23.8.13

oferta e procura de emprego

Em conversa com amigos tenho ficado a par de várias experiências de pessoas que procuram emprego. Alguns desempregados, outros com emprego mas que procuram uma nova aventura profissional e ainda aqueles que procuram o seu primeiro emprego depois de uns bons anos dedicados aos estudos e formação específica numa determinada área. Em comum, estes diferentes tipos de trabalhadores queixam-se do mesmo mal. Lamentam que boa parte dos recursos humanos das diferentes empresas a que concorrem não saibam diferenciar os candidatos. E tenho que lhes dar razão.

Todas as pessoas que vão a um processo de selecção ouvem o seguinte: “após uma cuidadosa análise, vocês foram escolhidos para esta última fase da escolha da pessoa que irá ocupar o lugar.” Porém, cedo se percebe que de cuidadosa, essa análise nada tem. Pelo simples facto de que quem está a recrutar não sabe diferenciar uma pessoa que procura um primeiro emprego de outra que está desempregada ou ainda daquele que tem emprego mas que procura uma experiência nova.

Por exemplo, uma coisa é oferecer 600 euros a recibos verdes a quem acabou de sair da faculdade. Outra coisa completamente diferente é oferecer esse mesmo valor a quem tem um emprego. Tal como é diferente fazer esta oferta a quem está desempregado. Possivelmente o jovem na casa dos vinte e poucos anos, que ainda vive na casa dos pais, que não tem despesas e que procura o primeiro emprego irá logo dizer que sim. Sem hesitar. O desempregado, irá fazer contas ao subsídio de desemprego, a uma eventual indemnização que esteja a receber, e talvez aceite a proposta. A pessoa, na casa dos trinta anos, que tem emprego vai sentir que perdeu tempo e que fez a empresa perder tempo com uma proposta que considera ser ridícula.

Como se isto não bastasse, muitas vezes, quem selecciona não explica, numa primeira abordagem, o verdadeira cargo para o qual têm vaga. Aliciam os candidatos com nomes de empresas sonantes quando na realidade têm para oferecer uma vaga que acaba por ser aliciante para muitas poucas pessoas. Tudo isto resulta em diversas horas perdidas. Para a empresa, que chama pessoas que cedo desistem da candidatura. E para quem procura emprego, porque sente que perdeu o seu tempo com algo que podia ter sido evitado.

O mercado profissional está saturado em diversas áreas. Ou mesmo em todas. Mas existem pequenos detalhes que podem fazer grandes diferenças para quem oferece e para quem procura trabalho. Isto que acabo de referir é apenas um pequeno exemplo de diversas situações erradas no mundo do trabalho. Situações essas que dão má imagem à empresa que recruta, por maior que seja, e que desiludem ainda mais que luta diariamente por um futuro profissional melhor. E que fazem perder horas a milhões de pessoas.

40 comentários:

  1. Concordo em absoluto com este texto.

    ResponderEliminar
  2. A cuidadosa análise deve ser tipo anani, ananão, ficas tu e aquele não e assim por diante. Ou então, vejamos, temos aqui umas carinhas larocas, vamos lá ver os restantes atributos. Uhmmm! faz ginásio, muito bem, solteira e boa rapariga, muito bem, sabe línguas, na muge. BINGO! Ou ainda, este é irmão daquele, este é primo do fulano, esta é filha da Tété. Pronto, estão seleccionados.

    de facto, é frustrante e desmotivante para quem procura emprego, acreditar que seja assim, mas infelizmente o cenário é sempre o mesmo. E as pessoas continuam a enviar currículos atrás de currículos, sem qualquer resposta, e quando a sorte lhes bate à porta, é exatamente como relataste, uma perca de tempo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Já assisti ao "visionamento" de cv´s femininos e a curiosidade era verem a foto da pessoa em questão. Depois vinha o cv em si.

      Eliminar
  3. O q mais me irrita é qd vais à entrevista e só qd lá chegas é q dizem q é a vaga afinal é um estágio não remunerado!
    Errrrrrrrrmmmmmmm......... Perda de tempo!!!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por isso é que disse que aquilo que escrevi era apenas um pequeno exemplo.

      Eliminar
  4. 600€ a recibos verdes é quase fazer voluntariado...
    O que se paga de segurança social (quase 200€), mais IRS, mais alimentação, mais transportes...
    E as empresas continuam a fingir que podem recrutar pessoas a recibos verdes.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As empresas aproveitam-se da crise e usam todos os truques possíveis.

