20.2.14

sonhar alto vs não tirar os pés do chão

Num destes dias falava com um amigo sobre os sonhos de vida das pessoas. A conversa teve início por causa dos objectivos de vida de duas pessoas que conhecemos. Que são básicos e simples. Isto, no sentido de que não são nada complicados de alcançar. São coisas que, com um empenho nada extraordinário se alcançam.

Para mim, pessoas que sonham sem tirar os pés do chão, são pessoas que não se desiludem em demasia caso não alcancem o pouco (que para elas até poderá ser muito) que desejam. As metas são fáceis de alcançar. Exigem trabalho mas estão ali bem perto, à distância de três passos. Com empenho são facilmente alcançáveis. E, quando o conseguem, essas pessoas atingiram aquilo que mais queriam na vida. Missão bem sucedida. Quando não se consegue, a desilusão não é devastadora porque o objectivo não era nada de extraordinário.

Na extremidade oposta, estão as pessoas que sonham alto. Por exemplo, é aquele miúdo que não sonha ser jogador de futebol do “cascalheiros futebol clube” mas sim ser representar Portugal num Mundial. É aquela menina que não sonha ser actriz e cantora mas sim ser a estrela maior de um musical da Broadway. A este menino e menina, quase toda a gente vai dizer que nunca vão lá chegar. Mas vão continuar a lutar por isso. Sendo que, caso não o consigam, vão sofrer uma grande desilusão. Que até pode ser atenuada com a aplicação e entrega a um sonho gigante.

Acredito que exista quem veja as coisas de uma perspectiva diferente da minha. Ou seja, que defenda que a maior desilusão é das pessoas que sonham baixo. Porque, tendo um objectivo simples, não o alcançaram. Ao contrário de quem se empenhou muito num sonho gigante, que quase toda a gente considera impossível de alcançar. E talvez a minha perspectiva esteja relacionada com o facto de fazer parte do grupo que sonha com os pés longe do chão.

Quando era puto, queria ser jogador. Mas queria jogar no Benfica. Só me interessava isso. Não consegui. Joguei contra o Benfica várias vezes e estive num jogo da antiga Segunda Divisão B (Zona Sul). Não me dei por contente. E adaptei os meus sonhos a outra realidade. Mas sempre a sonhar alto. Entrei no mundo da comunicação social, onde tenho os meus sonhos ou objectivos, se preferirem. Mais uma vez altos. Caso não chegue lá, irei encontrar outros.

Por outras palavras, a minha forma de lidar com a desilusão de metas não alcançadas passa encontrar novos objectivos. Mas sempre num patamar alto. Que isso de sonhar com os pés do chão, contentando-se com pouco não é para mim. Acredito que as desilusões podem ser maiores. E num número mais elevado. Mas recuso-me a sonhar com os pés no chão e a estabelecer como meta dar três passos. Prefiro acreditar que vou mais além, mesmo que o mundo inteiro me diga que devia pensar apenas nos três passos que todos podem dar. Porque, se todos podem dar e se é algo que todos conseguem fazer, eu prefiro pensar mais além e tentar chegar onde poucos chegam. Mesmo que nunca lá chegue. 

13 comentários:

  1. Melhor sempre sonhar mais alto. Caso contrário e caso não se realize, a desilusão será ainda maior, pois para além da não concretização, haverá uma ainda maior culpabilização por não se ter ido mais além.

    12 LOVE

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    1. Eu sou a favor do sonhar alto. O que é diferente de achar que tudo é fácil de alcançar.

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  2. Lido por aí: "you say i dream too big. I say you think too small"
    Se é algo que ambicionamos porque raio é que os pés nunca podem sair do chão??? Não se trata de ser irrealista, trata-se de trabalhar atrás dos nossos sonhos e desejos, por mais malucos que possam parecer aos olhos dos outros! :)

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  3. Andas aí a apertar nos pontos que me tocam...
    Nunca ousei sonhar ser aquilo que queria ser. Sempre tive medo. Sempre achei que era maluca em largar tudo para me dedicar a uma paixão, que não passava disso: paixão. Mas, e há sempre um mas, também sempre duvidei das minhas reais capacidades. Sabia que era boa, mas... talvez por isso nunca tenha investido em tentar tornar o grande sonho uma realidade... Até que um dia do nada deu-me uma coisa ruim e fui-me pôr à prova. Sem ter feito nunca na vida um workshop que fosse, fui perceber se afinal tinha jeito e talento para a cozinha. E sim parece que tenho. Só não fui mais longe porque a minha insegurança (maldita) me "matou"! Mas foi o suficiente para saber que tenho que perseguir este sonho sim. E vou, aos 35 anos, increver-me para ter formação a sério. Vai ser um processo longo, duro que vai exigir de mim, mas vou. E se tenho medo por um lado, sinto-me uma sortuda por, finalmente, ter tido a coragem de assumir que o que quero fazer não tem nada a ver nem com o meu negócio, nem sequer com a licenciatura que estou a terminar. Eu quero é ser chef. Uma excelente. E é isso que vou ser, e nada matará este sonho!

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    1. Ainda bem :)

      Nunca é tarde para se alcançar o que se deseja. Com a determinação que mostras, aposto que tudo vai correr bem.

      Força!

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  4. Regra geral, tento ter os pés assentes no chão, mas não em demasia. Ou seja, gosto de propor metas a mim próprio, mas sem querer dar passos maiores que a perna. Nem sempre consigo e às vezes deixo-me levar pelos sonhos e começo a levitar. Mas tento ser o mais realista que consigo.

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    1. Eu gosto de sonhar alto, o que não implica ser irrealista. É possível sonhar alto mas ser realista.

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  5. Se eu te disser qual é o meu sonho - que até é realista - e te disser que não o consigo realizar porque, sempre que tento, corre tudo mal?!

    O meu sonho de menina (salvé Tony Carreira! LOL) - ou melhor, de adolescente - era ser bailarina. Não queria ser famosa, só queria dançar, ainda que o objectivo fosse ir estudar/dançar em Londres ou Nova Iorque. Mas eu nasci para Planos A e uma lesão dupla na perna esquerda trocou-me as voltas da vida...

    E, desde então, a canção dos Rolling Stones faz cada vez mais sentido para mim: "you can't always get what you want / but if you try sometimes / well you might find / you get what you need..."

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  6. Acho tudo tão relativo, no que diz respeito aos sonhos...o que para ti pode ser considerado um sonho facilmente concretizável para outros pode não ser, o contentamento que retiras de um dado sonho para outros pode não fazer minimamente sentido...e sinceramente a partir do momento que designamos a palavra de sonho já per si significa algo que nos vai dar algum trabalho a lá chegar...a forma como tu vês esse percurso é que pode ser muito diferente ed pessoa para pessoa...pessoalmente sou muito ou demasiado exigente comigo mesma ... e por isso mesmo coloco expectativas elevadas no que faço ou no que pretendo alcançar...o preço a pagar por estas expectativas ás vezes é demasiado elevado :)

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    1. Eu percebo o que dizes. Mas, se o meu sonho de vida for trabalhar na loja da esquina mais perto da minha casa que está sempre a precisar de empregados, não é um sonho tão complicado para quem quer que seja. É sonhos desse tipo que me refiro :)

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