9.3.17

piadas sobre mulheres

Ontem assinalou-se o Dia da Mulher. Defendo que as mulheres não precisam de um dia porque todos os dias são delas. Por outro lado, percebo a lógica da data no sentido em que, infelizmente, ainda existem muitas desigualdades entre sexos nas mais diversas áreas. O que é uma triste realidade e que acontece na pequena empresa de quem nunca ninguém ouviu falar como acontece em Hollywood.

De resto, nestes dias há sempre quem faça piadas. E tal como existem mulheres e mulheres, também existem piadas e piadas. Por exemplo, ontem ouvi que "as mulheres são como as batatas, só são boas descascadas ou a murro". No contexto que ouvi isto, entendo que não tem qualquer maldade. Porque foi uma piada dita num grupo de pessoas que se conhecem muito bem e onde estavam presentes mulheres. Não vejo mal nenhum nisto, como não veria se fosse uma piada a gozar com a falta de inteligência dos homens. E não vejo mal neste contexto.

Agora, se fosse o Presidente da República a fazer esta mesma piada num discurso, o caso seria diferente. A piada seria a mesma. O contexto não. E o local para dizer a mesma também não seria o mais apropriado. Porque Marcelo Rebelo de Sousa não é humorista de profissão e porque tem um cargo que não permite certas coisas em público. Independentemente da maldade que possa existir (ou não) em torno da piada.

E se acho que existem pessoas que não podem fazer determinadas piadas, entendo também que as marcas estão impedidas de entrar em certos domínios do humor, algo que aconteceu ontem com o StandVirtual, que fez uma piada afirmando que vendem carros com sensores de estacionamento ao mesmo tempo que diziam feliz dia da mulher. Isto é algo errado. Porque as marcas não devem tentar usar o humor para se promover. Pelo menos um humor com o qual as pessoas lidam mal e que tem tudo para ser incendiário. E isto aplica-se a piadas de mulheres como a piadas sobre homens, homossexuais e por aí fora.

Por outro lado, olho para as reacções às diferentes piadas polémicas com uma certa incompreensão. E digo isto porque as pessoas reagem de forma diferente a piadas iguais. Por exemplo, se gozarem com homens não existirá polémica. Já com mulheres... Se for uma piada estúpida com heterossexuais ninguém se indigna. Com homossexuais pega fogo. Se gozarem com magros ninguém se chateia. Mas que ninguém goze com gordos. E isto arrasta-se a outros domínios que fogem do humor. Por exemplo, exige-se igualdade nas redes sociais. Que as mulheres possam mostrar os mamilos, tal como eles. Mas se são usadas fotos mais ousadas de mulheres em campanhas, existe polémica. Se é usado um homem ninguém se aborrece. E se uma mulher é mais ousada numa rede social também é rotulada de coisas pouco simpáticas.

Resumindo, piadas entre amigos são saudáveis. E falo por mim pois tenho um grupo restrito de amigos em que todos fazem piadas com todos sem que ninguém se aborreça. Piadas em modo público exigem algum cuidado, porque apesar desta moda de que todos temos uma veia humorística (e que o humor desculpa tudo) nem todas as piadas caem bem em momentos errados. Piadas feitas por marcas são quase impossíveis, porque a esmagadora maioria são mal feitas. Como foi o caso da apontamento de humor do StandVirtual que foi errado e desnecessário.

2 comentários:

  1. O problema é quando a piada é sobre um estereótipo, porque de forma implícita está uma mensagem de rotulação e preconceito. Por se achar que não há problema em dizer essas piadas, ensinamos as nossos filhos (e não só) que o que se espera de determinado género, raça, etc. é aquilo. Desse modo, fomentamos determinados tipos de comportamento padronizado, originando pessoas infelizes, porque não os cumprem e sentem-se colocados de lado ou porque se mascaram de alguém que não são para se encaixarem nesses padrões.

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