      Eliminar
  5. Acho que faltou referir uma coisa deveras "importante" no recrutamento de candidatos: Testes psicotécnicos... Hum! Tão difíceis e complexos que, à partida, exclui mais de metade dos candidatos. Ou não... Desde que acabei o curso devo ter feito aproximadamente 10 ou 12 testes desses e posso dizer que o último que fiz, para a empresa onde actualmente trabalho, já foi feito com uma perna (ou as duas) às costas. Para quem tem então uma memória fotográfica, como a minha, é simples, pois já se sabe onde se errou anteriormente porque são todos iguais ou muito parecidos. Mas enfim, neste momento é o país e o mundo em que vivemos.

    ResponderEliminar
  6. Tens tanta razão no que escreveste.
    www.letirose.com

    ResponderEliminar
  7. Concordo plenamente com tudo o que escreveu. Sou uma leitora recente neste seu espaço mas já venho cá todos os dias. Deixo duas referências com as quais me identifico particularmente. "Possivelmente o jovem na casa dos vinte e poucos anos, que ainda vive na casa dos pais, que não tem despesas e que procura o primeiro emprego irá logo dizer que sim." e "E que fazem perder horas a milhões de pessoas"

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lamento não ter um nome para me dirigir. Ainda bem que gostaste. Volta sempre que quiseres que a porta está aberta e tens por aqui a tua cadeira sempre disponível.

      Eliminar
  8. Respostas
    1. Ele também gostou de ti. Fiquem por aí e conversem um pouco. Conheçam-se melhor :)

      Eliminar
  9. Só discordo num ponto: Eu que terminei o curso o ano passado considero ofensivo oferecerem-me 600euros a recibos verdes. Sei que muitos jovens na minha idade gostariam de receber qualquer oferta mas não deixa de ser ofensivo um jovem que pagou 3.000 euros de propinas (quando não foi mais), que teve de estar deslocado a gastar preço de quarto + transportes e lhes é oferecida uma remuneração por um trabalho especializado abaixo da remuneração de quem está na Zara a dobrar roupa!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Inês, tens toda a razão do mundo. Eu acabei o meu curso quase há dez anos e o meu primeiro contrato foi pouco superior a esse valor. Nos dias que correm, enganem-se os alunos que pensam que existem bons contratos e ordenados justos num primeiro emprego. Isso acontece a poucas pessoas. O pior é que muitas pessoas aceitam o tal primeiro valor baixo e acomodam-se a ele, deixando de lutar por algo melhor. E isso é um grande erro.

      Eliminar
  10. Eu estou totalmente de acordo, esta desvalorização tem sido exagerada, e não me falem em crise porque muitas destas empresas têm milhões de lucro todos os anos.
    Eu recuso-me a trabalhar por 600 ou 700€ por mês, sei valorizar o meu trabalho, sei o que posso dar a uma empresa. Prefiro fazer uns trabalhos em outsoursing e acabo por receber o mesmo ou mais. Não é um trabalho certo, é verdade, mas não andei a estudar para alimentar chulos, se querem pagar esse valor contratem pessoas sem qualificações e sem experiência nenhuma.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Felizmente, posso dar-me ao luxo de recusar ofertas dessas que referes mas sei que muitas pessoas aceitam sem piscar os olhos.

      Eliminar
  11. Não podia estar mais de acordo. Estive desempregada de Janeiro até ao início do mês passado e fui a inúmeras entrevistas nesses 5 meses, não só na minha área como em outras. Desde fazerem-me propostas na casa dos 600€ para posições séniores, a propostas a recibos verdes em que fazendo as contas receberia 500€ por mês, a ir a entrevistas e só aí dizerem-te que afinal é um estágio em que te dão ajudas de custo, apanhei de tudo.

    ResponderEliminar
  12. Infelizmente as empresas que recrutam não têm consideração nenhuma da situação do candidato. Digo isto porque eu estou empregada, mas procura uma nova experiência. Concorri a uma vaga para uma empresa grande. Sabiam que estava a trabalhar, referi isso ao telefone, logo à partida tenho tempo mais limitado. Só no dia é que nos informaram que havia uma dinâmica de grupo de seguida de uma entrevista... Na minha situação, havia mais uma dúzia. Claro todos revoltados, e com razão! Ao fim ao cabo, tive que tirar meio dia de férias porque a empresa de recrutamento pura e simplesmente nem estava preocupada com os candidatos! Enfim, triste.

    ResponderEliminar
  13. Excelente texto que espelha uma realidade muito recorrente. De facto, apesar de estar empregada, de vez em quando concorro para oportunidades que à primeira vista me parecem promissoras mas depois... Afinal não são. Já me chegaram a oferecer metade do valor que aufiro actualmente (sendo que eles perguntaram o vencimento bruto), e estágios do iefp. Enfim, enorme perda de tempo para todas as partes.

    ResponderEliminar
  14. Provavelmente há-de haver quem me queira bater, por causa do que eu vou dizer...

