30.1.14

praxe e inspecção militar

As praxes continuam na ordem do dia. Já li muitas coisas. Já assisti a diversas reportagens sobre o tema. E já tive de escrever, profissionalmente, sobre o tema. Analiso a perspectiva de quem, provavelmente a quente, mete tudo no mesmo saco, defendendo que todas as praxes são violentas e humilhantes. Assimilo as ideias de quem entende que as praxes fazem parte de uma tradição académica que nada tem a ver com aquilo que aconteceu na praia do Meco.

Frequentei o curso de Ciências da Comunicação e da Cultura, variante de Jornalismo, na Universidade Lusófona, a mesma das seis vítimas da trágica madrugada de 15 de Dezembro. Contudo, não fui praxado. Pelo simples facto de que entrei na última fase de candidatura, numa altura em que as praxes já tinham acontecido. Pretendia outro curso mas já não fui a tempo para os pré-requisitos desse mesmo curso. Para não ficar um ano sem estudar, optei por comunicação. Ainda fui a tempo mas perdi a altura das praxes. Ao ter que escrever sobre o assunto, recorri a uma colega que viveu aquele ritual.

Tal como ela, defendo que existem dois factores que podem ser associados a algumas, reforço o termo algumas, praxes académicas. Refiro-me à humilhação que alguns veteranos fazem questão de aplicar aos caloiros. E o enorme desejo de aceitação de um grupo de miúdos que se vê inserido numa nova realidade, querendo – muitas vezes a todo o custo – fazer parte do grupo cool da universidade. Este desejo faz com que muitos caloiros aceitem tudo e mais alguma coisa. Até porque, os veteranos adeptos da humilhação, usam o argumento da exclusão ao longo do curso, para levar os jovens a submeterem-se a tudo e mais alguma coisa. Quando na realidade, quem não aceita ser praxado ou quem se recusa a determinadas coisas não é excluído de nada. Nem de jantares nem de festas. Tal como quem aceita ser humilhado não é melhor integrado na vida académica por causa disso. Mais depressa é gozado ao longo do curso do que outra coisa qualquer.

Depois, existem aqueles que gostam de humilhar os caloiros. Que, por sua vez, são, regra geral, pessoas que só conseguem impor-se perante alguém daquela forma. Pessoas que nunca se destacaram de nada nem de ninguém e que aproveitam aqueles dias para usarem e abusarem de um poder que alguém lhes conferiu e que poucos caloiros se atrevem a questionar. E isto faz-me lembrar a inspecção militar.

A minha inspecção militar dividiu-se em dois dias. Metade de um e metade de outro. O grupo era grande e fomos bem tratados pela maioria dos militares. Excepto por um. Que gritava connosco. Que nos tratava mal. Que ofendia se assim entendesse. Que se insinuava fisicamente para os mancebos. Algo que fazia com maior destaque nos momentos em que estava sozinho com o grupo de jovens que ali estava por obrigação. Contudo, este militar precisava de subir para um degrau para nos intimidar. Aqueles momentos, sobretudo quando estava sozinho e se exaltava muito mais, eram o espelho de tudo aquilo que os outros militares lhe faziam. Ele não estava a fazer nada mais do que aquilo que os outros lhe faziam diariamente. A solução para aquele militar foi vingar-se dos mancebos que, por mais que queiram, não o vão enfrentar, com receio do que possa acontecer.

Comparo este militar aos veteranos que transformam uma simpática tradição académica num perigoso jogo de humilhação e violência. São pessoas que usam os pequenos momentos de comando para se vingarem de todos os males que lhes fazem ao longo dos tempos. Porém, não posso assumir que todos os militares são igual aquele exemplar com quem me cruzei na inspecção militar. Tal como não posso garantir que todos os veteranos são iguais aos que só sabem recorrer à violência e humilhação. Colocar tudo no mesmo saco não é para mim.

