14.7.16

o melhor troféu pessoal que veio de frança

A natureza do ser humano passa pela constante insatisfação. É algo normal. E mais acentuado em algumas culturas, como é o caso da nossa. Parece que nada chega. Parece que falta sempre qualquer coisa. Por mais perfeito que o cenário seja aos olhos de determinadas pessoas, existem outras que encontram sempre falhas. Para estas nada está completo. E por melhor que seja o que existe, o foco vai sempre para o que eventualmente falta.

E acho que assim era a relação de Cristiano Ronaldo com muitos portugueses. Apesar de ser um atleta que já foi considerado, em diversas ocasiões, o melhor jogador do mundo, parece que existia sempre um “mas” após cada triunfo do jogador português. As conquistas pessoais nunca foram suficientes na sua carreira. Pessoalmente, mantenho a mesma opinião que tinha de Cristiano Ronaldo antes do Euro'2016. Considero que é um atleta perfeito. Acho que se metesse na cabeça que seria o melhor basquetebolista do mundo, era isso que seria. Ou jogador de andebol ou de outra modalidade qualquer. Olho para o jogador como um exemplo de que vale a pena trabalhar para ser o melhor em determinada área.

Num destes dias lia estas palavras de Poyet (não confundir com Payet, o jogador que lesionou Cristiano Ronaldo). “Temos o hábito de procurar um 'mas' em tudo. Se não é o melhor, Cristiano é quase o melhor, juntamente com Messi, mas procurava-se sempre algum 'mas', como o de que nunca tinha ganho nada com Portugal. Mas aí está, já ganhou”, disse o treinador. E acho que esta conquista foi a forma como Cristiano Ronaldo finalmente conquistou os portugueses. Pelo menos a sua maioria.

Ficando ainda pelo 'mas', entendo que existem diversos motivos que o expliquem. Como por exemplo exigirmos muito mais aos nossos do que exigimos aos outros (e isto não é exclusivo do futebol). Ou olhar para Cristiano Ronaldo como um arrogante rico e vaidoso. Ou ainda querer mais daquele que assume ter como objectivo ser o melhor jogador de todos os tempos. Também posso colocar a “clássica” inveja lusitana no rol das opções a ter encontra no tal 'mas' que faz com que alguns portugueses olhem com desconfiança para o jogador.

Mas o que é certo é que começam a acabar os 'mas' em torno de Cristiano Ronaldo. E nem vou fazer da conquista do Euro'2016 o motivo para a mudança de opinião em torno do jogador. Acho que a diferença está no líder que as pessoas só agora descobriram. Ou que Cristiano Ronaldo só agora mostrou. Acho que o momento das grandes penalidades contra a Polónia ajudaram a mudar a opinião sobre o jogador. O mundo inteiro viu um jogador empenhado. Depois, o vídeo do diálogo com João Moutinho, o momento “que se foda”, revelou a liderança de Cristiano Ronaldo.

A isto junta-se a final. As lágrimas no momento da lesão. O esforço de um homem que não quer desistir e que coloca a saúde em risco para dar tudo pelo seu País. Mais lágrimas. A isto tudo ainda acresce aquilo que Cristiano Ronaldo revelou no banco de suplentes de Portugal. Nesse momento já ninguém tinha dúvidas de que desejava conquistar a vitória por Portugal. Já ninguém se atrevia a questionar a liderança do capitão da selecção nacional.

Aos 31 anos, e com um currículo invejável, Cristiano Ronaldo já não tinha nada a provar a ninguém. Já tinha alcançado o seu lugar na história e já tinha feito o suficiente para que fosse falado daqui a muitos anos. A única coisa que talvez lhe faltasse (sem contar com uma conquista ao nível de selecções, algo exigido a todos os jogadores vistos como deuses) era o amor incondicional do seu País. Amor que não tem de ser irracional. E acho que isso foi aquilo que Cristiano Ronaldo conquistou. Talvez seja o melhor troféu pessoal que tenha trazido de França.

2 comentários:

  1. Subscrevo.
    Adoro o atleta e o seu profissionalismo. Como já disseram "" é o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos" Ele adora o que faz e esforça-se.
    As pessoas têm inveja sim. É novo,é rico e é bom profissional.
    Mas não tentam ser como ele,profissional ou só querem ns parte dos iates ; )
    É um reconhecimento tardio dos portugueses. Tenho pena.
    Ele já merecia há muito.
    Que continue a deliciar-nos com os seus golos, é o que desejo.

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    1. Acho que ele também mostrou algo que ainda não tinha mostrado. E isso também ajudou.

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