10.10.13

frustrações pessoais e um ecrã de computador

Recentemente, Sasha Grey passou por Portugal para promover o seu primeiro romance, Juliette Society. Para quem não sabe, Sasha Grey, de apenas 25 anos, é um ex-actriz porno, que rapidamente se destacou na indústria de filmes para adultos. Na pele de jornalista, tive a oportunidade de estar à conversa com esta simpática mulher que após o final de carreira enquanto actriz porno tem participado em diversos projectos de outras áreas.

Além do livro de sucesso, cujos direitos já foram comprados em Hollywood, Sasha Grey entrou ainda na série Entourage e em diversos projectos ligados à representação. Também teve uma banda e trabalha ainda como dee jay. Entre muitas outras coisas, fiz questão de lhe perguntar se, devido ao seu passado profissional, sentia que olhavam para si como uma pessoa inferior. Ou seja, se era olhada de lado por outras pessoas nos diferentes projectos, não pornográficos, onde participava.

Como resposta ouvi que isso apenas acontecia na internet, quando existe um ecrã de computador a separa-la das outras pessoas. Sasha Grey, nunca se sentiu olhada de lado nem nunca se sentiu inferior porque as pessoas não têm coragem de dizer, olhos nos olhos, que não gostam dela. Porém, quando se escondem atrás de um computador, são capazes de dizer tudo e mais alguma coisa. Dizem aquilo que não têm coragem de dizer pessoalmente. Por isso, só na internet é que Sasha Grey lida com o tratamento de algumas pessoas que se julgam superiores a ela.

E esta grande verdade é uma triste realidade. Cada vez mais as pessoas descarregam as frustrações pessoais em alguém que não conhecem de lado nenhum. Ou que até conhecem mas que nos momentos de convívio optam pelos falsos sorrisos, palmadinhas nas costas e palavras de incentivo. O comportamento destas pessoas chega a ser tão “baixo” que mentem com o objectivo de causar o caos e provocar uma qualquer revolta.

Triste mentalidade a de algumas pessoas. Que, quando observam alguém num patamar superior (seja ele qual for e que muitas vezes até nem é nada de especial mas suficiente para causar inveja e outros sentimentos nefastos) não tentam perceber a melhor forma de chegar a esse mesmo patamar. Em vez disso, tentam arranjar uma forma de fazer a pessoa cair e descer até ao patamar onde essa pessoa está. É triste. Mas acontece com frequência.

17 comentários:

  1. Aqui está uma conclusão bem real. Hoje, as pessoas são cada vez menos frontais e despejam todas as suas frustrações em quem consideram ser superiores a elas próprias. O grave disto é que já não vai mudar e a tendência é em piorar... Provas de uma sociedade decadente...

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

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  2. É mesmo uma triste realidade...mas a verdade é que este mundo está cheio de falsidade e hipocrisia ... e é preciso contar com isso para "sobrevivermos" :)

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  3. Concordo seriamente com o teu post. Diria que a natureza humana, sobretudo no aspeto espiritual, isto é, no que diz respeito a valores e integridade, ainda está num estado evolutivo aquém de um ideal superior. Vi, há dias, no facebook de uma prima uma imagem que resume muito bem o que eu sinto, só não republiquei porque tive um ataque de hipsterismo (ai que toda a gente gosta deste indivíduo agora, por isso é muito popularucho se republicar!). Entretanto, com uma expressão facial e gestos que acompanhavam e duplicavam em intensidade o que está escrito dizia assim "I don't understand why people, why every f*cking person, is so bad to each other so f*cking often. It doesn't make sense to me. Judgement. Control. All that, the whole spectrum.". Também é coisa que me incomoda muito. E talvez por isso tenha uma tendência natural de me afastar de pessoas cuja passatempo é falar de pessoas, ou melhor tricotar de pessoas, referem-nas de um ponto de vista fútil e sem nada de positivo. Porque falar de personalidades eu gosto.

    P.S. - Fui cuscar o teu instagram e não imaginava que um blogger masculino pudesse ter tanto estilo. Casava na hora :P Sortuda a tua senhora, homem que veste bem e escreve bem é ave rara!

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    1. Muito bem dito Mary Jane.

      Não tenho estilo nenhum. Sou normalíssimo :) Mas obrigado pelo elogio.

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  4. "dee jay", é assim que se escreve em português? Obrigada.

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  5. Infelizmente é verdade. Eu quando não gosto nem sequer comento. Se não gosto não perco tempo com. Mas há muita gente que perde horas a dizer/escrever mal dos outros. E nem imaginam no mal que podem estar a fazer.
    beijinho

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  6. Enquanto meio mundo ou mais diz que a virtualidade das relações e a segurança de um monitor fazem com que outro meio mundo seja falso, eu defendo que a Internet e a distância que ela dá nas relações entre humanos vem tornar tudo mais verdadeiro. Claro que é preciso inteligência para ver a verdade atrás de comentários e perfis, mas ela está lá. Temos uma sensação de segurança que nos dá confiança para dizer o que realmente vai cá dentro e, para o bem e para o mal, com mais ou menos disfarce, acabamos por mostrar a nossa verdadeira face, às vezes muito mais nítida do que em qualquer conversa ou relação ao vivo.

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  7. Sempre ouvi dizer "com as calças do meu pai, também eu sou um grande homem". A net acaba por potenciar a mesquinhez de algumas pessoas, que se escondem atrás de pc's para destilar o seu veneno. É triste, mas é verdade :/

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  8. Há uns tempos uma colega grávida comentou comigo uma observação da cunhada recém mamã... "ainda bem que tenho tempo... má também, mesmo que não recupere tu vais estar pior que eu"...
    O que acaba por ir de encontro ao que dizes... fica-se melhor com o mal dos outros do que a procurar o próprio bem...
    Beijinhos

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