Por exemplo, ouvi na rádio que, em Coimbra, as praxes são proibidas no horário das aulas, que são proibidas pinturas nos caloiros e que a violência está igualmente proibida. Ouvi um caloiro afirmar que foi graças às praxes que ficou a conhecer a vida académica de Coimbra e que ficou igualmente a conhecer as pessoas do seu curso. Revelou igualmente que nunca foi humilhado nem nada que se pareça. Será que estas pessoas merecem ser tratadas como criminosas por causa do comportamento inadequado de um grupo de anormais? Ou será mais justo que se condene, de forma severa, quem usa uma tradição académica para humilhar e tratar abaixo de cão jovens que aceitam a realidade que lhes é oferecida naqueles rituais.

Como referi no início do texto, não fui praxado na Lusófona. Mas fui praxado em quase todos os clubes onde joguei futebol. Fui igualmente praxado em estágios de futebol onde marquei presença e também em diversos empregos onde estive. E também praxei nestes cenários. Olhando para o passado, não me recordo de um único momento de humilhação. Só apenas bons momentos e muitas gargalhadas. E, quando assim é, nada há para corrigir ou condenar. Até porque, se o comportamento de algumas pessoas fosse assumido como regra geral, tinha que se acabar com muitas coisas no mundo.

42 comentários:

  1. Foi dos textos que li sobre o assunto que mais gostei..
    Eu fui praxada e praxei em Coimbra e nunca me senti humilhada por nada.. Cheguei a recusar praxes de veteranos e nunca tive nenhum castigo..

    O problema deste assunto é por causa de uns que não tem nada na cabeça, pagam os outros que nada tem a ver..

    kisses***

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    1. Temos que saber separar as coisas. É justo que isso aconteça.

      beijos

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  2. Nunca fui praxada. Os meus filhos ainda não chegaram lá! Se bem que noto alguma resistência no meu filho do 12º ano ... anda a falar em ficar mais um ano a melhor nota... que ainda é muito novo. enfim... consigo entender que não devemos julgar por uma determinada situação, todavia, jamais alguém deve perder um filho devido a uma praxe que eventualmente correu mal, de todo, na´entendo o pacto de silêncio. Lamento.

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    1. Condeno os ridículos pactos de silêncio. As famílias merecem que a verdade lhes seja transmitida.

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  3. Este assunto dava "pano para mangas" como se costuma dizer. Concordo com tudo o que disseste e para mim, como em tudo na vida, tudo depende do carácter, dos bons princípios, do civismo de cada um...e neste caso, avaliando pelo teor da notícias que as investigações têm revelado, não posso deixar de ficar perplexa pelo que anda por aí camuflado...
    De certeza que algumas medidas irão ser tomadas..e talvez a reputação de uns ficará manchada pelas ações de outros que nada dignificam...
    Uma coisa eu acredito...as instituições de ensino não se podem isentar destes assuntos...e devem estar atentos, pelo menos ao que decorre dentro das sua "paredes". :)
    Um bom resto de semana HSB e a ver se começo a regressar aqui a este espaço que sempre me fez passar bons momentos:) Bjs

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    1. Sejas bem regressada. O espaço também tem bons momentos contigo :)

      Têm de ser tomadas medidas que castiguem quem não cumpre regras. E não colocar todos no mesmo saco.

      beijos

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  4. exactamente isto. também fui praxado na lusófona. de forma razoável e em nada humilhante ou degradante. nem eu deixaria que fosse de outra maneira. também fui praxado noutras circunstâncias da vida e sempre de forma civilizada e amigável. sinto que a praxe pode ser um "quebra-gelo" útil nas mãso certas. nas mãos erradas é um intrumento de tortura e degradação humana no seu mais básico e primário. e são esses os casos que eu condeno e repudio. subscrevo na totalidade o teu texto.

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  5. Acho que o maior erro de todo este assunto é comparar cidades, faculdades e, essencialmente, pessoas. E sim, ao mesmo tempo que me irrita que para o mau metam tudo no mesmo caso, para o bom, tornem tudo tão "idilico".

    E como vi num comentário algures num blog: não se pode chamar praxe a um conceito, quando a praxe é uma acção. E como acção que é, deve ser julgada como tal. (e não como conceito, como tanto querem insistir em fazer)

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    1. A praxe é uma tradição de integração quando feita na forma como foi idealizada. Quando as pessoas são boas, tudo corre bem e ninguém sofre com isso.

