22.10.13

medo da competitividade

Desde pequeno que lido com a competitividade. Na minha rua, era um dos mais novos. Com cerca de dez anos queria jogar futebol com os de dezoito. Para ser escolhido sabia que tinha de ser competitivo. Tinha de jogar bem e ser uma mais valia para a equipa. Caso contrário, via o jogo de fora. Quando comecei a jogar ténis de mesa passei pelo mesmo. Sabia que tinha de ser competitivo para que o clube apostasse em mim nos torneios. Seguiu-se o atletismo. Mais do mesmo. Sabia que tinha de ser melhor a cada dia de modo a estar à altura daquilo que esperavam de mim. E o mesmo se passou no futebol. Por norma, existiam quatro jogadores no plantel para a minha posição. Como só jogavam dois, sabia que tinha de dar o máximo em cada treino e jogo. Para ser o escolhido.

Neste meu passado desportivo apreciei sempre a competitividade. Porque era um dos motivos que não me deixavam relaxar. Se o fizesse, corria o sério risco de perder o comboio e ficar para trás. Rapidamente seria apenas mais um que por ali andava. Como tantos colegas de equipa com quem lidei ao longo dos anos. Por isso, sempre gostei de ter os melhores a meu lado. Porque ter os melhores, faz com que tenha de ser ainda melhor.

Com o passar dos anos, adoptei esta mentalidade ao trabalho. E a tudo na vida. Gosto de estar rodeado dos melhores. Pelo simples facto de que isso obriga-me a ser ainda melhor. A lutar mais. A querer mais. E quem ganha com isto não sou apenas eu. Ganha a outra pessoa. Numa equipa ganha a própria equipa e o treinador. Numa profissão ganha a empresa e o patrão. No meu caso, que sou jornalista, ganha a publicação para que trabalho. Se estiver rodeado dos melhores, o produto final será muito melhor.

Por pensar assim, custa-me a compreender a mentalidade do medo da competitividade. “Vem aí alguém que faz isto e aquilo”, diz-se. E as pessoas assustam-se. “Será melhor do que eu? Vai ficar com o meu lugar?”, questionam-se. Certas pessoas ficam-se por estas questões. Outras, tentam fazer com que esta pessoa tenha a adaptação mais complicada possível, de modo a que se sinta mal e desmotivada. Com isto facilmente se destrói uma equipa. Facilmente se instala um mau ambiente de trabalho. E por aí fora.

Pessoalmente, prefiro mostrar o meu serviço. Prefiro dar nas vistas pelo que faço. Pelas ideias que tenho. Pela vontade e ambição que demonstro. E pela sede de vencer. É certo que pode ser um caminho mais penoso e complicado. Mas é muito mais saboroso do que simplesmente fazer com que alguém tropece e acabe no chão, provocando uma gargalhada a todas as pessoas que aguardavam a queda. Até porque, só não aprende com a competitividade quem não quer. Trata-se da ferramenta ideal para a evolução de cada um.

12 comentários:

  1. Eu tenho medo da competividade porque existem pessoas neste mundo que não são adeptos de uma competição saudável... Chega quase a ser doentia a forma como as pessoas se pretendem destacar. Optei e acho por bem todas as pessoas darem sempre o seu melhor e serem proativas. Eu sigo essa filosofia. Mas não penso nos benefícios que isso me possa trazer.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Compreendo o que dizes. Isso é aquilo a que chamo competitividade doentia. Eu gosto de competitividade no sentido que nos faz ser melhores.

      Eliminar
  2. Infelizmente há pessoas que entram no mundo da competitividade para rebaixar outros ou mesmo coloca-los de fora.
    Não gosto de ser competitiva, mas sim gosto de aprender e partilhar com as pessoas o conhecimento, bem como a aprendizagem.

    Ontem li um pequeno texto que achei genial, do Henrique Monteiro e deixo aqui. Tem a ver com a competitividade, sob meu ponto de vista.
    "Um tipo idi­ota é idi­ota. Não é por ser dou­to­rado, depu­tado, rico ou chefe de um governo que deixa de ser idi­ota. A idi­o­tice é algo que não olha a clas­ses, ins­tru­ção, poder, riqueza ou qual­quer coisa deste género. Esta é, aliás, uma das pro­vas em como o mundo foi bem orga­ni­zado (entre as mui­tas pro­vas que dizem o contrário).
    Mas um idi­ota com con­vic­ção cons­ti­tui um enorme risco, aliás só supe­rado pelo perigo que repre­senta um idi­ota com ini­ci­a­tiva. Daque­les que insis­tem em fazer coisas
    É por isso que se deve dei­xar sem­pre os idi­o­tas des­can­sa­dos, sem tra­ba­lho e sem res­posta, caso venham com ideias."

    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Texto muito interessante. As pessoas que fazem isso é porque não têm confiança nas suas qualidades.

      Eliminar
  3. Exactamente! Um bocadinho de competividade não faz mal a ninguém, pelo contrário, incentiva-nos a melhorar o nosso trabalho.

    ResponderEliminar
  4. Vejo as coisas como tu. Não acho que a competitividade seja algo negativo, bem como a ambição. Desde que isso nunca implique pisar alguém, isso já me faz comichão no cérebro! Não gosto de pessoas que olhem a meios para atingir os fins. Mas gosto de pessoas que se esforçam por se superar dia após dia.

    ResponderEliminar
  5. Como alguem ja referiu, depende muito da competitividade de cada um. A saudavel é sempre bemvinda, agora aqueles que fazem de tudo para se destacarem, nao olhando aos fins...isso aí ja me chega a pimenta ao nariz.

    ResponderEliminar
  6. Acabas-te de descrever na perfeição os funcionários publicos: " vale muito seres bom, levas o mesmo que eu ao final do mês"; " como fazes tanto, depois ainda vão querer que todos façamos o mesmo", etc... no final, como nunca nenhum é despedido as pessoas acabam por desmotivar e fazer somente o "minimo indispensável" -isto é, o suficiente para passar o dia mais rapidamente e, ao mesmo tempo, não se cansar nada. Produtividade nacional no seu melhor.

    ResponderEliminar