4.4.17

só para rapazes nascidos nos anos oitenta

Nasci em 1981. E sou louco por futebol, desporto que pratiquei durante a maior parte da minha vida. Nos dias que correm as bolas de futebol são maravilhosas. Qualquer rapaz dá um chuto fraco numa e a bola parece ter velocidade suficiente para voar daqui até à Lua. O que faz com que existam aqueles golos fantásticos em que a bola muda de direcção cem vezes antes de parar no fundo das redes.

Bem sei que na altura do saudoso Eusébio as coisas ainda eram piores do que no meu tempo. Mas boa parte da minha infância e adolescência não foi passada com as bolas fantásticas de hoje. Sou do tempo em que qualquer miúdo ia a correr confiante para a bola – acreditando que o remate seria fantástico – para rapidamente perceber que a bola não levava quase força nenhuma. Era desilusão atrás de desilusão. O que fazia com que um golo brilhante fosse algo de extraordinário.


Mas há mais. Os homens da minha geração recordam-se certamente de jogar com bolas no estado desta que aqui partilho. Bolas novas a cada jogo era coisa rara. As bolas duravam o máximo tempo possível. Jogava-se com os gomos a saltar e a bola tinha de continuar a durar, até porque em muitos casos era a única que o grupo de amigos tinha.

Os homens da minha geração jogavam futebol à chuva. Não havia nenhum motivo que fosse suficiente para impedir um jogo de futebol. E se as bolas já eram assim para o pesado, tudo ficava pior quando chovia. Ou quando a bola estava molhada por algum motivo. Ao olhar para esta bola recordo-me de alguma boladas que levei com bolas destas que estavam pesadas. E recordo-me disto porque foram das primeiras tatuagens que tive. Em mais do que uma ocasião fiquei com bolas marcadas no corpo durante algum tempo, sendo certo que também marquei algumas pessoas. O peso destas bolas e as recordações que deixavam são certamente comuns às pessoas da minha geração pois os mais pequenos vão achar impossível jogar com uma bola nestas condições.

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