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    2. O maior problema está exactamente nisso que disseste "quando feita na forma como foi idealizada". E isso vai de encontro ao que eu disse: um conceito não é uma acção e vice versa.

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    3. Existe muita gente que faz praxes em condições. E acho que não devemos olhar para todos como criminosos. É só isso que defendo. De resto, sou contra pactos de silêncio e impunidade para os culpados. Nas praxes e em tudo na vida.

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    4. Mas eu sei perfeitamente que tens razão: nem tudo é mau. Mas quando é mau, tem que se dizer que é mau, e não dar desculpas de que "nem tudo é mau". O facto de nem tudo ser mau, não invalida TODAS as vezes que foi (e olha que já tivemos demasiados exemplos).

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    5. Mas eu sou o primeiro a dizer que deve ser castigado, de forma severa, que não cumpre as regras.

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  6. Nunca fui praxada...no meu tempo de faculdade ainda pairava no ar o medo de comparações com outros tempos que se queriam esquecer...sinceramente não vejo o motivo ou a graça da coisa e assim para já ...não me apetece ver os meus filhotes envolvidos nisso...não quero mentir...! Mas como em tudo não há que confundir as coisas e assim como uma andorinha não faz a primavera um bando de imbecis prepotentes e mal resolvidos não define todos os jovens de alguma forma envolvidos em praxes nas várias universidades do país...país esse que acordando sempre na manhã seguinte e nunca prevenindo nada, disfarça depois com um enorme empolamento dos problemas que sendo graves como é o caso, mas ainda assim restritos, são tratados como prioridade nacional ...pelo tempo conveniente claro...até caírem no esquecimento e nada ter sido feito como sempre...Desculpa o testamento!!!
    Bjs
    Maria

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    1. Não tens que pedir desculpa por nada. :)

      Só te aconselho a que não "assustes" os teus filhos dizendo que tudo é assim. Porque nem tudo é. Têm sido feitas muitas reportagens com sítios maus de praxes mas, caso existe essa vontade, é possível fazer em muitos sítios onde tudo corre bem.

      beijos

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  7. "Proibir" não é o mesmo que "acabar com", infelizmente. Caso contrário o próprio código de praxe impediria os abusos. Mas não impede, pois não?

    Uma sociedade faz-se de indivíduos que distinguem certo de errado, e de outros que não percebem a diferença. Na praxe, como na sociedade, há demasiadas pessoas que não compreendem essa diferença. E, portanto, resta proibir que estes indivíduos se unam e usem da oportunidade para ultrapassar os limites. Da mesma forma que proibimos a criminalidade em geral, na sociedade. Inclusive formação de quadrilha. Indivíduos são mais fracos sozinhos do que o são em grupo. Sem uma seita que secretize os procedimentos de praxe, os indivíduos atrever-se-ão a menos.

    E se tomando uma posição dura contra a praxe impedirmos que uma pessoa por faculdade seja abusada física ou psicologicamente, já valerá a pena.

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    1. É impossível acabar com o que quer que seja. Como dizes, o que importa é que as pessoas saibam separar uma coisa da outra, o errado do correcto.

      De resto, não acho que se possa misturar tudo no mesmo saco. Se assim fosse, não se vendia álcool para que ninguém ficasse bêbado, não se vendia tabaco para que ninguém fumasse onde não se pode e por aí fora. Tem é de se castigar que abusa.

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    2. Não misturamos tudo no mesmo saco proibindo a praxe. Aqueles que sabem brincar continuam a poder fazê-lo, e os que não sabem continuam sem conseguir fazê-lo. Acabando com o ritual de praxe, acabar-se-ia apenas com a divisão de estudantes em número de matrículas e com o poder de uns sobre os outros por causa disso. Ficaria apenas a convivência. Porque quem quer integrar outra pessoa não precisa estar trajado, nem pedir à outra pessoa que se comporte como um empregado. Basta apresentar-se, oferecer-se para dar a conhecer o campus, convidar para um café, perguntar de onde vem, qualquer coisa serve. "De quatro caloiro", que é do melhorzinho que se pode ouvir, não é particularmente importante para que uma ligação se crie. Mas confesso que a minha opinião é bem radical em relação à praga disfarçada de animação que é a praxe (aos meus olhos).

