30.8.13

eu sentia vergonha

Há momentos em que gosto de pensar em mim. Naquilo em que me transformei. Naquilo que sou. Naquilo que ainda pretendo alcançar. Nos sonhos ou metas, se preferirem, que quero realizar. Ao concentrar a minha mente nisto, dou por mim a pensar naquilo que fui. Nos caminhos que escolhi. Nas opções que tomei. E na forma como decidi gastar o pouco tempo que tenho nesta coisa chamada vida.

E sentia vergonha se percebesse que a maior parte do meu tempo tinha sido ocupada a falar mal dos outros. A criticar aquilo que fazem, pensam e dizem. Também sentia vergonha se tivesse duas caras. Uma, cobarde. Que serve para falar mal das pessoas nas costas ou mesmo sob anonimato numa qualquer plataforma de comunicação destas novas tecnologias que incluem redes sociais, blogues e afins. Outra, falsa. Aquela que dá palmadinhas nas costas e elogia sem qualquer sentido. A que finge desejar o bem quando realmente só se quer o mal. E que é usada, muitas vezes, apenas para espiar isto e aquilo, de modo a ser usada pela faceta cobarde.

Sentia vergonha de ser assim. Ou de agir deste modo. Pelo simples facto de que isso significaria que a minha vida não teria qualquer interesse para mim. Seria tão vazia e despida de coisas interessantes que o único caminho seria ocupar o tempo a falar dos outros. Com críticas vazias, despropositadas que servem apenas para revelar a falta de inteligência e amor próprio. Quem sabe a roçar a inveja por aquilo que os outros fazem e alcançam, quer isso seja bom ou mau. Invejável ou não.

Há quem pense que ser uma pessoa de merda é uma qualidade. Que é algo ao alcance apenas dos predestinados. Que é algo que merece uma ovação de outras pessoas que se regem pelas mesmas regras do que nós. Mas enganem-se. Ser uma merda é do mais fácil que existe. O complicado é estar na extremidade oposta dessa posição. Falar mal é fácil. Fugir do veneno que nos cresce na boca e mãos é que é difícil. Criticar é fácil. Fazer bem é que é mais complicado. E perante a impotência de marcar a diferença pela positiva é muito mais fácil esconder as frustrações na tal faceta cobarde e fácil.

14 comentários:

  1. Belíssimo texto...muitas verdades e tal como tu também eu sentiria muita vergonha ...!!!
    Maria

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    1. Infelizmente parece que ser assim é uma espécie de moda que faz com que certas pessoas se sintam importantes e interessantes.

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  2. Gostei!
    Também sentiria muita vergonha se fosse uma pessoa assim.
    Eu digo o que tenho a dizer, sou frontal e não me escondo.

    Detesto "pessoas de merda" como tu dizes!

    Abraço

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  3. Identifico-me contigo,pois tenho "consciência",que é coisa que falta a "pessoas de merda"como tu dizes.Eu sou penalizada por ser frontal,mas não fico bem senão for.

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  4. Olha eu também teria vergonha como dizes se percebesse que a maior parte do meu tempo tinha sido ocupada a falar mal dos outros e pior que isso, sentir-me-ia profundamente infeliz porque seria como um desperdiçar tempo nesta vida já de si tão limitada no tempo.
    Tanta coisa boa e simples para fazer e viver assim..que desperdício !! :((

    Olha atingi um patamar que, de pessoas assim como descreves só quero uma coisa , distânnnnnnnnnnnnncia. E hoje porque o consigo sou mais feliz!
    Um texto que dá para reflectir sobre o que cada um quer fazer da vida. Parabéns!

    Bom fim de semana! :)

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    1. Deste tipo de pessoas só mesmo distância. Fazes bem em adoptar essa postura. E tens razão. Ser assim é um caminho para a felicidade :)

      Obrigado

      bom fim-de-semana

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  5. "O mais verdadeiro é sempre o que mais sofre"
    ou
    "Pago caro o preço de hoje em dia querer ser sincero"

    ;)
    Abraço

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  6. Subscrevo. Totalmente. Tb eu sentiria vergonha se me tivesse tornado uma pessoa assim. Se bem que, modéstia à parte, dada a educação que os meus pais me deram, e a que tento transmitir ao meu filho, mto dificilmente tería 2 caras.

    Mas, infelizmente, encontra-se muita gente dessa por aí. Sabes que mais? Distância, desprezo, são as melhores armas.

    Deixa-as possessas da vida :)))

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    1. A piada é que muitas destas pessoas usam duas caras. Por exemplo: quantas pessoas na blogosfera usam uma cara para falar mal e outra para elogiar. O divertido é que pensam que passam despercebidos quando é facílimo saber quem são. Tentam ter piada mas são a anedota.

      As pessoas usam a cara que lhes convém. E vendem-se por tão pouco ou nada como por sentimentos de inveja e impotência.

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  7. Tens razão, sermos bons é que é difícil porque eu tenho para mim que o ser humano é intrinsecamente mau e combater isso todos os dias é que é uma virtude!

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    1. O pior é que a merda reproduz-se muito mais depressa. Desculpa o palavreado.

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