27.1.14

gabarolas e pedestais

Nunca percebi aquelas pessoas que adoram gabar-se disto ou daquilo, numa gabarolice sem qualquer sentido. Refiro-me aquelas pessoas que chegam a falar com outras apenas no momento em que têm algo para se gabar, achando que isso faz deles superiores e que vão deixar os outros tristes perante uma eventual inferioridade que pretendem demonstrar. No prédio dos meus pais existe uma pessoa assim.

A pessoa de quem falo consegue andar na rua, daquelas onde toda a gente se conhece há largos anos, sem falar a ninguém. Acha-se a maior, ignora as pessoas e segue caminho numa passadeira vermelha imaginária que surge a seus pés a cada passo que dá. Porém, quando esta pessoa tem algo para se gabar, tudo muda. Conhece toda a gente. Cumprimenta todas as pessoas. E conta a mesma história a todos com um sorriso nos lábios.

Tenta fazer isso com a minha irmã e sobrinha. Tem azar que a miúda foge dela a sete pés. Não o tenta fazer comigo porque quando nos cruzamos não lhe dou espaço para nada mais do que bom dia ou boa tarde, isto nos dias em que não me ignora. E também o tenta com a minha mãe, com quem se cruza mais vezes. Num dos últimos episódios, aproximou-se da minha mãe cheia de sorrisos. A minha mãe desconfiou que vinha lá mais uma pérola. E com razão! “Olááááááááá! Tudo bem? Blá blá blá, o meu filho está no México”, disse num monólogo. “Tem piada, o meu filho e a mulher estiveram no Dubai na semana passada”, respondeu centésimos de segundo depois.

A aura que habitualmente tem quando se gaba, logo desapareceu. O sorriso fechou-se. Meteu a viola no saco e foi tocar para outro lado. Como é óbvio, eu não tinha ido a lado nenhum. A minha mãe só respondeu daquela forma porque sabia que era tudo aquilo que não queria ouvir e porque isso ia acabar com aquele momento em que a pessoa tentou revelar-se superior. Do estilo, o meu filho é muito bom e o teu não.

Se entendem ser superiores, ignorando as outras pessoas, pelo menos que sejam coerentes e que se mantenham nesse pedestal eternamente. Caso contrário, quando descem do mesmo correm o risco de levar com respostas que não esperam e que fazem com que pareçam inferiores, e não superiores, aos outros. Quando soube disto, só me apetecia dizer: high five mom!

17 comentários:

  1. Mãe 20 - pessoa parva 0

    High five to your mom! :)

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  2. Ahahahahahah:)
    Grande resposta sim senhora:)

    jinhoooossssss

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  3. Gabarolas desse género já é um tipo de pessoa que, por norma, não suporto. Mas repudio especialmente pessoas que começam conversas com "aquilo que aconteceu naquelas férias num destino exótico qualquer".
    Das duas uma, ou ignoro (99%) das vezes, ou respondo com algo do tipo "isso [que se passou nesse destino fantástico XPTO caríssimo] faz-me mesmo lembrar daquela vez em que vi as ovelhas chegarem a casa, em Montalegre".

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  4. Olha a mim também me saem umas respostas dessas ...é o que merece essa gentinha que se espavoneia ..e a seguir ignoro-as...:)

    bjsss

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  5. Parece que há sempre uma vizinha dessas em todo o lado.
    Num dia passam 30 vezes por nós e nem falam, quando precisam de algo ou querem mostrar alguma parolice, é só sorrisos.

    A esta hora já a vizinha está a pesquisar no mapa qual vai ser
    o local mais fashion para inventar uma próxima pérola.
    Estas pessoas nunca podem ficar atrás, é sempre lá no alto.
    Não sabem é que ficam no alto do R-I-DÍ-C-U-L-O.

    Abençoada mãe :)

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    1. Acho que é o tipo de vizinho que existe em todo o lado. Ridículo é bem escolhido :)

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  6. Grande resposta da tua mãe ahahah :)

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