21.1.16

últimas palavras de um menino de 11 anos antes de se suicidar

“Papá, mamã, estes 11 anos que estive com vocês têm sido muito bons e nunca os esquecerei tal como nunca vos irei esquecer. Papá, tu ensinaste-me a ser uma boa pessoa boa e a cumprir promessas, tal como brincaste muito comigo. Mamã, tu cuidaste muito de mim e levaste-me a muitos sítios. Os dois são incríveis e juntos são os melhores pais do mundo. Tata (irmã), aguentaste muitas coisas por mim e pelo papá. Estou muito grato e gosto muito de ti. Avô, tu sempre foste muito generoso comigo e preocupaste-te comigo. Gosto muito de ti. Lolo, ajudaste-me com os trabalhos de casa e sempre me trataste bem. Desejo-te muita sorte para que possas ver Eli. Digo-vos isto porque não aguento mais ir ao colégio e não há outra maneira de não ir. Espero que um dia sejam capazes de me odiar um pouco menos. Peço-vos que não se separem pois só a ver-vos juntos é que serei feliz. Sentirei saudades vossas e espero que um dia nos venhamos a encontrar no céu. Adeus para sempre.

Ah, mais uma coisa, espero que encontres trabalho depressa Tata.

Diego González”

Esta carta foi escrita por um menino de apenas, reforço, apenas onze anos que se atirou de uma janela de um quinto andar. Especula-se que Diego fosse vítima de bullying e foi agora conhecida uma outra história de uma aluna do mesmo colégio que se tentou matar.

Espanta-me a “frieza” de uma criança de onze anos que consegue ter a lucidez para escrever uma carta destas antes de colocar um ponto final na própria vida. Assusta-me tudo aquilo que pode levar a uma situação destas e que poderá ocorrer em tantos espaços onde os pais não têm qualquer controlo. Fico com medo da forma como algumas crianças de tenra idade lidam com situações de maus tratos, escondendo dos progenitores aquilo que se passa. E não imagino a dor dos pais que são obrigados a ler uma carta destas escrita por um filho de apenas onze anos.

31 comentários:

  1. É difícil entender a cabeça dessas pobres crianças, mas é assustador, sim! Eu espero que o meu filho, se algum dia passar por isso, nunca tenha medo de falar. Pobre criança... pobres pais. É de partir o coração!

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  2. Engoli em seco, ontem, uma menina com um ano a menos, quebrou à minha frente: entre choros e soluços, dizia não aguentar a escola, que era demais... Felizmente, é só a mudança radical da 4ªa classe para o 5ª ano que ela não suporta... Mas toda a família está a alerta e todos a apoiam, incentivam e claro, todos tentaram apurar se há bullying, não há. Esse menino, teve a coragem de se suicidar mas porque lhe faltaria a coragem de contar aos pais? Que dinâmica familiar seria aquela?

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    1. Existem muitos casos que dão que pensar. Acho que a dinâmica familiar não explica tudo.

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  3. É impossível como mãe ler isto sem ficar com o coração partido e imaginar algum dos meus filhos a passar por algo tão mau e assustador que só a morte lhes possa parecer a saída...
    O que este menino deve ter sofrido em silêncio até chegar a este ponto...
    E estes Pais... nem consigo pensar...

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  4. chocante... tal como é chocante a malvadez, que os nossos jovens conseguem exercer sobre outros, aponto de os levar ao extremo.
    A sociedade devia repensar a forma como se estão a educar os jovens e os valores, ou não, que lhe são incutidos, bem como o excesso de desculpas e a falta de impunidade para os atos cometidos.

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    1. E a capacidade que os miúdos conseguem ter de esconder as coisas pelas mais variadas razões.

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  5. Até me arrepiei...
    Não sei o que faria se lesse uma carta destas de um filho, irmão, primo ou amigo.

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    1. Tive de falar sobre o assunto no meu blog e estou ainda mais assustada, um testemunho de um jovem e de uma mãe fizeram-me estremecer.

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  6. o meu coração partiu-se completamente a ler este post, como é que as escolas ainda não suficientemente alertas para este tipo de situações ? e porque é que não se fez nada enquanto era tempo ? São perguntas que ficam sem resposta.
    Espero que este menino encontre toda a paz do Mundo no céu.

    a sparkly secret

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    1. Agora surgem notícias de um suposto caso de uma criança que se tentou matar. Existem rumores de abusos sexuais. É tudo muito complicado.

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  7. Foi como se levasse um murro no estômago. A minha neta de seis anos, entrou este ano para o 1º ano. Um mês depois, chegou a casa com a cara marcada. Disse que foi um coleguinha que lhe bateu e que já era a segunda vez. O pai foi falar com a professora e com o miúdo. Resultou pois ela está feliz e diz que ele nunca mais a molestou. Mas com miúdos mais velhos as coisas não vão lá com tanta facilidade.
    Um abraço

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    1. Acho que ninguém consegue ficar indiferente a uma carta destas escrita por uma criança tão nova. Cada vez mais novos os miúdos ganham a capacidade de esconder aquilo que se passa, seja por que motivo for, e isso pode ser complicado. Ainda bem que está tudo bem com a menina.

      Abraço

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  8. Eu infelizmente também sofri muito de bullying na escola... Tenho vários textos pessoais sobre isso no meu blog. Não é nada fácil, nada mesmo. E deixa muitas marcas profundas.

    www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt

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    1. Conheço algumas histórias e a verdade é que nem toda a gente tem a força necessária para lidar com o que se passa. Muitas pessoas não tem o apoio necessário e acabam por guardar para si as coisas. Por isso, acredito quando falas em marcas profundas. Espero que no teu caso já tenham sido "apagadas" da memória.

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  9. Eu olho pra minha filha de apenas 4 anos e só espero estar a conseguir criar com ela uma relação de confiança total. Para que, se um dia, infelizmente, uma situacao destas ou outra , a atormente, ela saiba que pode vir sempre falar comigo, pedir ajuda. É atroz ler uma carta destas.

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    1. Não imagino a reacção de um pai ao descobrir que a única solução que o filho encontrou foi matar-se. Deve nascer imediatamente uma sensação de culpa que fica para sempre. "Onde falhei?"

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  10. Um dia a sociedade no geral vai ter de lidar a sério com o bullying. Vão ter de implementar medidas de tolerância zero com graves consequências para as crianças que fazem mal às outras. Até lá isto vai continuar a acontecer. Não é uma coisa recente, é algo que acontece desde sempre mas está cada vez mais "à vista" graças à tecnologia. Agora só é preciso fazer alguma coisa.

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  11. É muito, muito assustador e triste. As crianças desta idade deviam andar a brincar e não se preocupar com mais nada e em vez disso já sofrem de forma tão cruel ao ponto de chegar a este extremo :( :(

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  12. E com toda a certeza uma dor indescritível. Há que fazer algo, mas as penalizações não irão resolver, há imensos fatores que influenciam esse tipo de comportamento, as crianças não nascem más.

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  13. Que aperto no coração. Dói só de pensar...Nenhuma criança deveria crescer tão depressa para escrever uma carta assim, ou sofrer tanto que a única saída que vê é esta. Dói.

    Jiji

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