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    3. Proibindo a praxe castigamos quem usa a praxe de forma correcta. Não é necessário proibir nada. É necessário sim, castigar que quebra as regras. Esta é a minha opinião.

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    4. Pensei que o ponto da discussão fosse proteger os caloiros que são abusados, não a diversão dos praxantes que já foram integrados.

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    5. Para mim, o ponto de discussão é não penalizar quem nada faz de errado. Quer sejam os veteranos que praxam em condições, quer sejam os caloiros que gostam da praxe, como é o caso do aluno de Coimbra que referi no texto.

      Recuso-me a meter toda a gente no mesmo saco. Quer seja neste caso como noutro qualquer.

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    6. Aliás, o importante é não julgar que nada faz de errado.

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    7. A nossa perspectiva diverge, porque não falamos da mesma coisa. Brincar, em praxe e fora dela, quer se chame praxe ou não, não pode ser punido por lei. Condutas excessivas como coação, agressão e homicídio são previstas no nosso código penal e, portanto, podem (desde sempre) punir quem os pratica no âmbito da praxe. Ou melhor: poderiam!, não fosse o secretismo que envolve a praxe e o que cada elemento faz, e que resulta em não se encontrarem os culpados.

      A título de exemplo, o caso na universidade Lusíada de VNFamalicão, que resultou na morte de um aluno, continua sem estar esclarecido (muito menos punido). Não porque os alunos da época não saibam quem praxou a vítima, mas porque a vítima tinha hematomas da cabeça aos testículos resultantes de actividades de praxe anteriores (descobertos apenas na autópsia). E como os culpados da "brincadeira" não-fatal não se querem envolver com problemas com a justiça, não abrem a boca sobre o culpado da "brincadeira" fatal.

      Se não proibirmos a formação de seita universitária (vamos mudar-lhe o nome) vamos continuar como estamos: com um código penal que não se aplica a ninguém, porque o pacto de silêncio não permite que se apurem os suspeitos.

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    8. Eu compreendo o teu ponto de vista. Mas não posso aceitar o caso do Meco e o de Famalicão como sendo regra geral num país onde existe um gigantesco número de universidades. É só isso.

      Sou contra pactos de silêncio, contra impunidade para culpados mas proibir as praxes é injusto perante as pessoas que fazem tudo bem. E que muitas mais do que as pessoas.

      Por exemplo, muitas pessoas conduzem sob o efeito do álcool. Vamos proibir a venda de álcool de modo a que ninguém conduza sob o efeito do álcool? Ou castiga-se quem não cumpre as regras?

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    9. Morrer por causa da praxe não é o prato do dia na praxe, mas as marcas físicas e psicologicas são. Não vamos ser inocentes ao ponto de achar que conhecemos todas as excepções deste país. Não são só os exemplos que vi quando eu era caloira, mas os dos outros quando eles o foram - cursos de Direito, Filosofia e Engenharia Mecânica na Universidade do Porto. Cursos de Engenharia de Polímeros, Português/Francês da Universidade do Minho, Comunicação Social em Abrantes, Arquitectura na Lusíada, todos eles (família e amigos próximos) têm coisas a contar. Graves.

      Tudo aquilo a que referiste opôr-te é parte do contexto de praxe académica. Vale a pena continuar a permitir que a oportunidade para abusos exista? Será que essa boa-gente vai ficar assim tão ofendida por saber que vai ter de brincar fora do contexto de praxe para contribuir para a protecção de terceiros? E (pergunto pela milésima vez) o que é que não poderão fazer, de tão saudável e divertido, se a praxe for proibida?

