10.4.17

quem é mais importante? mãe ou filho?

Não sou pai. Mas acredito que ser pai é um dos maiores (talvez mesmo o maior) ponto de viragem de uma vida. Até esse momento os problemas dizem respeito a uma pessoa. Não existem pessoas que sejam directamente influenciadas por uma decisão nossa. É certo que existem relações familiares, sentimentais e de amizade. Mas um filho está dependente dos pais.

E esta relação de dependência muda a vida. As preocupações são outras e mais intensas. Os problemas estão mais focados. Bem como tudo na vida. Esta é a ideia que tenho. Daí que, mesmo não sendo pai, perceba na perfeição todos os clichés que se dizem quando nasce um filho. Até porque amigos acabam por confirmar que batem todos certos. A vida muda. Para melhor. E passa a existir alguém que é o centro do mundo para duas pessoas (isto de forma geral).

Posto isto, é normal ouvir que os filhos são as pessoas mais importantes do mundo. Em tudo. E ninguém se espanta quando um pai diz isto. Mas tudo muda quando uma mãe diz que é mais importante do que o filho. Por melhor que seja a explicação – tal como defender que a melhor versão da mulher será a melhor versão enquanto mãe – as pessoas tendem a não compreender estas palavras. A achar que são injustas.

Ou quando um homem diz que ama mais a mulher do que o filho, apenas para dar outro exemplo. São modos de pensar pouco comuns. Que vão no sentido oposto da maioria das pessoas. Não está em causa se estão errados, até porque a temática diz sentido a sentimentos, prioridades e formas de amar. São apenas modos de pensar que não são partilhados pela maioria das pessoas.

Volto a dizer que não sou pai. Mas não me imagino a dizer que serei mais importante do que um filho. Aquilo que defenderei (e sempre defendi) é que o nascimento de um filho não deve implicar que a pessoa se anule na totalidade. Mas nunca um pai poderá ser mais importante do que um filho. Isto, mais uma vez, de modo geral pois nem todas as relações são iguais. Nem todos os pais são bons pais tal como nem todos os filhos são bons filhos.

Também não me imagino a dizer que amo mais a minha mulher do que o meu filho. Até porque são amores que se complementam sem concorrer entre si. São amores perfeitos que não devem conviver em guerra por um lugar de maior destaque. Quando for pai irei ter uma análise diferente sobre este tema. Porque os sentimentos vão ser reais. Até lá irei continuar a achar estranho – o que é diferente de achar que é errado – que um pai seja mais importante do que um filho e que o amor de um filho possa competir com o de um companheiro.

4 comentários:

  1. Olá :)
    Também não sou mãe, portanto tudo o que digo possui sempre aquela vulnerabilidade da ausência de experiência real.
    Acho que quando aparece um filho, especialmente nos primeiros anos, em que este é pequenino e precisa mais que nunca dos seus pais, deve ser quase impossível não sentir que aquele pequeno ser é o centro do universo. Para além de amor e ligação emocional, trata-se também dos efeitos de uma resposta biológica que os mamíferos possuem para aumentar as chances de sobrevivência da crias.
    No entanto fazer de um filho o centro do universo por toda a vida é algo que discordo veementemente. No meu ponto de vista defendo que há amor para todos, e como tudo dizes e muito bem, complementam-se, não concorrem. Defendo que no núcleo familiar todos devem ter o mesmo peso e importância, divida-se o ano em 3 para que tanto o pai, a mãe ou a criança tenham os seus dias de serem "o centro daquele universo". Se assim for creio que trará maiores benefícios para todos, inclusive para a educação da criança, do que se esta for apaparicada 24/ 7.

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    1. Isso que dizes enquadro naquela coisa de as pessoas não se anularem em prol de alguém, mesmo de um filho. O que não lhe retira importância, pois será sempre a coisa mais importante da vida dos pais.

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  2. Os sentimentos não são mensuráveis. Pelo menos, no meu entender.
    Como mãe, não me lembro de me questionar se gosto mais de mim ou dos meus filhos, se gosto mais de um do que do outro (porque tenho dois), ou se, enquanto casada, gostava mais do meu marido do que dos meus filhos. É um absurdo e fico incrédula com aquilo de que as pessoas se lembram!
    Gostar dos outros, amar os outros, não se quantifica, sente-se!

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