15.5.19

as mulheres reais têm de ser gordas

Existem conceitos que me ultrapassam por completo. Um deles é o da “mulher real” que é sempre associado a mulheres com curvas e, na maioria dos casos, peso a mais. Atenção que nada tenho contra pessoas que têm peso a mais. Até porque olho para o espelho todos os dias. Só não percebo é o motivo que leva a olhar para estas pessoas como reais. Isto quer dizer que quem não se encaixa neste padrão não é real? Isto quer dizer que os homens que têm corpos definidos, são menos reais do que eu, que tenho as minhas gordurinhas aqui e ali?

Vivemos tempos em que existem cada vez mais alertas para o excesso de peso. Para os preocupantes números da obesidade infantil. Ainda assim, ficamos todos contentes quando alguém utiliza o termo “mulher real” associado às curvas e ao excesso de peso. Parece que é a desculpa que todos querem para se sentir bem, mesmo quando a saúde poderá estar em risco.

Acrescento também que não me incomoda minimamente ver mulheres e homens com corpos esculturais nas publicidades. Porque são isso mesmo, publicidades. É um produto que se tenta vender, da forma que alguém achou correcta. Quando olho para um anúncio – sem contar aqueles em que aparece a Charlize Theron – centro-me no produto. Não perco tempo a analisar o mesmo do ponto de vista das diferenças caso tivessem optado por um corpo diferente.

Voltando à “mulher real”, não gosto disto. Porque todas as mulheres são reais. Aquelas que têm peso a menos. As que têm peso a mais. As de corpo tonificado e todas as outras. Todas estas mulheres são reais. Tal como é um gigantesco erro achar que apenas as pessoas com excesso de peso são vítimas de bullying. Basta que falem com qualquer pessoa magra para perceber isso mesmo.

Enquanto o tempo for ocupado a catalogar pessoas como reais e irreais, estaremos apenas a contribuir para o problema e não para a solução. Parece que uma mulher, para ser real, tem de ter curvas. E isto não é verdade. E em todo este texto, onde se lê mulher poderá ler-se homem. Era mesmo bom é que as pessoas dedicassem mais tempo às notícias da organização mundial de saúde e não às campanhas publicitárias que recorrem a pessoas “reais”.

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