      Quando entrei no contexto universitário Suíço a forma que encontraram de me integrar foi apresentando-me a cidade de lés-a-lés. Apresentar-me os supermercados mais perto da universidade e os mais perto de minha casa. Entregar-me uma lista de locais gratuitos ou com descontos para estudantes -- de museus a ginásios e cinemas. Convidar-me para jantar, para almoçar, para lanchar, para fazer parapente e outros desportos radicais que nunca havia experimentado. Fizeram questão de garantir que eu iria saborear o que era viver naquela cidade, com aquelas pessoas em particular. Tudo isto e milhentas outras brincadeiras continuarão a ser possíveis mesmo que a praxe seja proibida. Porque só se vai eliminar a obrigatoriedade de se estar presente mesmo quando não se quer estar, quando aquilo que se está a fazer e ouvir vai contra o que são os princípios pessoais de cada um.

      Na realidade já se tentou proibir a venda de álcool (nos Estados Unidos). Precisamente porque as mulheres estavam fartas de aturar bêbedos e a sua violência física e psicológica em casa. A lei não resultou, porque os senhores faziam-no entrar no país ilegalmente. O contrabando vai ser sempre um problema. Os vícios são sempre um problema. Mas a praxe não é um vício, é só uma tradição que evoluiu mal. E portanto acredito que seja mais fácil assustar aqueles que antes tinham as costas protegidas pelo tal silêncio geral (com que nenhum de nós concorda) se esse silêncio for proíbido, porque a praxe em si (como tradição que evoluiu mal e protege gente mal-formada) não existirá mais. E quem sabe, expostos aos olhos de todos e à luz dos seus próprios actos pensem duas vezes antes de fazer alguma coisa estúpida. Não é certo que funcionará, porque tradições são difíceis de quebrar, mas será muito mais fácil aos novatos dizer 'não' porque estão protegidos própria lei. E será muito mais difícil tirar alunos em massa dos auditórios de aulas para os praxar durante o dia. É só mais uma tentativa para controlar gente absolutamente estúpida com poder demais nas mãos. E quando tantos são abusados física e psicologicamente, todas as tentativas são válidas.

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    10. Nada tenho a acrescentar. Recuso-me a olhar para a parte como o todo e a aceitar alguns exemplos como a maioria.

      Nada mais tenho a dizer.

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  8. Eu fui praxada na Universidade Lusófona, pelo curso de Design e não me senti minimamente abusada ou humilhada. Posso até afirmar, que em relação às praxes que via serem feitas por outros cursos ao mesmo tempo que estava a ser praxada, os veteranos de Design foram muito porreiros! Baptismo com água do lago do Jardim do Campo Grande? Nada disso! Foi com água da fonte onde as pessoas bebiam água.

    Mais tarde, e à mesma na Lusófona, também no curso de Ciência da Comunicação e Cultura, não me apercebi de abusos. Não sei se por já não ter sido praxada, mas nunca ouvi relatos de praxes menos próprias contados pelos meus colegas.

    Não acho que todos tenham de ser punidos por algo que apenas uma parte faz.

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    1. Lá está, nem tudo é mau. Mesmo na mesma universidade de onde são os protagonistas desta trágica história. Cada caso é um caso.

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    2. Se a praxe fosse proibida, os colegas da Rainha não poderiam levá-la à fonte e atirar-lhe água potável? Isso equivale a que punição, no código penal?

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    3. Para mim, proibição de praxe significa acabar com isso tudo. Volto a dizer, para concluir, que sou contra que se julguem todas as pessoas da mesma forma. Quer seja neste caso ou noutro qualquer. Nada mais do que isso.

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    4. Com todo o respeito HSB, não é "para ti" que conta; é "por lei". E ter a polícia a registar a ocorrência "Sujeito1 deitou água potável na testa de sujeito 2" seria no mínimo hilário. Isso não faz sentido nenhum.

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    5. O que conta para mim é que alguns exemplos não são exemplo da maioria. Só isso e nada mais.

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  9. O que verdadeiramente se passa é que estão a diabolizar a praxe e maioria das pessoas que praxam. Eu fui praxada e praxei em Tomar, e não me senti humilhada e nos anos que se seguiram não humilhei ninguém. O que é certo é que há quem abuse, mas esses são uns recalcados.

