1.6.12

pais sem paciência para os filhos

Não sou pai mas há episódios entre pais e filhos que me chocam. Ontem assisti a um deles. Ia a chegar a um centro comercial quando me deparei com um jovem casal com dois filhos. Quando estava prestes a entrar no espaço comercial ouço esta frase. “Ò amor! Vai lá tu meter o cinto (na cadeirinha de bebé do carro) que eu não tenho paciência para ela”, disse a mãe. Aquilo chocou-me e não resisti. Parei, voltei-me descaradamente para tentar perceber se aquilo estava mesmo a acontecer. Quando percebeu que estava a ser observada, a mãe acrescentou: “não tenho, às vezes.”

Aceito que a mãe estivesse cansada, chateada, aborrecida, triste ou outra coisa qualquer. Mas será que isso é motivo para dizer que não se tem paciência para um filho? Acho que não! Fiquei triste com o que ouvi e não tinha nada a ver com a situação.

32 comentários:

  1. Não fazes ideia o que isso me entristece sabes....
    Ja assisti eu propria a tanta cena dessa....que acho imperdoavel...a serio..
    Há os que querem ter filhos e nao conseguem....há os que os têm...e nao os merecem...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho muito feio que um pai diga alto e em bom som que não tem paciência para um filho :(

      Eliminar
    2. Perdoem-me a arrogância com que vou escrever as próximas palavras: quando as mulheres tinham pouca liberdade de escolha, quando tratar dos filhos era puramente uma tarefa feminina, nunca se ouviu falar em depressão pós parto, em sobre-cansaço, etc. Parece que, de repente, isto virou moda. Agora que as mulheres têm mais liberdade em (não) escolher ter filhos ou optar por priveligiar a vida profissional, eu pergunto porque é que há mulheres que têm filhos se depois "dá muito trabalho, não tenho paciência". É culpa deles terem vindo ao mundo? É culpa do capricho delas? Não será um tremendo egoísmo afirmar que "não tem paciência" para um filho? Meu deus... Eu também não sou mãe e não sei se algum dia virei a ser (não está nos planos), mas isto para mim é um absurdo. Tenho dito...

      Eliminar
    3. é isso mesmo AIdan.....eu sou mãe....e concordo com "quase" tudo o que dizes...
      Acho que a liberdade de escolha podia evitar estes casos...estas pobres crianças...
      O cansaço é obvio....mas qdo assumimos que queremos ser pais....há que assumir as consequencias que tambem daí advêm.....e com um sorriso nos lábios.... ;)

      Eliminar
    4. Uma mãe e uma não mãe mas duas mulheres. Certamente que estão mais aptas para esta conversa do que eu mas concordo com quase tudo o que foi escrito.

      Eliminar
    5. Não sei os pormenores da situação nem tão pouco o dia a dia daquela família. Também não concordo com o comportamento dessa mãe, mas até viver o seu dia-a-dia não me posso manifestar mt sobre isso.
      Discordo em completo e absoluto e de forma mt viva a teoria de ser moda a teoria das depressões pós-parto e sobre-cansaço. São coisas que sempre existiram mas que se ignoravam porque faziam parte da tarefa.
      Acho bem que hoje em dia se falem mais sobre estes assuntos de modo a que cada vez haja mais ferramentas sobre como lutar contra eles.
      Adoro crianças, quero mt ter filhos, mas não posso jurar que vou ter em todos os dias e todas as horas toda a paciência do mundo. Vou usar toda a pedagogia e amor que tiver para dar a volta a isso, como é logico, mas até os ter (os filhos) não sei como vou reagir.
      E mesmo depois de os ter (e então já ser mãe) nunca vou saber o que é o dia-a-dia daqueles outros pais com as outras crianças.
      Não estou a desculpar os pais (que não estou). Sou assistente social e acreditem que vejo situações...graves. Mas até conhecer todos os (tantos) aspectos que podem interferir com o porquê dessa afirmação da mãe (que continua errada nem que seja pelo facto de ter dito isso em voz alta à frente dos babes) acho difícil fazer um "julgamento".

