13.4.17

uma decisão que ninguém deveria ter de tomar

Não imagino um cenário muito pior do que este. Dois jovens realizam o sonho de ter um filho. O bebé, de nome Charlie, nasce com problemas, com um síndrome raro. Aos oito meses é surdo, só pode ser alimentado com recurso a um tubo e só respira com ajuda de um ventilador. Perante este triste cenário os pais deparam-se com a decisão de “matar” o filho, autorizando que seja retirado o suporte de vida que mantém o bebé vivo.

Chris e Connie recusam tomar esta decisão. Querem levar o filho até aos Estados Unidos da América para que o bebé seja submetido a um tratamento experimental. Os médicos não concordam. Defendem que apenas servirá para prolongar o sofrimento de Charlie. Perante este cenário, o tribunal autorizou os médicos a retirar o suporte de vida sem autorização dos pais.

Não consigo imaginar muitos cenários em que o poder de uma decisão seja tão angustiante como este. Principalmente para os pais, que provavelmente agarram-se a todos os milagres possiveis e imaginários para manter o filho vivo. Acredito que não queiram viver com o peso de um “e se” em relação a algo que entendam que deveriam ter feito para salvar o filho. Por mais que os médicos digam que não é possível fazer nada.

Do outro lado estão os médicos. Cuja profissão obriga a que sejam frios em casos como estes. Os sentimentos (que muitas vezes alteram a razão) são obrigados a ficar no cacifo onde deixam os pertences pessoais antes de entrar ao serviço. E estão obrigados a separar uma vida que tem apenas oito meses do caso clínico. Não será um bebé mas um paciente cujos problemas infelizmente não têm cura.

Por mais que me custe compreender o papel do médico que decide ser hora de desligar a máquina, não consigo sequer tentar imaginar o que passa pela cabeça de pais que têm a missão de autorizar que se desliguem os aparelhos que mantêm o filho vivo. Ou chegar ao ponto em que não querem desistir mas em que existe alguém que decide que está na hora de deixar de lutar, mesmo contra a vontade dos pais...

2 comentários:

  1. Olá :)
    Também me emocionei com esta notícia. É algo difícil de ler mesmo quando se passa com uma qualquer família deste globo, que não conhecemos, quanto mais o peso que será viver a situação!
    É daquelas situações que é muito mais fácil opinar não a vivendo, por causa da tal carga emocional. Por mais que custe, sempre fui da opinião que quando se trata de prolongar o sofrimento de alguém, então não é amor, é apego. Gesto de amor é querer proteger ao máximo de todos os males e sofrimentos. Não faço ideia do que é viver com a morte de um filho, mas no futuro estes pais irão perceber que deixá-lo ir é a decisão mais gentil, mais amorosa.

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    1. A resposta que dás é a que tem mais lógica. Mas será que existe algum pai que a aceite?

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