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    1. Mas com isto, qualquer dia só vão existir insultos quando alguém passar num local onde esteja a decorrer uma praxe normalíssima.

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    2. Ora aí está. É diabolizar a coisa. O que concordo e muito é que as universidades, tenham alguma mão no assunto, porque há coisas que são inadmissíveis. Quanto ao resto, não coloquem as coisas no mesmo saco. Não acredito que todos os que praxam sejam fascistas, anormais, burros, que não acabam cursos e que querem putas e vinho verde. É relativizar, e isso não é correcto. E "desculpa" que te diga, mas com isto tudo, não ando a ver bom jornalismo, muito pelo contrário.

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    3. Concordo contigo. Quanto ao jornalismo, a maior parte dos órgãos vão ao sabor do vento do que é mediático. Ou seja, nesta altura fica bem dizer que todas as praxes são horrendas. Tenho visto algumas reportagens da Ana Leal e gosto. Porque está a centrar-se no caso e no que é habitual dentro daquele grupo.

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  10. Eu praxo e fui praxada. Na minha perspectiva (que ainda me insiro no meio em questão) existem actividades que não considero apropriadas, mas nunca assisti a nada de carácter violento nem que infligisse doença (a não ser que nos queiramos referir à luta de balões de água em que ambos doutores e caloiros apanharam uma constipação devida à ventania que se levantou subitamente). Tentei em tempos promover um movimento contra a sexualização da praxe. Fiz tudo da maneira mais correcta, tentei entrar para o grupo organizador da tradição académica onde passei às primeiras fases de selecção (que já agora foram uma candidatura por carta de motivação e uma entrevista, nada das coisas faladas numa das entrevistas da TVI) e aquando da exposição dos meus princípios tentei defender utilizando unhas e dentes como argumentos a minha demanda. Não estava pronta para a resposta que se seguiu, "Então, mas qual é o mal?" e "Eles têm o direito de dizer não". Aquilo que os meus colegas não compreendem é que mesmo estando escrito que um caloiro pode recusar uma praxe este pode não ter a capacidade de o fazer e quando tentei dar um exemplo de alguém no meu ano que estava numa dessas situações não acreditaram. Se querem saber com o que não concordo na praxe é isto, de resto não me posso pronunciar porque nunca observei nada do género. Do que me tem dado a entender, toda a generalização da praxe tem sido feita por pessoas que nunca vivenciaram a situação (ou pelo menos da maneira correcta), portanto, como explicar a alguém que quando um grupo canta em conjunto as canções que adoravam em criança acompanhando com uma cómica coreografia de gestos animais se está a unir? Enfim, a minha experiência foi boa estive com pessoas correctas e tive caracter de dizer não aquilo que não queria fazer.

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  11. "Por exemplo, ouvi na rádio que, em Coimbra, as praxes são proibidas no horário das aulas, que são proibidas pinturas nos caloiros e que a violência está igualmente proibida." - confere, o Código de Praxe foi actualizado nesse sentido há relativamente pouco tempo (3 anos, acho).

    Quanto ao tema "praxe", já escrevi sobre isso 2 vezes lá no tasco. Sou completamente a favor da praxe enquanto forma de integração e enquanto tradição. Sou completamente contra abusos, violência e desrespeitos ao Código.

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    1. Penso como tu. E recuso-me a aceitar que todos sejam vistos da mesma maneira.

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  12. Toda esta discussao se gerou pq um grupo de veterenos foi de livre e espontanea vontade durante um fds submeterem-se a provas ou praxes para no ano seguinte serem eles a fazerem o mesmo aos caloiros...So tenho pena pelas vidas humanas que se perderam, pq de resto, ninguem os obrigou e irem para o Meco de noite com alerta laranja é apenas uma atitude estupida!!

    Qt as praxes, so aceita ser praxado quem quer. Eu andei na Faculdade Direito de Lisboa e aceitei algumas e rejeitei peremptoriamente outras e nao me excluiram de nada durante o tempo que la andei.

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