      Eliminar
    6. É díficil fazer um julgamento. Concordo. Mas a mãe teve um comportamento muito feio até porque disse aquelas palavras horrorosas ao lado da filha mais velha, para a qual já demonstrava ter toda a paciência do mundo

      Eliminar
    7. Concordo. Ainda mais tendo sido aos berros criando um ambiente (obviamente) constrangedor. =|

      Eliminar
  2. Já assisti a situações semelhantes. Uma dela é praticamente igual a esta. Aconteceu à porta do Oceanário de Lisboa e a intolerância dos pais sobressaiu à vontade de acalmar a criança. Enfim. Aqui não se aplica: "Só é pai/mãe quem quer".

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que é preciso muita paciência para uma criança. E quando ela não existe, tem que ser encontrada, custe o que custar.

      Eliminar
  3. às vezes a forma das pessoas se expressarem não é a mesma que a nossa. não conheço a senhora nem sei se estava muito cansada ou não, o que eu acho verdadeiramente mau é dizer-se isso em frente à criança!!

    ResponderEliminar
  4. Pior, dize-lo em frente à criança e quase aos berros num parque de estacionamento.

    ResponderEliminar
  5. Triste como, cada vez mais as pessoas não medem as palavras.
    É triste ver/ouvir este tipo de situações, principalmente porque se as crianças agem como agem porque são crianças. As que são ''mal-educadas'', reflectem a educação que levam ao longo da sua breve infância!

    ResponderEliminar
  6. Adoro crianças e felizmente tenho dois sobrinhos. Eles nunca foram de fazerem escândalos em público, mas muitas vezes em almoços, jantares em restaurantes faziam uma "birrinha". E os que nós fazíamos(eu e pais, sim porque tive sempre um papel importante na educação deles). Sem haver discussões públicas, dirigiamo-nos ao wc e falávamos.Se for preciso dar uma palmada no rabo,para acalmar os ânimos, não fazia mal nenhum.

    Agora fazer isso em público, ou em casa é triste. Mas cheguei a dizer aos meus sobrinhos: Será possível que vocês não me largam? ;) Agora ele já estuda na Universidade, quer lá saber de mim, mas estava sempre: "madrinhaaaa", e a mais nova "tia... tia..." :D

    Volto a mencionar, adoro ser tia e as crianças são o melhor do Mundo!

    E feliz dia da Criança! :)

    ResponderEliminar
  7. Eu é que não tenho paciência para estas pessoas que não sabem a bênção que receberam nas suas vidas*... Compreendo que há dias desgastantes e, mesmo sem (ainda) ser mãe, que os miúdos nos podem levar ao limite da dita (e como!), mas daí a tecer tal comentário... Haja paciência (que eu não tenho)! (* desabafo de quem está a tentar engravidar há já um ano e... - ainda - nada).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O que contas ao fim é muito mais importante do que tudo o resto. Boa sorte e que tudo corra bem :)

      Eliminar
    2. Boa sorte Scorpiowoman...que a tua luta seja breve ;)
      Entendo bem a tua revolta....eu tbm esperei...5 anos... FORÇA

      Eliminar
    3. Obrigada a ambos :). Bjs e bom fim-de-semana.