    Eu sei que vivemos tempos difíceis, em que a necessidade de pôr comida na mesa para os filhos é mais importante que tudo. Mas a verdade é que chegámos a este ponto porque ao longo dos anos as pessoas sujeitaram-se demais. Conheço vários casos absolutamente surreais, fora aqueles que aparecem nas notícias (como os enfermeiros que ganhavam 4€/hora). A pessoa também tem que se saber vender enquanto trabalhador, sobretudo se for licenciada! Claro que, depois de tantos anos em que toda a gente se sujeita a tudo, as empresas já fazem o que querem, o que é triste. E com a conivência dos Governos, que acham que se vive dignamente com 480 e tal euros, que é o valor do salário mínimo nacional!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo plenamente (como nos psicotécnicos).

      Eliminar
    2. Existem pessoas que se sujeitam a tudo e que não lutam por nada.

      Eliminar
  15. Já fui a mais de 20 entrevistas, acabei por aceitar um estagio só pagarem a parte do estado por alegadamente não tinha possibilidades para o resto, ou seja , só me pagavam o apoiado pelo estado, estava em total desespero e tive que aceitar.. trabalhava até na hora de almoço dava tudo a empresa em questão, passado um mês e meio realizei muito trabalho, mas mesmo muito trabalho não foi nenhuma brincadeira, sem ajuda de ninguém ! Claro que me fui apercebendo de que não era verdade que não tinha dinheiro para o resto do estágio. Tinham e muito... Todo o trabalho foi feito totalmente sozinha e trabalho que foi vendido a clientes ! enquanto havia trabalho pagaram me sempre certo! quando deixou de haver trabalho quiseram que ficasse por 100euros, porque já não havia trabalho para mim que lhes desse lucro, iria fazer estudos, até o estágio ser aceite, Não aceitei e vim -me imediatamente embora, não pelo dinheiro mas pela falta de respeito de terem apenas e unicamente o interesse de meterem um estagiário só para alguns trabalhos e quando já não havia mais trabalho mostrarem aquilo que realmente queriam e o interesse que realmente tinham que era o de usar o dinheiro do estado para não terem que pagar nenhum do bolso deles ao estagiário, e ainda lucrarem com o trabalho do estagiário! Nunca mais. Aprendi a lição. Arrependo-me cegamente do dia que aceitei apoiar a fraude que me queriam impingir! Cegamente acreditem. Se vos propuserem não aceitem . Não apoiem imprensas fraudulentas. Mas pronto com o desespero cometemos erros. Fica aqui a dica.

    ResponderEliminar
  16. Anónima 26 de Agosto de 2013 das 01:29 Susana :)

    ResponderEliminar
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  18. Tanto que poderia falar sobre este tema porque infelizmente tenho conhecimento em causa. Desempregada há quase dois anos, faço umas férias esporádicas. Posso dizer que neste tempo todo fui a cerca de 120 entrevistas, ficando a maioria das vezes entre as cinco, três ou duas finalistas.
    Sou uma lutadora e continuo a dura batalha. Gastei o meu subsídio todo e mais dinheiro para entrevistas por o país pois é para isso que ele é. O retorno? Zero. Agora existe muita gente acéfala que recebe o subsidio, recusa empregos porque não compensa, porque ganha mais dez euros do que estar em casa. Tantas histórias que existem...
    Menciono apenas, que não promovo a precariedade e a escravidão. Quando estive cerca de um mês fora da cidade para trabalhar assinei um contrato de 485€ e trabalhava dia, noite, fim-de-semana... Vinha com dossiers para casa e computadores! de loucos.
    Agora vergonha não tenho de trabalhar em qualquer coisa, excepto ligado à parte da saúde (nomeadamente agulhas, sangue, doentes...).

    Relativamente aos recém licenciados neste momento são uns privilegiados porque conseguem emprego, ao contrario de pessoas na minha faixa etária que avança e não sou velha. Não entendo é empresas a quererem estagiários (ok, é financiado pelo estado e culpado por isso também) e não darem oportunidade a outras pessoas com conhecimentos, para continuação e expansão da empresa. O entrar e sair das empresas faz com que se afundem ainda mais. Não há um ciclo, mas curtos ciclos de pessoas, que vão mudando e depois dizem que estão mal.

    Há muito que dizer sobre este tema. Muito...

    ResponderEliminar
  19. bom estou a procura de alguem k queira trabalhar no ramo de restauracao.... se alguem estiver enteressad por favor contacte nlorena.bras@gmail.com

    ResponderEliminar
  20. bom estou a procura de alguem k queira trabalhar no ramo de restauracao.... se alguem estiver enteressad por favor contacte nlorena.bras@gmail.com

    ResponderEliminar