4.8.15

sobre isso da tolerância

Num resumo simples e rápido pode dizer-se que a tolerância é a capacidade que uma pessoa tem em aceitar outra(s) pessoa(s) que tem atitudes completamente diferentes daquelas que essa pessoa segue. Este é um resumo da teoria da tolerância que é sempre assunto quando surge algo como aconteceu agora com o dentista que matou o leão Cecil e, mais recentemente, com a caçadora que decidiu sair do anonimato para defender as suas caçadas e o orgulho em roubar uma vida.

Alguns dizem que temos de ser tolerantes com estas pessoas. Porque simplesmente são diferentes daquelas que não apreciam a morte de animais como girafas, ursos, rinocerontes, elefantes, leões e por aí fora. Segundo as sábias palavras de Gandhi, "tolerância não significa aceitar o que se tolera". E esta frase explica muito bem o motivo pelo qual não aceito pessoas como Sabrina ou o dentista Walter. E não aceitar estas pessoas - que tolero - não significa que não se seja uma pessoa tolerante.

A tolerância é uma das bases da vida em sociedade. E é por existir tolerância que as pessoas não passam a vida à pancada umas com as outras. Porque, com maior ou menor custo, acabam por se tolerar. No caso concreto dos caçadores, são pessoas que tolero e que respeito. Até conheço diversos caçadores (nenhum que vá de férias para matar girafas). E neste sentido tolero pessoas como Sabrina e Walter, ou seja, caçadores.

Mas esta tolerância não me obriga a aceitar pessoas como Sabrina e Walter que têm (e fazem disso uma bandeira) orgulho em roubar um vida. Com o único objectivo de fazer dessa morte uma conquista e um troféu que exibem com orgulho. Isto, no meu modo de pensar, não é gostar de caçar mas simplesmente gostar de matar. Apenas e só isso. Porque o animal não será comido. Porque o animal não os atacou. Simplesmente sentem prazer em acabar com uma vida. "O que senti depois de a matar [girafa] é algo que nunca esquecerei", diz Sabrina. E isto é algo que não aceito, por mais que tolere os caçadores. Não concebo a morte de um animal sem qualquer finalidade que vá além de uma fotografia e de um troféu.

E este modo de pensar não significa que não tolere caçadores. Simplesmente significa que não aceito que existam pessoas que matam apenas porque sim. Tal como a minha não aceitação não me leva a perseguir pessoas como Walter e Sabrina nem me leva a desejar a sua morte. Simplesmente não os aceito nem sou obrigado a aceitar apenas porque são diferentes de mim. Tolerar, sim. Aceitar, não! Porque se imperasse este argumento da aceitação simplesmente porque são diferentes, teria de passar a aceitar muitas pessoas que não aceito.

4 comentários:

  1. Concordo totalmente contigo, até porque o que fazem é desumano, para mim é como se matassem um obeso só porque é mais gordo que os outros, ou um ruivo só porque tem o cabelo laranja, é o "porque sim", e isso não faz sentido nenhum.

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    1. Tal como tu não percebo o motivo de matar um animal apenas porque sim. Porque é uma sensação extraordinária e porque o corpo morto dá uma bela imagem.

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  2. Digo muita vez que tudo o que se passa no homem do pescoço para cima é um mistério insondável.
    O que é que se passa na mente doente (só pode estar doente) destas pessoas que se comprazem em matar animais? Sede de protagonismo? E é por este meio que o conseguen?
    Pobres deles!:)

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    1. Neste caso específico acho que o mais assustador é a forma como decide ganhar protagonismo.

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