2.1.17

há sempre um português (e isso nem sempre é bom)

Por maior que o mundo pareça acaba por ser sempre muito pequeno. Digo isto com base nas pessoas que encontramos nos locais mais inesperados. Além disso é possível encontrar portugueses em todo o lado. E quanto mais perto de Portugal, mais comum é encontrar portugueses. O que nem sempre é bom...

Ao estar em Sevilha sabia que a possibilidade de encontrar portugueses era alta. Mas existiram diversas coincidências em locais onde poderiam não acontecer. Numa loja estavam dois rapazes de volta de uns artigos de festa. Perante isso decidi abordá-los de modo a perceber quais os melhores locais para celebrar a passagem de ano, além da Plaza Nueva, onde é comum as pessoas juntarem-se e onde já tínhamos pensado ir. Puxei do meu melhor portunhol (ao estilo de Paulo Futre) e meti conversa. “Podes falar português”, responde-me um deles. Um era português, outro espanhol. E tinham as mesmas indicações de que nós em relação ao local de festa.

Na noite de ano novo ia a caminho da Plaza Nueva quando sou abordado por um homem que me pergunta, em inglês, pelo centro da cidade. Expliquei que tinha a ideia de que era na direcção em que caminhava com a minha mulher. “Tens a ideia?”, pergunta, entre risos. “Sim, que sou português. Não sou de cá”, expliquei. “Portugal? Adoro”, disse. Este homem lá me explicou que tinha vivido em Portugal, em Santa Comba Dão, durante algum tempo. E estes dois episódios são os mais divertidos, apesar de me ter cruzado com mais portugueses e também brasileiros.

Mas encontrar portugueses nem sempre é bom. Porque, com muita pena minha, costumam ser os mais “parvos” quando estão fora. Durante os dias que passei em Sevilha deparei-me com duas situações menos correctas. E ambas protagonizadas por portugueses. Numa delas, estavam dois rapazes pendurados numa espécie de fonte a arriscar a integridade física a troco de um pequeno vídeo para partilhar nas redes sociais.

A outra foi a mais chata. Escolhemos passar a noite de ano novo na Plaza Nueva, local onde se juntam milhares de pessoas à espera que o relógio assinale a entrada no ano novo. E quase todas as pessoas estão munidas de espumante e uvas brancas. Quando chegou a hora multiplicam-se os festejos. Abrem-se garrafas, fazem-se brindes e tem início a festa com algum fogo-de-artifício e muitos confetis à mistura. Algo normal para esta noite.

No meio da multidão existiu apenas uma pessoa que decidiu transformar aquela celebração numa conquista de um grande prémio de fórmula 1. Ou seja, aquele rapaz decidiu utilizar o espumante para molhar as pessoas. Mas não se contentou em molhar o grupo com que estava. Começou a molhar as pessoas que estavam à sua volta e que não conhecia de lado nenhum. E o protagonista deste triste momento era português.

As pessoas não percebem que a sua liberdade termina onde começa a dos outros. E não percebem que estar num local público não significa que possam fazer aquilo que querem e que todos têm de aceitar as suas brincadeiras. Enquanto a multidão festejava entre casais, família ou grupos de amigos, este rapaz arriscou transformar uma noite de festa numa confusão que lhe daria problemas.

2 comentários:

  1. :) Onde quer que vás, há sempre um português!...
    3 lugares distintos:
    1- Praga: praça central, feira típica de Páscoa... eu no meu melhor inglês a pergunto o preço das canecas típicas checas, o Sr. responde-me em portugês...
    2- Madrid: Hard rock cafe... uma amiga no seu melhor espanhol pede uma mesa para 4 e o empregado responde em português...
    3- Hawaii - Oahu... mercado local... neste caso não foi "portuguesa pura" mas descendente de portugueses que ainda sabia algumas palavras e gostava mais do pão tradicional português por não ser doce...

    Bom 2017!

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