      Eliminar
  8. Cada vez existem mais situações como essa no dia-a-dia. E francamente não culpo os pais, mas sim a sociedade em geral e os sucessivos governos em particular.
    Cada vez mais vivemos num país onde não existem condições para se ser pai e mãe na verdadeira acepção da palavra e para se ser criança muito menos.
    Os incentivos à natalidade são nulos, as condições de apoio às gestantes ridículas, tanto a nível hospitalar como de segurança social, as condições de parto e de serviço de pediatria idem aspas, e as condições de vida e ensino das próprias crianças tb deixam imenso a desejar.
    Uma mulher fica grávida e é o cabo dos trabalhos: exames e consultas para os quais tem de fazer quilómetros e quilómetros, burocracias na segurança social para a qual tem de provar estar grávida, partos em ambulâncias no meio da auto-estrada, odisseia para arranjar um infantário de jeito onde a criança seja devidamente estimulada e não simplesmente lá largada, escolas onde os miúdos estão cada vez mais amontoados e largados longe de casa...
    A isso junta-se a quantidade de horas que os pais hoje em dia têm de dar no trabalho para conseguir um salário que se veja, a quantidade de empregos que alguns têm de acumular, os cortes do apoio nas escolas e fora delas, a precariedade no trabalho ou a falta dele (que não, não traz mais tempo para as crianças, bem pelo contrário), a falta de tempo de qualidade entre pais e filhos, entre o casal e entre a família, etc.
    Por isso, digo só há duas situações possíveis neste país: ou temos pais frustrados com a vida que não corre como o planeado, ou não temos pais, e por consequência não temos crianças.
    Atrevo-me a dizer que só existem condições para se ser mãe em segurança no Porto e em Lisboa, onde estão concentrados mais serviços de apoio...
    Não estou a desculpar as palavras dessa mãe, realmente só deveriam ser mães as pessoas que se sentem com capacidade para tal. Mas também não a condeno porque ninguém sabe qual é a vida dessa senhora, vivem-se tempos difíceis, há pessoas que nem a serviços de saúde têm acesso (eu, por exemplo), e portanto ninguém pode condenar essa mãe desta maneira.
    Explicando a minha visão das coisas, eu sinto-me com capacidade para ser mãe, a nível emocional, intelectual, físico, etc, mas tenho medos muito concretos relacionados com a conjuntura, os cortes nos apoios, os cortes no serviço nacional de saúde e segurança social, a precariedade no trabalho, o fecho de escolas locais e agrupamento das crianças em escolas longe de casa, etc...
    Assusta-me ter a criança numa ambulância, o pediatra noutra cidade, e o miúdo sair de casa às 7 e só voltar às 19.
    É legítimo.

    queriadeti.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Realmente, falas em questões muito importantes. Contudo, acho que nada pode levar um pai a não ter paciência para um filho. Pior, grita-lo bem alto para quem queira ouvir.

      Eliminar
  9. Nem de propósito, aconteceu-me algo muito semelhante hoje, até falei disso no blogue. Fiquei a sentir-me tão mal a assistir àquilo...

    ResponderEliminar
  10. Um grande mal que as pessoas têm é o de rotular as pessoas e as coisas fazendo um pré-conceito a respeito delas. Você está em conflito porque acha que não tem sido uma boa mãe ou um bom pai por lhe faltar paciência com seus filhos....e todos dizem que uma boa mãe é uma mãe paciente ai você absorve esse rótulo e vive imersa numa mar de culpa e desapontamento em relação ao seu papel materno.Saiba você que a impaciência não qualifica como uma mãe ou pai desnaturada/o ou uma mãe ruim. De modo algum! Isso é uma limitação de sua personalidade que não deve servir de parâmetro para nenhum juízo de valor quanto ao seu amor e dedicação aos filhos. Você pode ter outras qualidades que outras mães não têm...isso também não a torna melhor do que as outras mães...apenas diferente. A grande verdade é que somos todos seres humanos e, como tais, somos falhos. Filhos não vêm ao mundo com manual de instruções e nem existem cursos para maternidade. O que existe é o amor e carinho que se tem pelos filhos. A vontade de fazer o melhor por eles, de querer tudo de bom, de ansiar pela felicidade deles vale mais do que qualquer coisa que não possamos dar. Você pode ser impaciente, mas não deixa de ser uma mãe legal, companheira, leal, que não mede esforços para ver seus filhos felizes.....diante disso, relaxa!! Não seja tão exigente consigo mesma. Impaciência não é o fim do mundo. É apenas uma limitação, que pode ser corrigida com o tempo. Preocupe-se em oferecer amor, atenção e carinho. Isso fará de você uma mãe perfeita. Acredite!!! Você será. Felicidades pra ti.
    (Palavras de Alguém que entende realmente as limitações de um SER HUMANO

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não se trata de um pre-conceito. Eu não duvido que aquela senhora possa ser uma boa mãe. Isso não está em causa. O que me custa a aceitar é que uma mãe grite num centro comercial que não tem paciência para a filha. Isso é muito feio. É óbvio que todos falhamos e todos cometemos erros mas espero nunca cometer um destes quando for pai.

