquelas quatro amigas estavam a viver, brindando com sangria e fazendo piadas, não têm preço. E mal de quem não os tem.

2 comentários:

  1. Aí está uma coisa que os nossos pais e avós conheciam e davam um grande valor. A amizade, os direitos e os deveres para com aqueles que faziam parte do seu grupo.
    Depois apareceram os telemóveis, e hoje em dia ele domina tudo. Vemos famílias e amigos que estão juntos fisicamente, mas nos quais não há qualquer emoção pois cada um está com o seu aparelho na mão e emocionalmente muito longe.
    Abraço

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    1. Cada vez mais as amizades duram pouco tempo. E as antigas têm cada vez mais dificuldades em juntarem-se. O que é pena.

      Abraço

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