      Eliminar
    2. Netto, acessei este blogue em busca dum alento para um dia difícil que tive com meus pequenos. Tenho dois meninos, gêmeos, de cinco anos, que, como eu era, têm bastante energia e vontade de descobrir limites. Imagine estes dois danadinhos ontempo todo em que estamos juntos brincando a correr, pulando, gritando, lutando... Normal para crianças sadias mas quando os pais estão cansadosndevem saber que têm que ser mais brandos nas suas atitudes. Hoje dei-lhes diversos sermões e, por fim, uma palmada que os fez choramingar antes do sono. Aí vem a análise retrospectiva, autocrítica, ambas embasadas no que a mídia tanto pontua: sermos pais tolerantes acima de tudo, calmos, sábios, serenos (seriam "pais monges"? A falta de paciência, o grau de repreendas, os castigos, são normais aos pais humanos, e não anulam o amor. Temos que saber a dose destes remédios, porém, não cabe homeopatia. Fala-se muito sobre o quanto as relações pais-filhos têm evoluído mas, estranhamente, ao mesmo tempo diz-se que a geração que hoje tem filhos adolescentes é a última que temeu aos pais e a primeira que temerá aos filhos. Amor acima de tudo e paciência humana, não sobre-humana.

      Eliminar
    3. Concordo com o Netto e acho inclusive que quem não tem filhos não pode julgar pois nunca passou por isso. E pelo o q entendi a mãe falou não ter paciência com a cadeirinha. Um ser humano que estava irritada com um objeto. Ah me poupe!

      Eliminar
  11. Tenho um filho com quase 3 anos que, literalmente, me tira do sério dia sim-dia sim. Essa frase do centro comercial, poderia ter sido dita por mim. Oh, como me imagino a dizê-la! Vou exemplificar. Por vezes, no meu único dia de folga semanal (à sexta feira), eu e o meu marido decidimos levar o menino a dar um passeio ao ar livre, com mais tempo, enfim, mais descontracção. Acontece que quando chega esse dia, já temos muitas horinhas de sono em falta, e muitas horas de trabalho acumuladas. Vamos ao parque passear, e na volta, ele não quer vir. Fica sem fome, sem sono, e pronto...quer ficar ali a noite toda se for preciso. Nessas ocasiões, se tentamos explicar que temos de comer, tomar banhinho, etc, ele atira-se para o chão, rebola, berra, esperneia...quando conseguimos finalmente pegar nele ao colo e colocá-lo na cadeira do carro, ele escorrega de propósito pra que não o consigamos prender ao cinto de segurança, nitidamente em protesto por ali estar a ser colocado. Pego nele duas vezes a tentar que ele se sente direito (são quase 18kg...) e fico "rebentada" das costas e da paciência. Por isso podia perfeitamente, para não lhe dar uma valente chapada, virar costas e dizer ao meu marido "mete-lhe tu o cinto, que eu não tou com paciência". É só "o outro lado da coisa". Por quem tem de lidar com este tipo de birras quase diariamente, e por quem quer fazer um esforço para, independentemente da semana que teve, ter momentos de qualidade em família.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lógico! Q post sem lógica e exagerado. Mães sao humanas!

      Eliminar
  12. Amigo, filhos não são como cozinha planejada onde se escolhe cada detalhe exatamente como se imagina ou se quer! Filhos são PESSOAS que pensam por si mesmas, e às vezes são pessoas realmente chatas. O dia em que tiveres um filho, se tiveres, e especialmente dentro de um casamento convencionalmente, vai mudar muita coisa no seu pensamento. O politicamente correto vai dar lugar à realidade. O que você viu foi apenas uma cena e depois disso não vinha, com certeza, um "e serão felizes para sempre". Tem o dia a dia, e às vezes massacrante! Às vezes isso suga toda a sua energia vital num esforço para fazer as outras coisas permanecerem de pé, especialmente o casamento. Sou casado há 11 e pai de gêmeos há 4 anos e o normal da vida da gente é uma corrente alternante, cheia de altos e baixos a uma frequência absurda. Sei do que estou falando...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sei que as coisas mudam com a realidade que se vive mas existem coisas que observo que não consigo compreender.

      Eliminar